Ele sempre gostou de música. Quando criança, esperava os pais voltarem do trabalho para escutarem, juntos, os mais variados estilos. Clássico incluído. Portanto, não foi surpresa para a família quando aos quatro anos, o curitibano Ruben Matheus Cabrera pediu para estudar piano. Antes dos 10 anos, ele já havia se destacado em concursos nacionais de piano e recebido vários prêmios. Mas sua vida deu uma guinada quando foi indicado para fazer o teste de um grupo que já era fenômeno nacional na época: o Trem da Alegria.
O garoto concorreu com centenas de crianças, e já nas primeiras apresentações era apontado como favorito. Dessa época, Rubinho, hoje com 30 anos, lembra que os intervalos entre os testes demoravam muito. As provas aconteciam em São Paulo e Rio de Janeiro e foi para São Paulo que ele se mudou com os pais, depois de ter recebido a notícia que tinha sido classificado. ''Meus pais sempre me apoiaram muito. Sem eles, essa experiência não teria sido possível'', conta.
Rubinho entrou no grupo em 1989, depois de algumas mudanças na formação. O Trem da Alegria havia sido criado em 1984 pelo produtor e compositor Michael Sullivan e só encerrou as atividades em 1992, depois de oito álbuns que venderam cerca de seis milhões de cópias. Os primeiros discos tiveram participações de outros fenômenos, como Xuxa e o palhaço Carequinha. Mas foi em 1985, com a música É de Chocolate que as crianças estouraram de vez nas paradas de sucesso. Nessa época, o grupo era formado por Juninho Bill, Patricia Marx e Luciano Nassyn, que gravaram também com nomes como Lucinha Lins e até The Fevers.
Depois da entrada de Rubinho, o sucesso da banda não parou. Em quatro anos, o grupo conquistou três discos de ouro e dois de platina e se apresentou em várias cidades do Brasil. Uma rotina que Rubinho diz ter sido um grande aprendizado, tanto social como profissional. ''Não sei se atrapalhou minha infância, pois não tive outra. Sei que a gente trabalhou bastante, mas também não deixávamos de nos divertir'', recorda.
Em 1992, quando as crianças crescidas, a formação da banda se dissipou. ''Eu não fiquei pensando em carreira solo, pelo contrário, queria parar um ano com a música, estudar e depois pensar no que ia fazer'', conta o músico que viveu uma verdadeira overdose de shows, apresentações e viagens durante os quatro anos que esteve no grupo. Quando o Trem chegou ao fim, ainda em São Paulo, ele até tocou em alguns bares, mas nada que relembrasse o universo infantil. ''A gente cresceu e eu não queria ficar como a Xuxa, que aos 40 anos ainda canta música de criança'', compara.
Depois que terminou o ensino médio no Brasil, Rubinho foi estudar jazz nos Estados Unidos, em 2000. Acabou não terminando a faculdade por lá, mas acumulou experiências musicais entre o EUA, Brasil e Inglaterra até decidir voltar com a família para Curitiba. Hoje é casado com a jornalista Adriana Czelusniak e tem um filho de quatro anos. O garoto gosta de música assim como o pai, mas questionado se ele, o pai, deixaria o filho seguir carreira semelhante, Rubinho é categórico: ''Só se fosse uma decisão dele, algo que ele quisesse muito'', diz, comparando com sua própria decisão e com o apoio incondicional dos pais. ''A escolha será sempre dele''.
Robinho conta ainda que até ja colocou os sucessos infantis como He-man e outros para o filho escutar, mas sem nenhuma intenção de dizer que é o pai que está cantando. Entretanto, no estúdio que mantém, coleciona os discos de ouro e platina que ganhou durante a temporada com o Trem da Alegria. E é no estúdio que Rubinho, hoje cursando Musicoterapia na Faculdade de Artes do Paraná, realiza os projetos atuais: trilhas para cinema e comerciais de TV. Assim como antigamente, ele se dedica quase que integralmente ao trabalho musical, mas com uma diferença: o garoto cresceu.