O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é uma prova que pode trazer muitos conteúdos diferentes dentro de suas 180 questões e de sua redação. Todo ano, muitas pessoas apostam em temas que devem aparecer na prova, seja por ser algo atual ou que vem sendo palco de discussões em rodas de conversa e nas redes sociais. Apesar de ser difícil de prever, algumas características do Enem auxiliam a entender a dinâmica da prova, o que pode ajudar os candidatos a terem um bom resultado.

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O professor de literatura do Colégio Marista de Londrina, Abílio Junior, conta que uma das características mais marcantes do exame é a presença de questões interdisciplinares, ou seja, que trazem conteúdos de duas ou mais disciplinas em uma única pergunta. Focando na prova de arte e de literatura, ele explica que é muito comum aparecer alguma questão que traz uma obra de arte e um texto literário.

Conexão

Segundo o professor, da mesma forma que a literatura se divide em escolas literárias, a arte se divide em períodos artísticos e, apesar de uma diferença temporal gigantesca entre elas, a partir da Idade Média a arte e a literatura se unem em muitos momentos. Ele cita como exemplo dessa união o trovadorismo, que trabalha com as cantigas, que é um conteúdo de arte, mas que se apropria também da poesia, que vem da literatura.

“O Enem vai tratar de algumas questões separadamente, mas em todas as edições tem uma ou outra questão que traz um quadro evocando um período artístico e um poema ou um trecho literário para serem analisados em conjunto. Então é por isso que a arte e literatura estão tão conectadas”, explica.

Exame exige interpretação

Junior detalha que, por não ser uma prova conteudista, o Enem não vai pedir para que o candidato responda perguntas sobre características específicas de cada movimento, tanto artístico quanto literário. O que o exame exige, segundo ele, é a interpretação do aluno sobre os conceitos e se ele consegue aplicá-los em determinado contexto apresentado na prova. Para ir bem nessas questões, o professor explica que o aluno vai precisar fazer associações entre as escolas literárias e os períodos artísticos.

Ele cita como exemplo uma questão que apareceu na prova há cerca de três anos: primeiro era apresentado um quadro chamado Moema, do pintor brasileiro Victor Meirelles, que faz parte do romantismo brasileiro; na sequência, o enunciado falava da referência do quadro a um poema épico do arcadismo brasileiro.

O professor explica que a pergunta unia dois movimentos diferentes, sendo um artístico e outro literário, e o Enem exigia que o aluno entendesse a relação entre eles. Apesar de estarem em separados, o arcadismo e o romantismo têm um ponto de encontro, que é o indianismo. “O final do arcadismo tem uma pegada indianista, com foco no indígena e no nativo, assim como na primeira geração do romantismo”, explica. Segundo ele, o conteúdo é uma ferramenta que pode auxiliar o aluno a chegar até a resposta, mas que, sozinho, ele não vai solucionar a questão, exigindo do candidato interpretação de texto e capacidade de associação.

Atenção ao distrator

Sobre a interpretação da questão, o professor afirma que em questões como essa, o estudante precisa ficar ainda mais atento ao distrator. Ele explica que, dentre as cinco alternativas possíveis de resposta, duas são absurdas, em que o aluno que estudou ao menos o mínimo vai saber que elas estão erradas, uma é um pouco menos absurda, mas ainda assim o candidato vai conseguir diferenciar, uma é verdadeira e a outra é o distrator. Segundo ele, essa alternativa de resposta é muito parecida com a verdadeira e, geralmente, é aquela em que o aluno fica em dúvida na hora de marcar o ‘X’.