"Tenho muitos amigos libaneses, principalmente do Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai", diz o ator
"Tenho muitos amigos libaneses, principalmente do Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai", diz o ator | Foto: Globo/Raquel Cunha

Werner Schünemann parece uma criança que acaba de ganhar um brinquedo novo. Pudera, afinal, aos 60 anos, o gaúcho tem nas mãos seu segundo papel cômico em novelas: o libanês Assad em "Éramos Seis". Com uma carreira marcada principalmente pelo cinema, ele assume que, nesta altura da vida, é revigorante encarar um papel que o desafie em zonas menos desconhecidas no gênero. E reconhece sua importância no folhetim escrito por Angela Chaves.

"A gente acompanha a história dessa família, que tem uma dose boa de sofrimento, cheia de dificuldades e percalços. É uma luta pela sobrevivência e para manter a honestidade. Então, é bom ter essa coisa do libanês engraçado. Na Globo, só fiz papel assim em 'Kubanacan' (2003)", lembra Werner.

Não surpreende que a TV ainda empolgue tanto o ator. Exceto por alguns trabalhos realizados na RBS TV, rede de televisão regional brasileira sediada em Porto Alegre, sua estreia no veículo aconteceu apenas em 2003, na minissérie "A Casa das Sete Mulheres". Essa entrada tardia na teledramaturgia teve suas razões.

"Eu recebia convites, mas ou eles não valiam tão a pena, porque eram personagens de duas semanas, ou eu já tinha um compromisso marcado e que não podia largar. Não dava. Mas foi tão legal quando aconteceu, pois eu nunca tinha trabalhado com contratos longos na minha vida. Dá uma tranquilidade e eu tinha filho pequeno. Essa relação traz estabilidade", conta

Na história de "Éramos Seis", Assad é dono de uma loja de tecidos e a graça principal do personagem está na busca – muitas vezes evidente – por um sócio com capital. Tudo para fazer com que a empresa cresça e, assim, sua família consiga ganhar mais dinheiro.

"Sempre que ele ouve falar que alguém tem uma herança para receber ou dinheiro, fica de olho. E isso se torna engraçado", explica Werner, que fez questão de se preparar para interpretar um estrangeiro. "Tive aulas para treinar o sotaque. Mas tem uma questão de ator: eu falo português e você também, mas falamos de forma distinta. É a mesma coisa interpretando um imigrante. Tenho muitos amigos libaneses, principalmente do Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai", diz.

Antes de assinar com a Globo para fazer "Éramos Seis", Werner passou cerca de um ano e meio sem contrato. Um período que aproveitou para investir em séries de outros canais. Gravou "Z4", produzida pela Disney Channel Brasil, exibida no ano passado pelo SBT e pelo canal pago; e "Spectros", série brasileira de terror da Netflix, ainda sem previsão para ir ao ar. Uma experiência que deixou no ator um novo olhar sobre o trabalho na TV.

"Tenho sede de televisão. Até conhecer as séries, eu achava as novelas o maior desafio para um ator. Hoje, acho que são as séries. Teatro é muito fácil, a gente ensaia bastante. E o cinema é lento, minucioso, detalhista, ou seja, tudo está ao nosso favor. Na novela, não", analisa.