A ex-vice-cônsul do Brasil em Ciudad del Este, Bárbara de Chevalier, começa nova fase da vida em Roma

Saudades dos anos 70 e 80, quando o Ministério das Relações Exteriores era o responsável pela divulgação do Brasil.

Bárbara de Chevalier: tem como desafio o jubileu de Roma

Magda Carvalho
De Foz do Iguaçu

Nômade por natureza, cidadã do mundo por profissão, Bárbara de Chevalier está novamente em trânsito pelo mundo. A vice-cônsul do Brasil em Ciudad del Este, acaba de se despedir do cargo que ocupou durante dois anos no Paraguai e entra este ano inaugurando uma outra fase em sua vida profissional. Uma mudança, segundo ela, ‘‘da água para o vinho’’.
A colocação não poderia ser mais perfeita. A partir desta semana Bárbara está em Roma, na sede da embaixada brasileira na Itália. De certeza, apenas o novo destino. Sobre a função que passa a exercer na embaixada, essa carioca da gema sabe somente que será um período de muito trabalho.
A indicação veio de um curto recado assinado pelo embaixador Paulo de Tarso Flecha de Lima.‘‘Tenho ótimas idéias para voc꒒, foi o máximo que Bárbara obteve de informação.
Não chega a ser uma incógnita. Já virou notícia a reforma do Palácio Pamphili. Um tesouro histórico e cultural, adquirido pelo governo brasileiro em 1960 e localizado na Piazza Navona, o segundo lugar mais visitado de Roma. A recuperação do prédio é o estopim de muitas inovações na embaixada brasileira para esta nova fase.
‘‘Será um ano importantíssimo. É o ano do jubileu e Roma vai estar sob todos os focos’’. Revela a ex-vice-cônsul com ar de quem está pronta para grandes desafios.
Toda essa tranquilidade é reflexo de uma carreira sólida construída ao longo de 30 anos no Ministério das Relações Exteriores, onde ela acumulou uma incrível bagagem pessoal e profissional. Bárbara tem muitas histórias para contar.
Em três décadas de serviço exterior brasileiro ela acrescentou ao currículo experiências fascinantes. Parte desse conteúdo vem dos 16 anos que morou em Nova York.
A celebrada apresentação da cantora Gal Costa, no Carnagie Hall, rendeu aplausos também para Bárbara, que assinou a organização do show. Foi um dos inúmeros trabalhos no setor cultural da embaixada brasileira, em Nova York. A ele soma-se também a divulgação do filme ‘‘Gaijin’’, de Tizuka Yamazaki no Lincoln Center.
‘‘Foram experiências glamourosas, exatamente nos tempos áureos da promoção comercial. No anos 70 e 80 o Ministério das Relações Exteriores tinha nesse setor uma força enorme na divulgação do que era feito no País e contava com um escritório de promoção comercial que se chamava ‘Brasil Show Room’, responsável por exibir o produto Made in Brazil’’.
Suas passagens por Brasília também merecem um capítulo a parte. Foram dois períodos, de 75 a 77 e 89 a 97. ‘‘Eu fazia viagens com todas as comitivas presidenciais no escalão avançado’’. No primeiro período ela destaca as viagens com a comitiva do ex-presidente João Batista Figueiredo, morto em dezembro do ano passado.
Bárbara aliás é a responsável por um episódio que mereceria figurar na biografia do general. Integrante da comitiva que permanceu 40 dias em Cleveland, Estados Unidos, enquanto Figueredo se recuperava de uma operação da ponte de safena, Bárbara desempenhou papel importante em outra transição na vida do então presidente. A primeira refeição que ele comeu fora da dieta aliementar foi feita por ela.
‘‘Era uma rabada. Foi a primeira vez que os médicos permitiram que ele comesse alguma coisa fora da dieta. Ficou fantástica. A gordura era retirada com gilete, para não ficar nada. Um poema, ele adorou!’’
O segundo período, impossível pular, trata-se da era Collor. Dobre esta época Bárbara fala apenas sobre as viagens que o cerimonial fazia quando o presidente Fernando Collor colocava em prática sua intenção de unir o Brasil de ponta a ponta. ‘‘Nessa época conheci o País de forma incrível. Era do alto do Xingú ao Xingó.’’
De volta ao presente ela muda o rumo da conversa para as ínumeras possíbilidades que a aguardam em Roma. Conhecendo o temperamento criativo do embaixador Paulo de Tarso Flecha de Lima, Bárbara de Chevalier sabe que ainda vai ter muita história para contar em seu livro de memórias.