Neste sábado (8) é comemorado o Dia Internacional das Mulheres, uma data importante de reflexão, sendo celebrado para reconhecer as conquistas das mulheres e, ao mesmo tempo, refletir sobre os desafios que ainda precisam ser superados. Em Londrina, as mulheres têm conquistado espaços importantes no cenário cultural e artístico da cidade, usando suas vozes para expressar suas experiências e, muitas vezes, transformar suas lutas pessoais em arte.

Entre as mulheres que têm se destacado em Londrina, a poetisa e escritora Samantha Abreu é um exemplo de dedicação e paixão pela literatura. Com seis livros publicados, incluindo "Mulheres sob Descontrole" e "Os Movimentos da Cabeça", Samantha conta que foi na escrita que encontrou uma forma de lidar com o caos interior que sentia desde a infância. "Desde criança, sentia que tinha um caos dentro de mim, que eu não sabia como organizar. Foi com a leitura e a escrita que consegui colocar essas coisas em ordem", explica.

Samantha Abreu
Samantha Abreu | Foto: Ana Luiza Barreto

Para Samantha, a escrita sempre foi uma ferramenta de autoconhecimento e expressão. "Foi lendo que aprendi a entender meus sentimentos e pensamentos. A escrita se tornou a forma que encontrei para expressar isso."

Hoje, além de escritora, Abreu também trabalha como produtora cultural. Ela vê essa função como uma oportunidade de expandir sua atuação no meio artístico. "Eu vejo que o meu trabalho se expandiu, porque agora, além de escritora, sou produtora cultural. Por conta disso, consigo levar a literatura que produzo, e também de outros artistas, para o público", afirma.

No entanto, a função de produtora cultural, apesar de gratificante, também traz desafios. Samantha revela que, ao assumir essa posição, se vê afastada do seu próprio trabalho artístico devido às demandas burocráticas. "Como produtora, acabo me afundando em processos burocráticos. Embora seja prazeroso conhecer e trabalhar com outros artistas, meu material acaba ficando adormecido", lamenta.

CANTO E EQUILÍBRIO

Outro exemplo de mulher que tem encontrado na arte um caminho de superação é a cantora e compositora Silvia Borba. Natural de Pernambuco, mas radicada em Londrina, Sílvia usa a música para manter seu equilíbrio emocional e enfrentar os desafios da vida cotidiana. "Sem a música, acredito que já teria morrido. Ela me dá sanidade mental, me mantém equilibrada", confessa.

Silvia Borba
Silvia Borba | Foto: Arquivo Pessoal

Sua trajetória musical começou na música clássica, passou pela MPB em Recife e, ao chegar em Londrina, Sílvia se envolveu com o samba, integrando o grupo Entre Dantas, formado apenas por mulheres. Foi nesse ambiente que ela se apaixonou pelo pandeiro e pelo Choro, estilo musical que, desde então, passou a fazer parte do seu repertório. "A música sempre me manteve equilibrada, especialmente quando estava trabalhando na UEL e ainda me dedicando aos estudos", diz, lembrando da época em que conciliava o trabalho com a carreira musical.

Sílvia vê a música como uma força que a sustenta diante das dificuldades, e seu envolvimento com o choro e o samba tem sido uma forma de encontrar pertencimento e identidade na cidade. "A música me dá a força para seguir, ela me mantém em um estado de equilíbrio emocional. E, quando me encontrei no Choro, percebi que estava encontrando minha verdadeira voz."

NAS BATALHAS DE RIMA

Além da música e da literatura, as batalhas de rima também têm sido um espaço de expressão e afirmação para a jovem MC Maria Eduarda Barbosa. Ela começou sua trajetória artística quando ainda era criança, rimando com o irmão, mas foi entre 2022 e 2023 que se inseriu no universo das batalhas de rima, onde tem se destacado. Para Maria Eduarda, essas batalhas não são apenas uma forma de se expressar, mas também uma maneira de representar as mulheres e suas vivências. "Boa parte do meu repertório fala diretamente com o público feminino, seja de forma direta ou indireta, abordando coisas que eu ou minhas amigas passamos", conta.

MC Maria Eduarda Barbosa
MC Maria Eduarda Barbosa | Foto: Arquivo Pessoal

Apesar de ainda ser bastante jovem, Maria Eduarda já consegue ver o impacto que sua arte causa nas outras pessoas. "Eu sempre tive muita vergonha e dificuldade de me ver como artista, mas hoje, ao ocupar esse lugar nas batalhas de rima, estou vivendo meu sonho", afirma emocionada. Ela também se orgulha ao ver que sua arte inspira outras mulheres. "Quando vejo alguém dizendo que minha poesia ou minha rima a inspira a escrever ou a recitar, isso me emociona muito, porque não tive essa referência quando era criança", revela.

As histórias de Samantha, Sílvia e Maria Eduarda refletem não só a força feminina, mas também como a arte pode ser um meio de transformação pessoal e social. Em Londrina, essas mulheres têm mostrado que, através da literatura, da música e das batalhas de rima, é possível ressignificar suas histórias, dar voz a quem muitas vezes foi silenciada e, principalmente, resistir.

Neste Dia Internacional das Mulheres, Londrina celebra essas vozes que, por meio da arte, têm transformado o cenário cultural da cidade. Elas nos ensinam que a arte é uma poderosa ferramenta de expressão, resistência e liberdade. Ao ocupar esses espaços, essas mulheres não só conquistam sua autonomia artística, mas também abrem portas para outras mulheres que, como elas, têm histórias para contar e forças para expressar.