Temida e amada por muitos, a prova de matemática do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) tira o sono dos candidatos que não têm tanta afinidade com a área de exatas. Presente no segundo dia de aplicação do exame, a prova de matemática traz 45 questões com diferentes níveis de dificuldade. Há quem pense que acertar as mais difíceis é sinônimo de nota boa, mas a verdade é que o candidato que acertou as mais fáceis pode sair com uma pontuação melhor.

Imagem ilustrativa da imagem Matemática do Enem traz questões com diferentes níveis de dificuldade
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Anderson Quilles, professor de matemática do Colégio Marista de Londrina, explica que o primeiro passo para que o candidato tenha bons resultados no Enem é entender como a prova é estruturada. A matemática aparece - como o nome já diz - no caderno de Matemática e suas Tecnologias e cobra dos estudantes o domínio das linguagens e a solução de “situações problema”, com questões contextualizadas através de fatos do cotidiano.

Teoria de Resposta ao Item

Segundo ele, o Enem é elaborado de acordo com a TRI (Teoria de Resposta ao Item), em que a pontuação do candidato não leva em consideração apenas o número de questões que ele acertou ou errou, mas qual o tipo de questão ele acertou ou errou. Para isso, segundo ele, a prova traz questões com diferentes níveis de dificuldade, sendo divididas em 15 fáceis, 20 intermediárias e 10 difíceis.

Confira o caderno 9 do Folha Enem com questões de matemática

“Em termos de pontuação, convém mais o aluno acertar as questões fáceis do que as difíceis. Pode acontecer de um aluno ter o mesmo número de acertos de outro, só que a nota ser completamente diferente”, explica. Quilles ressalta que isso acontece em casos em que um estudante acerta as questões mais fáceis e outro as mais difíceis: “o sistema [de correção] entende que um aluno que erra as questões fáceis e acerta as difíceis teoricamente chutou as difíceis, então a pontuação caí”.

O professor afirma que, dentre as questões consideradas fáceis, a maioria é realmente fácil e que é possível que o aluno acerte 35 ou até mesmo 40 perguntas na prova. “Para você se preparar para uma prova assim você tem que fazer bastante simulado, perceber quais são as suas dificuldades e resolver mais questões sobre isso. É muito treino e simulado”, aconselha.

REGRA DE TRÊS

Sobre um meme que circula nas redes sociais e diz que é possível responder toda a prova por meio da regra de três, ele afirma que é mentira, mas que um terço da prova é de matemática básica, como razão, proporção e porcentagem. “Essas coisas você resolve fazendo regra de três, como aparece muito, então a gente pode afirmar que uns 30% é sobre esses assuntos”.

Além da matemática básica, Anderson Quilles explica que a parte de análise e interpretação de gráficos, assim como estatística (média, mediana e moda), são temas que aparecem com frequência na prova. O que, segundo ele, geralmente não dá as caras na prova são os polinômios, mas que nunca é possível descartar a possibilidade de aparecer alguma questão tratando do assunto.

CALCULADORA DE LADO

Aparelho que sempre está na mão da garotada durante as aulas de matemática, física e química, a calculadora é um ótima ferramenta, mas que os candidatos devem abandonar durante a preparação para o Enem. “Eu sou a favor [do uso da calculadora] para agilizar processos, o problema é que com o uso eles deixam de conseguir fazer somas básicas porque ficam acomodados”, explica. O professor ressalta que é comum o uso de calculadora no ensino superior e na atuação profissional, mas alerta que um dos principais prejuízos é o não desenvolvimento da capacidade de cálculo mental.

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Finance, Savings, Wages, Loan, Calculator | Foto: iStock

O conselho que o professor dá aos candidatos é manter a calma e perder o medo de fazer a prova, que ele garante que não é tão traumática assim. “O aluno tem que pensar em não querer ser perfeito e fazer tudo muito rápido porque é normal enroscar em umas 8 ou 10 questões, que você pode voltar depois para resolver”, finaliza.