Imagem ilustrativa da imagem Destaque para 2022, novo ensino médio é promessa de mudança
| Foto: iStock

A promessa é de uma revolução no sistema ensino/aprendizagem. Aprovado em 2017, por meio da lei 13.415/2017, o novo ensino médio no Brasil deverá trazer grandes mudanças já a partir de 2022, que envolvem além da parte pedagógica, com mudanças na carga horária e na matriz curricular, mas também na autonomia dos alunos.

Autonomia esta que, segundo o professor Nilson Douglas Castilho, coordenador do Colégio Marista de Londrina, pode promover impactos positivos. “Muito se fala em um ensino médio enrijecido, ultrapassado, e com uma evasão escolar grande. (o novo ensino médio) Traz a flexibilidade do currículo e a possibilidade que o aluno seja ouvido, sendo protagonista do seu próprio futuro e construindo melhor seu projeto de vida”, apresentou.

Confira o podcast com a entrevista do coordenador Nilson Douglas Castilho

Com estrutura firmada na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que estabelece, em resumo, o conteúdo que deve ser transmitido, o novo ensino médio será pautado em dois eixos formativos: a formação geral básica, com português e matemática sendo os destaques, e o chamado itinerário formativo, com a integração das disciplinas dentro das quatro grandes áreas do conhecimento: matemática, linguagens, ciências da natureza e ciências humanas, e onde o aluno poderá usufruir de sua autonomia e poder se aprofundar em alguma área.

Castilho destaca que essa mudança não implica na exclusão de nenhuma das 13 disciplinas. “Vão existir conteúdos específicos para cada disciplina, que podem aparecer no primeiro ou segundo ano, por exemplo. Aulas relacionadas a essas matérias poderão ser dadas de maneira interdisciplinar. A BNCC já coloca um 'grande assunto' em debate e analisa como cada disciplina trata sobre”.

Essa “conversa” entre áreas do conhecimento, com a visão de cada uma sobre um determinado assunto, somado à intenção de desenvolver o aprendizado por competências e habilidades, faz com que o novo ensino médio esteja em maior sintonia com o Enem, que também poderá sofrer alterações nos próximos anos para melhor se adaptar a essas mudanças.

“É necessário que se tenha um acesso ao ensino superior com o sistema de aprendizagem aplicado nas escolas”, comentou o professor, utilizando como exemplo os vestibulares, que ainda são elaborados em formato diferente.

Perguntado se a mudança no ensino médio seria uma solução para as lacunas que a educação brasileira enfrenta, Castilho ponderou que as alterações não são garantia de sucesso, mas são alternativas válidas. “Mudar um segmento da educação básica não garante melhores resultados. A preocupação deve ser com a aprendizagem. Se o aluno aprendeu tudo aquilo que foi passado em sala de aula, e não se preocupar se o conteúdo foi dado até o fim. Se o aluno não aprendeu, por que vou continuar com novos conteúdos?”, indagou.

Para o professor, não é somente uma lei implementada que vai elevar o nível da educação no Brasil, e sim uma mudança de cultura que pode partir da gestão da aprendizagem. “Olhar aquilo que o aluno realmente não aprendeu e dar a ele essa oportunidade, com uma metodologia que fique mais fácil para aprender. Cada um tem facilidade de aprender de uma forma diferente”, completou.

Até 2024, todas as escolas deverão colocar em prática as mudanças do novo ensino médio, encerrando o primeiro ciclo de alunos que ingressaram no primeiro ano em 2022. A transição é gradativa, já que a pandemia da Covid-19 provocou com déficit de conteúdo considerável aos alunos. “Será um período esclarecedor e de muitas respostas”, concluiu o professor do Colégio Marista.

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.