“A nossa sociedade fica andando em círculos", diz Débora Falabella
“A nossa sociedade fica andando em círculos", diz Débora Falabella | Foto: Globo/Raquel Cunha

Bela, recatada e do lar. Assim Débora Falabella apresenta inicialmente a primeira-dama Isabel da minissérie “Se Eu Fechar os Olhos Agora”, que estreou na última semana na Globo, após “O Sétimo Guardião”. Só que a primorosa esposa do prefeito Adriano (Murilo Benício) também esconde segredos e reprime seus desejos na história. No decorrer dos capítulos, o público verá essa mulher presa a um casamento de aparências, mas também vivendo uma aventura com Renato (Enzo Romani)

"Isabel e Adriano têm que manter a família. Aprenderam a viver naquela sociedade, mas você vê logo no primeiro capítulo que é aquele casal que dorme junto quase que por conveniência e ela é uma mulher que tem os seus desejos, assim com ele. Ela se vê sufocada dentro daquela casa", observa a atriz.

O estopim para a explosão dos segredos dos personagens é a morte de Anita (Thainá Duarte), que é investigada por Paulo (João Gabriel D'Aleluia), Eduardo (Xande Valois) e Ubiratan (Antonio Fagundes). Segundo Débora, o mais interessante em seu papel é que o autor Ricardo Linhares pegou a personagem criada por Edney Silvestre para o livro de mesmo nome e ampliou sua história. Dessa forma, ela entrou mais no universo dessa mulher.

"É comum as mulheres sufocarem vontades. Acontecem coisas na série por causa disso. Todos os personagens, na verdade, se revelam. O grande barato é mostrar essa sociedade que diz que é uma coisa, que se coloca de uma forma superconservadora, mas todos ali têm teto de vidro, algo de obscuro, de secreto ou de transgressor", afirma.

Ambientada na década de 1960, “Se Eu Fechar os Olhos Agora” também traz questões atuais, como racismo, repressão às mulheres e corrupção. De acordo com a atriz, isso acontece porque o Brasil mudou pouco desde então e segue repetindo os mesmos erros.

"Muitas situações continuam do mesmo jeito, como toda essa repressão que existia em relação às mulheres, o racismo forte, a questão da igreja... Acho que tem coisas que as pessoas vão se identificar em relação aos dias de hoje, mas não que isso seja totalmente explícito. A nossa sociedade fica andando em círculos", diz.

Na minissérie, Débora contracena com seu marido na vida real, Murilo Benício. A parceria se repete na televisão depois da série 'Nada Será Como Antes' (2016), na qual eles também formavam um par romântico. No entanto, a atriz ressalta que os novos personagens são completamente distintos dos anteriores e, por esta razão, aceitou o convite.

"É muito legal trabalhar com quem você gosta. Principalmente com quem você admira em cena. Eu tenho uma companhia de teatro, na qual trabalho com as mesmas pessoas há 13 anos. Então, por que você não pode repetir parcerias que se dão bem dentro e fora da tela? Vocês vão ver que é completamente diferente do Saulo e de 'Nada Será Como Antes'", afirma.

Além desse projeto, Débora também está no elenco da série “Aruanas”, que conta a história de três amigas que fazem parte de uma ONG e vão investigar a ação de uma mineradora que pode causar um iminente desastre ambiental na Amazônia. De acordo com a atriz, a produção deve estrear em breve e também conversa com situações atuais da nossa sociedade.

"'Aruanas' foi um aprendizado. Falo que sou uma pessoa diferente, que essa série me modificou como cidadã. Eu já conhecia a Amazônia, tinha visto de perto e levado a minha filha, Nina, mas a gente ficou muito tempo. Agora conversei com muita gente, fiz amizade com atores de Manaus, saí com outra consciência", conta.