“O voluntariado agiliza os trabalhos, ameniza o sofrimento dos pacientes, pois eles chegam aqui muito fragilizados, sem rumo", diz Iracema Fabian
“O voluntariado agiliza os trabalhos, ameniza o sofrimento dos pacientes, pois eles chegam aqui muito fragilizados, sem rumo", diz Iracema Fabian | Foto: Ricardo Chicarelli - Grupo Folha

O ano de 2011 vai ficar para sempre na memória da arquiteta Iracema Fabian. Naquele ano, ela foi diagnosticada com um câncer de tireoide. Por conta da doença, ela começou a frequentar o hospital do Câncer de Londrina para realizar o seu tratamento com iodoterapia, o que fazia com que ela ficasse internada em isolamento por 24 horas devido à radiação da medicação.

Um dos momentos mais difíceis para ela, durante a jornada, foi quando não pode comparecer à formatura do filho. Naquele mesmo dia, Iracema foi submetida a mais uma sessão da terapia com os medicamentos, o que a deixou isolada no hospital.

Da janela de seu quarto, ela acompanhou a construção do prédio principal do hospital e, com o olhar de sua profissão, decidiu ajudar a instituição com a sua experiência, mesmo em um momento delicado em que ela cuidava da saúde. Foi um caminho sem volta, que Iracema percorre até hoje e cada vez com maior intensidade.

“Eu achei que valia a pena ajudar. Vim aqui ao hospital e me ofereci para trabalhar na obra, que é o prédio principal, e estava, na época, ainda na segunda laje, então pude acompanhar e contribuir bastante”, comenta.

Hoje ela é coordenadora do departamento de campanhas, voluntariado e captação de recursos do hospital, mas no início fazia de tudo. O novo desafio começou em 2018, quando, a convite do presidente, foi convidada para cuidar do setor que é responsável por 25% de toda a renda da instituição.

“O voluntariado agiliza os trabalhos, ameniza o sofrimento dos pacientes, pois eles chegam aqui muito fragilizados, sem rumo. E uma palavra que você dá, complementa o trabalho do hospital, dando a assistência e o calor humano”, destaca a voluntária.

Casada e mãe de dois filhos, Iracema divide o seu tempo entre a família, a arquitetura e o trabalho voluntário. Ela comenta que não tem hora para o voluntarismo e até a família entra nessa onda, porém, ela diz que tenta se controlar. Desde que iniciou a atividade, o simples ato de ir passear já não é mais o mesmo.

“Fico ligada 24 horas. Quando vou ao shopping, por exemplo, eu vejo as lojas e falo: ‘olha, essa não tem o cofrinho; essa não tem a urna de cupom fiscal.’ Estou tentando me policiar para conseguir dosar o tempo”, ressalta.

Ela tem um parceiro para todas as horas, tanto para a vida quanto para o voluntariado. Iracema comenta que o marido Alexandre Fabian é um dos seus grandes incentivadores, sempre apoiando, aconselhando e contribuindo por meio de sua empresa em questões ligadas às necessidades do hospital.

“É muito importante o apoio e ajuda que ele me dá. Sem ele, não conseguiria e não teria tanta coragem para encarar as dificuldades do dia a dia e da situação do hospital em si. Ele me leva a almoços em cidades distantes, em bailão. Não importa dia, horário e condições climáticas. Faz tudo isso para me apoiar.”

Mas nem só de trabalho social Iracema vive. A arquiteta possui outras paixões, como viajar, estar com os filhos, ouvir boas músicas, mas existe uma em especial, que é a dança flamenca. Para ela, dançar é extravasar as tensões, se desligar dos problemas. “Dançar faz bem para o corpo e para a alma”, salienta.

POPULAÇÃO ACOLHEDORA

Quando indagada sobre o papel da sociedade londrinense nas ações da instituição, Iracema diz que Londrina é solidária às atividades da instituição e sempre está contribuindo, seja com doações em dinheiro, mantimentos, roupas, produtos para o bazar e também no trabalho interno, na acolhida aos pacientes e em outras atividades.

“Muitas pessoas querem ajudar o hospital, porque sabem do trabalho que aqui é feito. As empresas são nossas parceiras em muitas ações e assim nesse trabalho nós vamos conhecendo pessoas - gente do bem, gente que fica firme para trabalhar em prol dessa causa”.

OUTUBRO ROSA

No próximo dia 6 de outubro, o hospital irá realizar mais uma edição da tradicional corrida em prol da conscientização do câncer de mama. Toda a renda arrecadada com as inscrições será revertida para o hospital. A ação faz parte do outubro rosa, que trata sobre a prevenção do câncer de mama, um dos mais comuns entre as mulheres e a importância das mulheres em fazer a mamografia e acompanhar para prevenir a doença.

DOAÇÕES

Mensalmente, o hospital precisa de R$ 1,5 milhão para manter toda a estrutura que atende diariamente entre 1,5 mil e 2 mil pacientes. Iracema destaca que 25% do total arrecadado no mês é proveniente de doações da população.

“O SUS (Sistema Único de Saúde) faz grandes repasses, mas não é suficiente para atender a demanda de atendimento. Aí entra a importância da doação das pessoas, seja pelos repasses dos cupons do Nota Paraná, pelos cofrinhos, doação na conta da Copel e também doações em depósitos bancários. A confiança da população é tanta que, uma vez, uma senhora nos trouxe o par de alianças de seu casamento para o hospital vender e ficar com o dinheiro, demonstrando a confiança no trabalho que aqui é feito”, finaliza.