Segundo Linda Bulik, a indústria do entretenimento alerta para o que o público vai ver e respeita a classificação por faixa etária, no entanto a baixa qualidade do que é oferecido nas redes pode nivelar por baixo o que o público consome. “Acredito que muita coisa de baixa qualidade possa estar criando na mente do espectador mediano uma falsa noção de normalidade. Agora, que isso sirva de pretexto para movimentos extremistas partir para a violência é inadmissível. Neste contexto, quero chamar a atenção aqui, para leituras aberrantes, que resultaram em atos de violência contra a arte e a cultura, que ocorreram em todo o país inclusive em Londrina.” Ela reforça que leitura aberrante é aquela em que o sujeito empresta ao código, ao signo, à mensagem um sentido que absolutamente não é o caso.

Imagem ilustrativa da imagem A interferência do virtual na qualidade do espetáculo
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“Um exemplo de leitura aberrante ocorreu por ocasião da performance ‘La Bête’, do artista Wagner Schwartz , na Abertura da Mostra Panorama da Arte, no MAM-SP, em 2017. Apresentação inspirada no trabalho “Bicho”, de Lygia Clark, na qual um homem nu estende a mão na direção de uma criança, que por sinal estava acompanhada por sua mãe. Não havia erotismo algum. Porém, grupos de extremistas aos quais se juntaram personalidades da política fizeram um estardalhaço nas redes sociais. Interpretaram erroneamente a apresentação como sendo um ato de pedofilia, que rapidamente se transformou numa manifestação de ódio e de ameaças lançadas contra a liberdade de expressão”, relembrou.

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