Vereadores que tentam a reeleição perdem patrimônio em quatro anos
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terça-feira, 06 de outubro de 2020
Guilherme Marconi - Grupo Folha
Nove dos 16 vereadores que são candidatos à reeleição perderam patrimônio, segundo a declaração de bens feita ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A FOLHA comparou os dados dos legisladores que disputaram em 2016 e voltam às urnas no dia 15 de novembro de 2020 para disputar as 19 cadeiras na Câmara Municipal de Londrina. As declarações são uma exigência da legislação eleitoral.
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O maior "salto" no patrimônio foi da vereadora Daniele Ziober (PP), que passou de R$ 18 mil quando se candidatou em 2016 para R$ 675,4 mil em quatro anos. Questionada pela FOLHA, a vereadora informou que após oito anos do falecimento do seu pai foi feito o inventário em que ela e os dois irmãos receberam uma herança. "É patrimônio deles (meus pais) que está no nosso nome, mas em usufruto da minha mãe. É uma herança do meu querido e falecido pai", disse, sobre os imóveis que justificam o crescimento exponencial de mais de 3.600% (veja o gráfico).
Em segundo lugar aparece o vereador Vilson Bittencourt (PSB), que em quatro anos passou de R$ 49 mil para 142 mil, um crescimento patrimonial de 190%.
O presidente da Câmara, Ailton Nantes (PP), e Felipe Prochet (PSD) - que será candidato a vice-prefeito na chapa do deputado Tiago Amaral (PSB) - apresentaram praticamente o mesmo valor de bens nas duas eleições: o primeiro, R$ 353.238,57 em bens, e o segundo, R$ 457.747,46.
'MAIS POBRES'
Entre os vereadores que estão 'mais pobres' em comparativo com 2020 aparece Pericles Deliberador (PSC), que era o vereador mais rico em 2016, com patrimônio de mais de R$ 1 milhão, mas perdeu 56,88% em quatro anos, segundo o informado à Justiça Eleitoral. Outro que listou menos bens a menor em 2020 foi o líder do prefeito na Câmara, Jairo Tamura (PL), que tinha R$ 259 mil e agora tem R$ 56 mil declarados.
A maior queda patrimonial em índice percentual é de Emanoel Gomes (Republicanos). O parlamentar, que tinha declarado dois carros em 2020 com valores somados de R$ 83 mil, agora informou apenas R$ 11.394,00 em espécie.
O vereador Guilherme Belinati (PP) também perdeu 66% do seu patrimônio. Em 2016, ele havia declarado R$ 30 mil em um veículo e agora informou R$ 10 mil em espécie. O vereador está no primeiro mandato na Câmara.
RÉUS NA ZR3
Os vereadores Mario Takahashi (PV) e Rony Alves (PTB) também perderam patrimônio nos últimos quatro anos. O ex-presidente da Câmara e advogado tinha R$ 977 mil de patrimônio, mas perdeu R$ 447 mil, o equivalente a uma queda patrimonial de 45%. Seus bens são compostos de apartamento, cotas em participação de empresas e créditos decorrentes de empréstimo a terceiros. Na última eleição, Takarashi informou ainda possuir R$ 370 mil em espécie, valor que não aparece na nova declaração de bens à Justiça Eleitoral. "Essa diminuição é natural. Em 2012 eu tinha mais de R$ 1 milhão declarado, mas quando entrei na vida pública abri mão de algumas empresas e passei a me dedicar aos mandatos de vereador. Por isso, a queda, porque perdi algumas receitas e precisei colocar algumas contas em dia, por isso a queda no patrimônio."
Já Rony Alves (PTB) - que tinha R$ 305 mil de bens em seu nome em 2016, incluindo um apartamento e dois carros -, fez constar agora R$ 50 mil investidos em um veículo no site do TSE. Em resposta à FOLHA, o professor informou que houve erro na declaração de bens feita pelo partido. Ele disse que ainda possui os mesmo bens declarados no último pleito (dois carros e um apartamento). "O patrimônio lançado lá foi um erro do partido que será corrigido nos próximos dias e esse detalhamento deverá sair na próxima semana."
Ambos os parlamentares são réus na Operação ZR3 por suposta participação em esquema de propina para alternar projetos de lei de zoneamento urbano e foram absolvidos em processo político na Câmara e negaram acusações no processo que corre na Vara Criminal de Londrina. Estevão da Zona Sul (PL), José Roque Neto (PSD) e João Martins também completam a lista dos "mais pobres".