Meio ambiente e globalização podem ganhar espaço em sociologia no Enem
Professor Luciano Verdicchio, do Marista, destaca que candidatos precisam ficar atentos a temas como globalização e clima
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quinta-feira, 02 de novembro de 2023
Professor Luciano Verdicchio, do Marista, destaca que candidatos precisam ficar atentos a temas como globalização e clima
As provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) chegando e nesse momento vale revisar alguns conteúdos. Na prova de sociologia, a aposta é que a questão ambiental e a globalização ganhem espaço.
Luciano Verdicchio, professor de sociologia do Colégio Marista, detalha que a sociologia aparece no primeiro dia de provas no caderno de Ciências Humanas e suas Tecnologias, junto com as disciplinas de filosofia, geografia e história. Sobre a estrutura da prova, ele explica que o Enem trabalha com situações-problema que exigem dos candidatos algumas competências e habilidades para responder as perguntas. Segundo ele, competência é saber o conteúdo e habilidade é saber aplicar esse conteúdo em determinado contexto apresentado na prova. “No futebol, por exemplo, a competência seria o jogador saber as regras do jogo e a habilidade é saber jogar o futebol de acordo com essas regras”, explica.
Diferente de outros vestibulares, como o da UEL (Universidade Estadual de Londrina), o professor destaca que o Enem não traz um conteúdo programático do que pode cair em cada uma das disciplinas. Por outro lado, ele cobra que o aluno saiba os conteúdos e, além disso, saiba como aplicá-los dentro de um contexto, que é a situação-problema. “O aluno vai ter que aplicar o conhecimento em ciências humanas para cada uma das situações-problema que vão aparecer”, explica.
Atualidades
De acordo com Verdicchio, o Enem não é uma prova conhecida por ser conteudista, mas por ser um exame que trabalha com as atualidade, ou seja, o que está acontecendo Brasil afora. Segundo ele, o Enem costuma trazer um tema atual que aparece dentro de um texto e que, geralmente, costuma ser uma questão interdisciplinar. “A tendência é que o candidato use todas as disciplinas das ciências humanas para responder a questão”, pontua.
Sobre um tema que pode ganhar força na edição deste ano do Enem, Verdicchio aposta na questão ambiental, principalmente em relação às conferências do clima ou a onda de calor registrada em países da Europa e no Canadá. Segundo ele, pode aparecer um texto falando sobre algumas decisões tomadas nessas conferências e, a partir daí, o candidato tem que fazer uma relação de como o Estado vai atuar para cumprir os acordos. Além disso, também pode aparecer uma questão a respeito das mudanças de comportamento ligadas ao consumismo e a produção de lixo.
Guerra da Ucrânia
Para o professor, outro eixo temático que pode surgir na prova é a globalização, principalmente algo ligado à guerra travada pela Rússia contra a Ucrânia, que se arrasta por mais de um ano. “Nessa questão política da Ucrânia, [Max] Weber é um autor que trouxe uma noção de estado que cairia muito bem para avaliar a atuação da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em relação à crise política e militar que se travou com a Rússia”, explica. Ainda relacionada à questão internacional, a nova composição dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em que o Brasil é um dos membros, também é um assunto que o aluno deve ficar atento.
Vindo para o Brasil, o professor admite que o aluno pode ter que resolver alguma questão ligada ao racismo, trazendo como autores Gilberto Freire, que fala sobre a democracia racial, e Florestan Fernandes, que trata do mito da democracia racial.
“Toda redação [do Enem] traz um tema social, da vida em sociedade, por isso a sociologia é uma baita ferramenta para discutir os temas da redação, inclusive o aluno pode usar algum autor como argumentação. Na redação, ela [sociologia] pode fazer a diferença para o estudante”, pontua.