Em Londrina, o perfil do eleitor responsável por escolher o próximo prefeito e 19 vereadores é de uma mulher, com 40 anos de idade e ensino médio completo. Esse é um retrato médio feito com base na atualização dos dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). São 376.073 eleitores aptos a votar em novembro, crescimento de 6,44% em comparação com as eleições municipais de 2016.

Imagem ilustrativa da imagem Perfil do eleitor londrinense impõe desafios aos candidatos

Como segundo maior colégio eleitoral do Estado, o município segue com mais mulheres votantes, que representam 54,2% do total, acima até da média paranaense, que é de 52,4% de eleitoras. Há também um predomínio de público adulto (entre 25 e 59 anos de idade), que soma mais de 66,7% dos londrinenses aptos a votar. Outra característica dos eleitores de Londrina é o maior grau de escolaridade. Somados o superior completo, superior incompleto e ensino médio completo, chegam a quase 60% do eleitorado local.

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| Foto: FOLHA ARTE

Já o número de eleitores com voto facultativo tem dois cenários. Entre os idosos com mais de 70 anos, houve um crescimento percentual neste ano, com 8,76% contra 6,03% da fatia representada em 2016. Já o número de jovens que tiraram o título antes do período obrigatório caiu bastante em 2020. São apenas 96 eleitores com 16 anos e 544 com 17 anos, ou 0,17% do total. Em 2016, as duas idades somavam 2.027 jovens aptos a votar, 0,58% do total do eleitorado.

ANÁLISE

Para o professor de Ética e Filosofia Política da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Elve Cenci, o perfil mostra que o nível de escolaridade do eleitor pode dar um direcionamento para os postulantes na hora de apresentar as propostas durante a campanha. "Os candidatos terão que se ater a essa segmentação da sociedade. Essa escolaridade tem a ver com o polo universitário. Os estudantes que vêm de fora acabam ficando na cidade em busca de oportunidade de estudo e no mercado de trabalho."

A faixa de eleitores predominantemente adulto pode até prejudicar o candidato que aposta no voto dos mais jovens ou de pessoas acima de 60 anos, mas poderá dar um direcionamento aos candidatos. "Isso impacta diretamente nas propostas. São pessoas que geralmente estão preocupadas em conseguir um emprego, com o futuro do mercado de trabalho. É uma população que tende a ter filhos pequenos com diversas demandas por escolas, vagas em creches e melhores condições de infraestrutura, como posto de saúde e transporte público", diz o analista político.

ELEITORADO FEMININO

Apesar do gênero feminino formar maioria, isso não quer dizer que as pré-candidatas mulheres podem ser beneficiadas. Nas últimas eleições municipais, apenas uma das 19 cadeiras da Câmara Municipal de Londrina foi preenchida por uma vereadora - na legislatura anterior (2013-2016) eram três representantes do gênero. "O fato de nós termos mais mulheres votando, infelizmente, não se reflete em mais mulheres na política. É um contraste bem grande porque há um número pequeno de representantes em cargos políticos. Talvez seja um dado importante de se refletir na hora do voto", avalia o diretor do Fórum Eleitoral de Londrina, o juiz Luiz Valério dos Santos.

O magistrado também analisa que o perfil do eleitorado demonstra que os candidatos irão se deparar com um eleitor mais crítico. "São pessoas que em tese irão fazer um juízo de valor daquele candidato. Não vão aceitar uma proposta de qualquer forma. É uma eleição diferente das eleições gerais para presidente e deputado que discutem temas de interesse nacional. Serão debatidas questões que fazem parte do dia a dia do eleitor, que estão mais próximas", opina.

Mesmo com toda polarização das últimas eleições presidenciais em 2018, Elve Cenci avalia que dificilmente Londrina terá candidatos fortes que representem Bolsonaro ou o Partido dos Trabalhadores, ou seja, sem a repetição do cenário nacional. Por isso, segundo ele, a tendência é que o debate ideológico dê lugar a um "olhar para os problemas da cidade". "São as demandas locais que estão em jogo numa eleição municipal. O eleitor costuma diferenciar e ter essa consciência. E os próprios candidatos terão que discutir as questões da cidade na hora de bater na porta do eleitor. É como se a poeira baixasse."