Imagem ilustrativa da imagem FOLHA ENEM 2020- Interpretação é peça-chave na prova de linguagens
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Ao lado da prova de ciências humanas e da redação, a prova de linguagens, códigos e suas tecnologias formam o primeiro dia do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) , marcado para 17 de janeiro de 2021 (versão impressa) e 31 de janeiro (versão online). Tendo como componentes curriculares língua portuguesa, literatura, arte, educação física e língua estrangeira, as 45 questões do caderno influenciam outras áreas do conhecimento, que também utilizam como base a linguística e a interpretação de texto.

E segundo o professor e coordenador do ensino médio do Colégio Marista de Londrina, Nilson Douglas Castilho, a prova cada vez mais valoriza a interpretação do texto. "´É presente em todo o exame, mas aparece em um peso maior na prova de linguagens, que mistura diversas manifestações linguísticas, mostrando o seu papel na vida em sociedade". O nosso idioma (língua portuguesa) e suas representações artísticas (literatura), as expressões corporais (educação física) e as artes plásticas (arte) são exemplos de linguagens presentes no dia a dia e que aparecem na prova.

Outro detalhe presente em todo o Enem, porém em maior quantidade nesta prova, são os chamados "distratores". Termos que são capazes de deixar o candidato em dúvida sobre duas alternativas, dando a impressão de que ambas estão corretas. "Os ‘distratores’ ficam muito mais evidentes na prova de linguagens por causa desse caráter interpretativo muito forte. É uma estratégia muito utilizada por quem organiza o Enem", revelou o professor.

Assim como no caderno de ciências humanas, as temáticas em comum entre as disciplinas também se aplicam na prova de linguagens. "Se pensarmos em arte contemporânea e literatura contemporânea, já temos uma palavra em comum. Basta então o candidato aplicar seus conhecimentos a partir desse termo e de todo o conteúdo trazido por ele", apontou Castilho.

Característica importante da prova, a variação linguística faz com que a gramática (conjunto de regras que indicam o uso correto da língua) não seja predominante. E isso ocorre de forma intencional, nas palavras do professor do Colégio Marista de Londrina. "Todos os usos de linguagem são legítimos, mesmo os que não utilizam da norma padrão. O ideal é saber utilizar no momento adequado. O objetivo do Enem é evitar o preconceito linguístico". Neste ponto, o Castilho explica que fora a questão da regionalidade, as pessoas podem ter um determinado tipo de linguagem por diversos fatores, como classe social, condição econômica, sexo e gênero.

Sem desafios no inglês e no espanhol

As LEM (línguas estrangeiras modernas) presentes no Enem, inglês e espanhol, são compostas cada uma por cinco questões, a depender de qual foi a escolha do candidato no momento da inscrição. Questionado sobre como se apresentam esses enunciados, o professor Nilson Castilho apontou que o exame não elabora questões que exijam conhecimento profundo de qualquer um dos idiomas. "Não é possível ter um aprofundamento porque o candidato precisaria ter vivência dessa língua", afirmou. "Eles (Enem) cobram o uso das LEM em situações comunicativas que seriam comuns a qualquer pessoa de qualquer nacionalidade, como uma tirinha ou um anúncio publicitário", complementou.

A partir de uma interpretação apurada, a prova de linguagens do Enem exige que o aluno tenha a percepção do uso específico de alguma linguagem ou gênero textual a partir do seu contexto.