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LINGUAGENS

CADERNO 10 - 11/10/2021

1. (ENEM – 2014)

Uso de suplementos alimentares por adolescentes

Evidências médicas sugerem que a suplementação alimentar pode ser benéfica para um pequeno grupo de pessoas, aí incluídos atletas competitivos, cuja dieta não seja balanceada. Tem-se observado que adolescentes envolvidos em atividade física ou atlética estão usando cada vez mais tais suplementos. A prevalência desse uso varia entre os tipos de esportes, aspectos culturais, faixas etárias (mais comum em adolescentes) e sexo (maior prevalência em homens). Poucos estudos se referem a frequência, tipo e quantidade de suplementos usados, mas parece ser comum que as doses recomendadas sejam excedidas.

A mídia é um dos importantes estímulos ao uso de suplementos alimentares ao veicular, por exemplo, o mito do corpo ideal. Em 2001, a indústria de suplementos alimentares investiu globalmente US$ 46 bilhões em propaganda, como meio de persuadir potenciais consumidores a adquirir seus produtos. Na adolescência, período de autoafirmação, muitos deles não medem esforços para atingir tal objetivo.

ALVES. C.; LIMA. R. J. Pediatr. v. 85, n. 4, 2009.

Sobre a associação entre a prática de atividades físicas e o uso de suplementos alimentares, o texto informa que a ingestão desses suplementos

a) é indispensável para as pessoas que fazem atividades físicas regularmente.

b) é estimulada pela indústria voltada para adolescentes que buscam um corpo ideal.

c) é indicada para atividades físicas como a musculação com fins de promoção da saúde.

d) direciona-se para adolescentes com distúrbios metabólicos e que praticam atividades físicas.

2. (ENEM – 2011)

Na modernidade, o corpo foi descoberto, despido e modelado pelos exercícios físicos da moda. Novos espaços e práticas esportivas e de ginástica passaram a convocar as pessoas a modelarem seus corpos. Multiplicaram-se as academias de ginástica, as salas de musculação e o número de pessoas correndo pelas ruas.

Secretaria da Educação. Caderno do professor: Educação Física. São Paulo, 2008.

Diante do exposto, é possível perceber que houve um aumento da procura por

a) exercícios físicos aquáticos (natação/hidroginástica), que são exercícios de baixo impacto, evitando o atrito (não prejudicando as articulações), e que previnem o envelhecimento precoce e melhoram a qualidade de vida.

b) mecanismos que permitem combinar alimentação e exercício físico, que permitem a aquisição e manutenção de níveis adequados de saúde, sem a preocupação com padrões de beleza instituídos socialmente.

c) programas saudáveis de emagrecimento, que evitam os prejuízos causados na regulação metabólica, função imunológica, integridade óssea e manutenção da capacidade funcional ao longo do envelhecimento.

d) exercícios de relaxamento, reeducação postural e alongamentos, que permitem um melhor funcionamento do organismo como um todo, bem como uma dieta alimentar e hábitos saudáveis com base em produtos naturais.

e) dietas que preconizam a ingestão excessiva ou restrita de um ou mais macronutrientes (carboidratos, gorduras ou proteínas), bem como exercícios que permitem um aumento de massa muscular e/ou modelar o corpo.

3. (ENEM – 2019)

Educação para a saúde mediante programas de educação física escolar

A educação para a saúde deverá ser alcançada mediante interação de ações que possam envolver o próprio homem mediante suas atitudes frente às exigências ambientais representadas pelos hábitos alimentares, estado de estresse, opções de lazer, atividade física, agressões climáticas etc. Dessa forma, parece evidente que o estado de ser saudável não é algo estático. Pelo contrário, torna-se necessário adquiri-lo e construí-lo de forma individualizada constantemente ao longo de toda a vida, apontando para o fato de que saúde é educável e, portanto, deve ser tratada não apenas com base em referenciais de natureza biológica e higienista, mas sobretudo em um contexto didático-pedagógico.

GUEDES, D. P. Motriz, n. 1, 1999.

A educação para a saúde pressupõe a adoção de comportamentos com base na interação de fatores relacionados à

a) adesão a programas de lazer.

b) opção por dietas balanceadas.

c) constituição de hábitos saudáveis.

d) evasão de ambientes estressores.

e) realização de atividades físicas regulares.

4.(ENEM – 2010)

O Arlequim, o Pierrô, a Brighella ou a Colombina são personagens típicos de grupos teatrais da Commedia del'art, que, há anos, encontram-se presentes em marchinhas e fantasias de carnaval. Esses grupos teatrais seguiam, de cidade em cidade, com faces e disfarces, fazendo suas críticas, declarando seu amor por todas as belas jovens e, ao final da apresentação, despediam-se do público com músicas e poesias.

A intenção desses atores era expressar sua mensagem voltada para a

a) crença na dignidade do clero e na divisão entre o mundo real e o espiritual.

b) ideologia de luta social que coloca o homem no centro do processo histórico.

c) crença na espiritualidade e na busca incansável pela justiça social dos feudos.

d) ideia de anarquia expressa pelos trovadores iluministas do início do século XVI.

e) ideologia humanista com cenas centradas no homem, na mulher e no cotidiano.

5. (ENEM – 2015)

Em 1866, tendo encerrado seus estudos na Escola de Belas Artes, em Paris, Pedro Américo ofereceu a tela A Carioca ao imperador Pedro II, em reconhecimento ao seu mecenas. O nu feminino obedecia aos cânones da grande arte e pretendia ser uma alegoria feminina da nacionalidade. A tela, entretanto, foi recusada por imoral e licenciosa: mesmo não fugindo à regra oitocentista relativa à nudez na obra de arte, A Carioca não pôde, portanto, ser absorvida de imediato. A sensualidade tangível da figura feminina, próxima do orientalismo tão em voga na Europa, confrontou-se não somente com os limites morais, mas também com a orientação estética e cultural do Império. O que chocara mais: a nudez frontal ou um nu tão descolado do que se desejava como nudez nacional aceitável, por exemplo, aquela das românticas figuras indígenas? A Carioca oferecia um corpo simultaneamente ideal e obsceno: o alto – uma beleza imaterial – e o baixo –uma carnalidade excessiva. Sugeria uma mistura de estilos que, sem romper com a regra do decoro artístico, insinuava na tela algo inadequado ao repertório simbólico oficial. A exótica morena, que não é índia – nem mulata ou negra – poderia representar uma visualidade feminina brasileira e desfrutar de um lugar de destaque no imaginário da nossa "monarquia tropical"?

OLIVEIRA, C. Disponível em: <http://anpuh.org.br>. Acesso em: 20 maio 2015.

O texto revela que a aceitação da representação do belo na obra de arte está condicionada à

a) incorporação de grandes correntes teóricas de uma época, conferindo legitimidade ao trabalho do artista.

b) atemporalidade do tema abordado pelo artista, garantindo perenidade ao objeto de arte então elaborado.

c) inserção da produção artística em um projeto estético e ideológico determinado por fatores externos.

d) apropriação que o pintor faz dos grandes temas universais já recorrentes em uma vertente artística.

e) assimilação de técnicas e recursos já utilizados por movimentos anteriores que trataram da temática.

6. (ENEM – 2020)

TEXTO I

É pau, é pedra, é o fim do caminho

É um resto de toco, é um pouco sozinho

É um caco de vidro, é a vida, é o sol

É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol

É peroba-do-campo, é o nó da madeira

Caingá, candeia, é o matita-pereira

TOM JOBIM. Águas de março. O Tom de Jobim e o tal de João Bosco (disco de bolso). Salvador: Zen Produtora, 1972 (fragmento).

TEXTO II

A inspiração súbita e certeira do compositor serve ainda de exemplo do lema antigo: nada vem do nada. Para ninguém, nem mesmo para Tom Jobim. Duas fontes são razoavelmente conhecidas. A primeira é o poema O caçador de esmeraldas, do mestre parnasiano Olavo Bilac: “Foi em março, ao findar da chuva, quase à entrada/ do outono, quando a terra em sede requeimada/bebera longamente as águas da estação [...]”. E a outra é um ponto de macumba, gravado com sucesso por J. B. Carvalho, do Conjunto Tupi: “É pau, é pedra, é seixo miúdo, roda a baiana por cima de tudo”. Combinar Olavo Bilac e macumba já seria bom; mas o que se vê em Águas de março vai muito além: tudo se transforma numa outra coisa e numa outra música, que recompõem o mundo para nós.

NESTROVSKI, A, O samba mais bonito do mundo. In: Três canções de Tom Jobim. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

Ao situar a composição no panorama cultural brasileiro, o Texto II destaca o(a)

a) diálogo que a letra da canção estabelece com diferentes tradições da cultura nacional.

b) singularidade com que o compositor converte referências eruditas em populares.

c) caráter inovador com que o compositor concebe o processo de criação artística.

d) relativização que a letra da canção promove na concepção tradicional de originalidade.

e) o resgate que a letra da canção promove de obras pouco conhecidas pelo público no país.

7. (ENEM – 2016)

Anúncios publicitários buscam chamar a atenção do consumidor por meio de recursos diversos.

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Nessa imagem reproduzida de um pôster, os números indicados correspondem ao (à)

a) comprimento do cigarro.

b) tempo de queima do cigarro.

c) idade de quem começa a fumar.

d) expectativa de vida de um fumante.

e) quantidade de cigarros consumidos.

8. ENEM – 2016)

Ebony and ivory

Ebony and ivory live together in perfect harmony

Sibe by side on my piano keyboard, oh Lord, why don’t we?

We all know that people are the same wherever we go

There is good and bad in ev’ryone,

We learn to live, we learn to give

Each other what we need to survive together alive

McCARTNEY, P. Disponível em: <www.paulmccartney.com>. Acesso em: 30 maio 2016.

Em diferentes épocas e lugares, compositores têm utilizado seu espaço de produção musical para expressar e problematizar perspectivas de mundo.

Paul McCartney, na letra dessa canção, defende

a) o aprendizado compartilhado.

b) a necessidade de donativos.

c) as manifestações culturais.

d) o bem em relação ao mal.

e) o respeito étnico.

9. (ENEM -2019)

LETTER TO THE EDITOR: Sugar fear-mongering unhelpful

By The Washington Times Tuesday, June 25, 2013

In his recent piece “Is obesity a disease?” (Web, June 19), Dr. Peter Lind refers to high-fructose corn syrup and other “manufactured sugars” as “poison” that will “guarantee storage of fat in the body.” Current scientific research strongly indicates that obesity results from excessive calorie intake combined with a sedentary lifestyle. The fact is, Americans are consuming more total calories now than ever before. According to the U.S. Department of Agriculture, our total per-capita daily caloric intake increased by 22 percent from 2,076 calories per day in 1970 to 2,534 calories per day in 2010 — an additional 458 calories, only 34 of which come from increased added sugar intake. A vast majority of these calories come from increased fats and flour/cereals. Surprisingly, the amount of caloric sweeteners (i.e. sugar, high-fructose corn syrup, honey, etc.) Americans consume has actually decreased over the past decade. We need to continue to study the obesity epidemic to see what more can be done, but demonizing one specific ingredient accomplishes nothing and raises unnecessary fears that get in the way of real solutions.

JAMES M. RIPPE. Shrewsbury, Mass. Disponível em: <www.washingtontimes.com>. Acesso em: 29 jul. 2013. Adaptado.

Ao abordar o assunto “obesidade”, em uma seção de jornal, o autor

a) defende o conumo liberado de açúcar.

b) aponta a gordura como o grande vilão da saúde.

c) demonstra acreditar que a obesidade não é preocupante.

d) indica a necessidade de mais pesquisas sobre o assunto.

e) enfatiza a redução de ingestão de calorias pelos americanos.

10. (ENEM -2016)

A partida de trem

Marcava seis horas da manhã. Angela Pralini pagou o táxi e pegou sua pequena valise. Dona Maria Rita de Alvarenga Chagas Souza Melo desceu do Opala da filha e encaminharam-se para os trilhos. A velha bem-vestida e com joias. Das rugas que a disfarçavam saía a forma pura de um nariz perdido na idade, e de uma boca que outrora devia ter sido cheia e sensível. Mas que importa? Chega-se a um certo ponto – e o que foi não importa. Começa uma nova raça. Uma velha não pode comunicar-se. Recebeu o beijo gelado de sua filha que foi embora antes do trem partir. Ajudara-a antes a subir no vagão. Sem que neste houvesse um centro, ela se colocara do lado. Quando a locomotiva se pôs em movimento, surpreendeu-se um pouco: não esperava que o trem seguisse nessa direção e sentara-se de costas para o caminho.

Angela Pralini percebeu-lhe o movimento e perguntou:

— A senhora deseja trocar de lugar comigo?

Dona Maria Rita se espantou com a delicadeza, disse que não, obrigada, para ela dava no mesmo. Mas parecia ter-se perturbado. Passou a mão sobre o camafeu filigranado de ouro, espetado no peito, passou a mão pelo broche. Seca. Ofendida? Perguntou afinal a Angela Pralini:

— É por causa de mim que a senhorita deseja trocar de lugar?

LISPECTOR, C. Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.

A descoberta de experiências emocionais com base no cotidiano é recorrente na obra de Clarice Lispector. No fragmento, o narrador enfatiza o(a)

a) comportamento vaidoso de mulheres de condição social privilegiada.

b) anulação das diferenças sociais no espaço público de uma estação.

c) incompatibilidade psicológica entre mulheres de gerações diferentes.

d) constrangimento da aproximação formal de pessoas desconhecidas.

e) sentimento de solidão alimentado pelo processo de envelhecimento.

11. (ENEM -2016)

Antiode

Poesia, não será esse

o sentido em que

ainda te escrevo:

flor! (Te escrevo:

flor! Não uma

flor, nem aquela

flor-virtude – em

disfarçados urinóis).

Flor é a palavra

flor; verso inscrito

no verso, como as

manhãs no tempo.

Flor é o salto

da ave para o voo:

o salto fora do sono

quando seu tecido

se rompe; é uma explosão

posta a funcionar,

como uma máquina,

uma jarra de flores.

MELO NETO, J. C. Psicologia da composição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

A poesia é marcada pela recriação do objeto por meio da linguagem, sem necessariamente explicá-lo.

Nesse fragmento de João Cabral de Melo Neto, poeta da geração de 1945, o sujeito lírico propõe a recriação poética de

a) uma palavra, a partir de imagens com as quais ela pode ser comparada, a fim de assumir novos significados.

b) um urinol, em referência às artes visuais ligadas às vanguardas do início do século XX.

c) uma ave, que compõe, com seus movimentos, uma imagem historicamente ligada à palavra poética.

d) uma máquina, levando em consideração a relevância do discurso técnico-científico pós-Revolução Industrial.

e) um tecido, visto que sua composição depende de elementos intrínsecos ao eu lírico.

12. (ENEM -2015)

TEXTO I

Versos de amor

A um poeta erótico

Oposto ideal ao meu ideal conservas.

Diverso é, pois, o ponto outro de vista

Consoante o qual, observo o amor, do egoísta

Modo de ver, consoante o qual, o observas.

Porque o amor, tal como eu o estou amando,

É Espírito, é éter, é substância fluida,

É assim como o ar que a gente pega e cuida,

Cuida, entretanto, não o estar pegando!

É a transubstanciação de instintos rudes,

Imponderabilíssima, e impalpável,

Que anda acima da carne miserável

Como anda a garça acima dos açudes!

ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996.

TEXTO II

Arte de amar

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.

A alma é que estraga o amor.

Só em Deus ela pode encontrar satisfação

Não noutra alma.

Só em Deus – ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

Os Textos I e II apresentam diferentes pontos de vista sobre o tema amor. Apesar disso, ambos definem esse sentimento a partir da oposição entre

a) satisfação e insatisfação.

b) egoísmo e generosidade.

c) felicidade e sofrimento.

d) corpo e espírito.

e) ideal e real.

13. (ENEM -2020)

Na sua imaginação perturbada sentia a natureza toda agitando-se para sufocá-la. Aumentavam as sombras. No céu, nuvens colossais e túmidas rolavam para o abismo do horizonte... Na várzea, ao clarão indeciso do crepúsculo, os seres tomavam ares de monstros... As montanhas, subindo ameaçadoras da terra, perfilavam-se tenebrosas... Os caminhos, espreguiçando-se sobre os campos, animavam-se quais serpentes infinitas... As árvores soltas choravam ao vento, como carpideiras fantásticas da natureza morta... Os aflitivos pássaros noturnos gemiam agouros com pios fúnebres. Maria quis fugir, mas os membros cansados não acudiam aos ímpetos do medo e deixavam na prostrada em uma angústia desesperada.

ARANHA. J. P. G. Canaã. São Paulo: Ática, 1997.

No trecho, o narrador mobiliza recursos de linguagem que geram uma expressividade centrada na percepção da

a) relação entre a natureza opressiva e o desejo de libertação da personagem.

b) confluência entre o estado emocional da personagem e a configuração da paisagem.

c) prevalência do mundo natural em relação à fragilidade humana.

c) depreciação do sentido da vida diante da consciência da morte iminente.

e) instabilidade psicológica da personagem face à realidade hostil.

14. (ENEM – 2013)

Dúvida

Dois compadres viajavam de carro por uma estrada de fazenda quando um bicho cruzou a frente do carro. Um dos compadres falou:

– Passou um largato ali!

O outro perguntou:

– Lagarto ou largato?

O primeiro respondeu:

– Num sei não, o bicho passou muito rápido.

Piadas coloridas. Rio de Janeiro: Gênero, 2006.

Na piada, a quebra de expectativa contribui para produzir o efeito de humor.

Esse efeito ocorre porque uma das personagens

a) reconhece a espécie do animal avistado.

b) tem dúvida sobre a pronúncia do nome do réptil.

c) desconsidera o conteúdo linguístico da pergunta.

d) constata o fato de um bicho cruzar a frente do carro.

e) apresenta duas possibilidades de sentido para a mesma palavra.

15 (ENEM – 2020)

Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário público, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se veem na humilhante contingência de sofrer continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; sabendo, além, que, dentro do nosso país, os autores e os escritores, com especialidade os gramáticos, não se entendem no tocante à correção gramatical, vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma — usando do direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani como língua oficial e nacional do povo brasileiro.

BARRETO. L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 26 jun. 2012

Nessa petição da pitoresca personagem do romance de Lima Barreto, o uso da norma-padrão justifica-se pela

a) situação social de enunciação representada.

b) divergência teórica entre gramáticos e literatos.

c) pouca representatividade das línguas indígenas.

d) atitude irônica diante da língua dos colonizadores.

e) tentativa de solicitação do documento demandado.

16. (ENEM – 2016)

De domingo

– Outrossim...

– O quê?

– O que o quê?

– O que você disse.

– Outrossim?

– É.

– O que é que tem?

– Nada. Só achei engraçado.

– Não vejo a graça.

– Você vai concordar que não é uma palavra de todos os dias.

– Ah, não é. Aliás, eu só uso domingo.

– Se bem que parece mais uma palavra de segunda-feira.

– Não. Palavra de segunda-feira é “óbice”.

– “Ônus”.

– “Ônus” também. “Desiderato”. “Resquício”.

– “Resquício” é de domingo.

– Não, não. Segunda. No máximo terça.

– Mas “outrossim”, francamente...

– Qual o problema?

– Retira o “outrossim”.

– Não retiro. É uma ótima palavra. Aliás é uma palavra difícil de usar. Não é qualquer um que usa “outrossim”.

VERISSIMO, L. F. Comédias da vida privada. Porto Alegre: L&PM, 1996.

No texto, há uma discussão sobre o uso de algumas palavras da língua portuguesa. Esse uso promove o(a)

a) marcação temporal, evidenciada pela presença de palavras indicativas dos dias da semana.

b) tom humorístico, ocasionado pela ocorrência de palavras empregadas em contextos formais.

c) caracterização da identidade linguística dos interlocutores, percebida pela recorrência de palavras regionais.

d) distanciamento entre os interlocutores, provocado pelo emprego de palavras com significados pouco conhecidos.

e) inadequação vocabular, demonstrada pela seleção de palavras desconhecidas por parte de um dos interlocutores do diálogo.

Confira o gabarito das questões: Linguagens (11/10/21)

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