Carla Casarim lembra as primeiras aulas de música no coral do Colégio Mãe de Deus e prepara turnê pela Europa
Carla Casarim lembra as primeiras aulas de música no coral do Colégio Mãe de Deus e prepara turnê pela Europa | Foto: Thais Fujarra/Yellow Estudio



A voz forte e bem articulada contrasta com a imagem de garota. Simpática e de riso fácil, a cantora Carla Casarim chega para a entrevista literalmente com a mala a tiracolo, entre uma viagem e outra. Morando em São Paulo e com familiares em Londrina e Maringá, ela se alterna entre as cidades e não foi diferente no final de ano, quando encontrou um espaço na agenda de férias para conversar com a FOLHA

Nascida em Londrina, ela conta que cedo descobriu que a música era seu destino profissional. Se em casa as melodias eram executadas com um microfone de brinquedo em frente ao espelho, foi no Coral do Colégio Mãe de Deus com a Irmã Sandra Regina e nas aulas de canto no Ateliê Musical, com a professora Denise Barros, aos oito anos de idade, que ela começou a aprender as primeiras lições. Aos 10 anos entrou no Coral Infantil da UEL (Universidade Estadual de Londrina), depois frequentou os coros juvenil e o adulto. Mas o despertar, como ela mesmo chama, ocorreu a primeira vez que participou de um Festival de Música, aos 12 anos.

"Fiquei como em um parque de diversão. Tinha aquele monte de instrumento, eu ia andando pelo Colégio e tinha aula disso, aula daquilo, eu fiquei encantada, foi ai que eu quis fazer música. Eu gostava muito da professora Denise, achava muito bonito e falava que quando crescesse eu queria ser professora de música", conta.

Aos 15 anos ela começou a cantar de maneira profissional na companhia Barros até entrar para a banda de pop rock Tia Telly, nos anos 2000, onde participou da gravação de um CD. Em paralelo, cursava Música na UEL e cantava em barzinhos. "Casa da Cachaça, Pau Brasil, Valentino, Estação Café Brasil, fiz toda essa onda de barzinho e ai decidi que não queria mais cantar rock, queria ficar só com MPB (Música Popular Brasileira). Até cheguei a estudar canto lírico uma época, meio que quis focar no lírico, mas o popular me pegou de jeito", diz rindo.

A certeza veio durante um intercâmbio nos Estados Unidos, quando foi chamada para fazer parte de uma banda americana chamada SoleMar, que fazia música brasileira. Além de Casarim havia apenas mais um músico brasileiro, todos os outros eram americanos apaixonados por MPB. Ela conta que fez muitos shows pelo país e até foi convidada para ficar em solo americano, mas preferiu voltar para casa devido à distância da família. De volta ao Brasil, integrou a banda Regra 3 e por fim resolveu ir para São Paulo em busca de melhores oportunidades, que chegaram depois da participação em um reality show musical.

The Voice

Se no início da carreira em São Paulo ela se dividia entre shows e o trabalho como vendedora em uma loja de roupas, a partir da participação no The Voice, programa da Rede Globo, tudo mudou. Integrante do time do cantor Daniel, ela ficou entre os 16 semifinalistas do programa.

"Foi muito legal porque a gente conhece outro universo, vê tantas pessoas semeando o mesmo sonho que você, o mesmo amor à musica. Fiz grandes amizades, sem contar a experiência. Fortalece muito nosso trabalho. Não fiquei famosa e não sou rica (risos). É um programa que abre espaço, mas a batalha contínua na vida, tem que buscar seu lugar ao sol. É legal que as pessoas conhecem nosso trabalho. Isso dinheiro nenhum paga, as pessoas já te conhecerem, conhecerem seu trabalho, até mesmo fora do Brasil", destaca ela.

Atualmente Casarim investe em sua carreira solo, onde prepara seu primeiro CD e também participa da banda Bicho de Pé. Em dezembro ela esteve em Londrina para o show "Quantas Voltas Dá Meu Mundo" e apresentação do videoclipe da música "Valsa para Lina", composta por ela para sua avó.

"Eu componho desde sempre, mas nunca tinha coragem de mostrar nada, (era) tipo aquele diário que a gente guarda e só a gente lê. Quando eu estava no Regra 3 eu levei uma música e os meninos gravaram, depois disso eu sempre compus em casa. E com esse lance de querer mostrar meu trabalho, de querer trazer uma coisa minha, das minhas influências, das minhas referências, foi fortalecendo (o lado compositora). O clipe eu não ia gravar agora, mas muitas pessoas falaram da música da minha avó, ela é pioneira em Londrina, eu tenho uma ligação muito forte com ela. Quis fazer o clipe na casa da 'vó', com a 'vó' participando. Fiz com o João Vidotti, o roteiro é meu e dele, é um clipe bem delicado. Isso faz parte do início desse projeto que vai ser o disco", conta.

Intitulado "Terra Mãe", o disco deve contar uma história partindo da terra natal da cantora - Londrina, passando por suas histórias familiares até chegar à grande terra mãe: o planeta Terra, com sua fauna e flora. "Tem toda uma estética que converge, um fio condutor. Ele fala muito de mim, de quem sou, de quem somos."

A produção deve ser finalizada no segundo semestre, já que nos meses de fevereiro e março Casarim estará em turnê com a banda Bicho de Pé na Europa, inclusive com músicas dela no repertório. "Lançamos duas músicas que foram composições que fiz com o Tato (Cruz) do Falamansa: 'Deu bom' e 'Vambora' e tem duas que vão estar no meu disco: 'Menino dos olhos brilhantes' e 'Terra Mãe'."

Além dos shows, composições e trabalho em estúdio, Casarim também se dedica ao seu desejo de criança, dando aulas de canto e musicalização infantil. E ainda encontra tempo para cantar em hospitais públicos, como contratada do Projeto Saracura. "O projeto existe há dez anos e conta com mais de 30 músicos. Somos duplas e visitamos o leito dos hospitais, pacientes de todas as faixas etárias. Eu sempre participei de trabalho voluntário aqui em Londrina, meu estágio voluntário na faculdade foi cantar para crianças da quimioterapia no Hospital Universitário. Também cantava no Hospital do Câncer, em apresentações esporádicas", relembra.

Para quem perdeu o show em dezembro, Casarim avisa que deve retornar a Londrina em abril, para nova apresentação. "Mostro algumas canções de Tom Jobim, Dominguinhos, Chico Buarque. É uma prévia para mostrar algumas canções, é um show super conceitual", destaca.