“O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”. Esse foi o tema da redação que desafiou os participantes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) na primeira etapa das provas realizada neste domingo (17). Para o professor Nilson Douglas Castilho, coordenador de ensino médio do Colégio Marista, o assunto atual exigia atenção para evitar fuga ao tema, já que o objetivo não era focar questões relacionadas às doenças mentais, mas sim abordar o estigma, ponto principal solicitado aos inscritos.

“O estudante deveria trabalhar em cima do estigma e não necessariamente do tratamento. Isso poderia ser um problema muito sério nessa prova. Ele poderia incorrer em um desconto na nota muito grande e poderia tangenciar. Doenças mentais estavam dentro do tema pedido, mas não eram o foco. Para muitos, a depressão não é encarada como uma doença. Ela é encarada como uma má vontade da pessoa, algo que leva muitos a perderem seus empregos e até serem mal vistas na sociedade”, exemplificou.

“A redação trouxe um assunto transversal dentro das atualidades em foco. Falar de saúde mental era algo super atual, ainda mais depois do ano em que vivemos. Tratar de saúde mental para quem viveu uma quarentena foi algo muito importante. Pode ter sido um tema desafiador não porque o aluno não soubesse estruturar o texto, mas faltaria talvez um pouco de repertório ou de conteúdo”, completou o professor.

Além da dissertação com até 30 linhas, os participantes tiveram que responder 45 questões de linguagens e códigos e outras 45 questões de ciências humanas. As provas, segundo ele, não trouxeram tantas questões contemporâneas como nas edições anteriores. Entre os temas abordados estavam a insurreição pernambucana, a independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa.

“O único ponto da contemporaneidade foi sobre as reformas macroeconômicas do Fernando Henrique Cardoso. Isso foge um pouco daquilo que foi visto nos últimos anos na prova de ciências humanas que sempre optava por trazer coisas mais contemporâneas. Claro que o aluno que estivesse preparado, atento e tivesse estudado de uma forma geral iria se dar bem, mas foi algo que chamou muito a atenção”, ressaltou.

As desigualdades de gênero, por meio de um comparativo entre os salários dos jogadores Neymar e Marta, e campanhas contra o assédio nas ruas também foram abordadas nas questões.

REVISÕES PONTUAIS

A segunda prova da versão impressa do exame será aplicada no próximo domingo, 24, com 45 questões de ciências da natureza e 45 questões de matemática.

“Agora não é hora de fazer grandes revisões, só revisões mais pontuais. Revisões de última hora não fazem milagre, mas se o aluno relembrar aquilo que causa maior dificuldade ou assuntos que sejam mais desafiadores, isso é algo que vale nesses últimos dias antes da próxima prova”, comentou o professor.

Para a estudante Heloísa Maziero, 18, a prova estava um pouco difícil, mas os conteúdos cobrados não surpreenderam. “A redação também estava bem difícil, mas consegui terminar rápido”, afirmou.

“A dificuldade foi apenas aguentar o tempo de prova e manter a atenção, mas a prova em si estava bem fácil. O tema da redação também foi bem tranquilo, envolveu a questão do julgamento sobre as doenças mentais”, comemorou Heloísa dos Santos, 18.

“Nesse primeiro dia do Enem, se você tiver uma interpretação boa das questões, você consegue se sair bem na prova. O segundo dia acho que vai ser um pouco mais difícil porque, mesmo com interpretação, você não consegue resolver tanto as questões de exatas”, disse o estudante João Gabriel Miranda, 18.

Todos os entrevistados fizeram as provas no Colégio Vicente Rijo, na região central, e relataram que muitos participantes não compareceram. Segundo eles, não houve aglomeração na entrada e saída dos estudantes, o uso de máscaras de proteção ocorreu de forma tranquila e as salas de aula permaneceram bem arejadas durante a aplicação das provas.