Imagem ilustrativa da imagem FOLHA ENEM 2020 - Filmes podem servir como complemento de estudos para o Enem
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Quantas vezes você já observou em livros, filmes ou séries algum conteúdo visto em sala de aula? Não é novidade que essas obras atuam como uma ponte para obter conhecimento. Porém, é preciso filtrar o que é relevante para ajudar nos estudos e aplicação em provas de vestibular

Com o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), isso não é diferente. Qualquer produção artística como forma de estudo é válida, mas deve servir como um complemento, e não como carro-chefe.

Professor e Coordenador de Ensino Médio do Colégio Marista de Londrina, Nilson Douglas Castilho explica esse contexto fazendo duas ponderações. A primeira delas é que as produções não servem, necessariamente, para todas as áreas do conhecimento. “Assistir a um filme de ficção científica não ajuda totalmente na prova de Ciências da Natureza. Até como o próprio nome já diz (ficção) nem sempre tem contato com a realidade. É importante que o aluno saiba fazer a distinção do que é real para usar na prova”, explicou.

A segunda observação parte do princípio do famoso “baseado em fatos reais”. Por mais que o termo reforce o caráter de não-ficção, o professor alerta para o conteúdo que pode ser algo muito subjetivo ou pessoal. Ele tomou como exemplo o filme Getúlio, de 2014, que conta a história do ex-presidente do Brasil. “No filme existem falas muito pessoais, que podem ter sido ditas pelo próprio Getúlio, ou apropriadas de familiares, amigos ou companheiros políticos. Não significa que foi tudo aquilo, ao pé da letra. Pode ser uma adaptação”.

O limite do consumo dessas obras como forma de estudo, segundo ele, é justamente a comprovação através do conteúdo dado em sala. “Se você leu ou assistiu algo e percebeu que há relação com o que você tenha visto em aula com o professor, esse conteúdo é plausível é aceitável. Nada substitui o que é abordado em sala de aula. Mesmo que você assista ou leia algo com o intuito de obter conhecimento, não deixa de ser um momento de lazer”, completou.

Sugestões

A FOLHA também pediu que o professor elencasse algumas obras para serem objeto de estudo, com assuntos que são recorrentes no Enem. O primeiro foi Tempo de Glória (1989), com Matthew Broderick, Denzel Washington e Morgan Freeman. “Fala sobre o regimento dos soldados negros na Guerra Civil Americana, onde foi formada a primeira unidade inteiramente por homens afro-americanos, e contada por um comandante que era branco”.

A temática racial também aparece em A Outra História Americana, filme do diretor Tony Kaye de 1998, estrelado por Edward Norton. “Mostra como acontece a divisão de tribos sociais e o racismo está muito forte ali”, apontou.

A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) é praticamente uma figurinha carimbada nas provas do Enem. Entre as sugestões estão A Lista de Schindler (1993), de Steven Spielberg, e A Queda! As Últimas Horas de Hitler, do ano de 2004.

Na área das Artes, Castilho chama a atenção para o drama biográfico e musical Amadeus (1984). “Relatos de três séculos atrás, quando o compositor Mozart (1756-1791) ganhou a confiança da Corte do imperador austríaco. Não fala de uma história em si, mas apresenta elementos, como as técnicas de arte, que podem ser aproveitados no conteúdo da prova”, indicou.

Dos filmes nacionais, a escolha foi de Olga (2004), de Jayme Monjardim, baseado na biografia de Fernando Morais, e estrelado por Camila Morgado e Caco Ciocler, nos papéis de Olga Benário e Luís Carlos Prestes. “Além de retratar o Governo Vargas e a tentativa de golpe em 1935, a obra mostra a relação brasileira na Segunda Guerra, que muitos alunos não se atentam a isso”, explicou.

E o último filme da lista de Castilho é Assalto ao Banco Central (2011). “Trata de muitas questões da economia, usando termos que podem facilitar o entendimento sobre o assunto e informações que poderiam cair em questões de Geografia”, concluiu o professor.