Imagem ilustrativa da imagem Reeleito, Marcelo soube administrar conflitos e pressões
| Foto: Fábio Alcover/31-1-2018

A reeleição do prefeito Marcelo Belinati (PP) em primeiro turno representa não só a aprovação do governo por parte dos londrinenses, como também garante a população conhecer como é conduzida a administração da cidade. Seu perfil independente – livre de polarizações político-partidárias – e sem guinadas drásticas ao longo de seus quatro anos na chefia do Executivo municipal construiu um governo estável. O peso de seu sobrenome, tão marcado pelo tio, o ex-prefeito Antônio Belinati, não influenciou em seu desempenho. “Ele não é o herdeiro natural do tio e escolheu desde o princípio fazer uma composição de secretariado com indicações políticas, mas também com perfil técnico, composto por profissionais de carreira”, analisa Elve Cenci, cientista político e professor da UEL (Universidade Estadual de Londrina). E conclui: “Marcelo Belinati soube administrar as questões de conflitos e das pressões. Com um discurso técnico, foi se equilibrando e seguiu administrando a cidade na ponta dos dedos”.

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| Foto: Fábio Alcover/31-1-2018

Descrito como um homem gentil por quem trabalha com ele, Marcelo Belinati tem outras idiossincrasias, conforme descreve sua assessora de imprensa, Carla Sehn, em uma postagem no Facebook. “O ‘pão-durismo’ crônico, sua rapidez em ler e memorizar textos enormes e uma salada de números, o jeito engraçado de ficar possesso quando deixa escapar um palavrão, a preocupação excessiva com os cabelos grisalhos”. Com 49 anos, casado, pai de dois filhos, o prefeito tem dois diplomas da UEL, o primeiro em Medicina, com especialização em Ortopedia e Traumatologia, o segundo é da faculdade de Direito. Já foi vereador entre 2005 e 2012 e deputado federal em 2015 e 2016, quando venceu as eleições para a prefeitura. Perdeu para Alexandre Kireeff a corrida pela prefeitura em 2012.

Durante a mais recente campanha, Marcelo Belinati demonstrou que a experiência que adquiriu nos últimos anos já começa a pesar. Alvo preferencial dos seus opositores, conseguiu passar quase incólume pela verborragia de Emerson Petriv, o Boca Aberta (PROS), quando recebeu ataques diretos sobre o aumento do IPTU provocados por Marcio Stamm (PODE). “As crises têm um prazo, por isso qualquer político toma as medidas mais duras nos primeiros anos. Estrategicamente, ele aumentou o IPTU no primeiro ano e o tema foi se dissipando com o tempo”, analisa Censi. O prefeito também não rompeu com características próprias da política regional. “Fez obras que dão visibilidade, medidas típicas de um prefeito candidato, assim como asfaltar rua, plantar flores, passando a imagem de que está melhorando a cidade”.

Sua capacidade de aglutinar opiniões parece cada dia mais forte, como aponta o testemunho de um de seus secretários nas redes sociais. Titular da Secretaria Municipal de Gestão Pública, Fábio Cavazotti conta em seu perfil no Facebook que jamais se imaginou pedindo voto e que a política partidária, em geral, sempre pareceu pouco confiável. Mesmo assim, fez campanha para o chefe. “Ao fim de quatro anos, o Marcelo se mostrou um grande prefeito – que honra a tradição de antigos e bons administradores da cidade. Amadureceu de forma extraordinária ao longo do tempo, demonstrando a sabedoria de quem sabe aprender com a experiência”, elogia.

VOOS

O desempenho, no entanto, ainda não lhe dá cacife para voos maiores, segundo entende Cenci. “O prefeito é um político de Londrina, ele foi bem votado como deputado, mas não permite necessariamente que busque o Senado. Seu futuro deve depender muito da parceria com o deputado e líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP). A questão é que normalmente o segundo mandato é pior. Ele deve enfrentar problemas concretos como a recuperação pós-pandemia”. Mas, como será o futuro, só o tempo dirá. Que venham os próximos quatro anos.