A reeleição do prefeito Marcelo Belinati (PP) com uma votação histórica e ampla vantagem sobre os demais concorrentes é o ponto alto do que é denominado pelo cientista político Clodomiro Bannwart como o "neobelinatismo". A nomenclatura começa a ser construída nas eleições de 2012, quando Belinati perde para a "novidade" Alexandre Kireeff, capitaneado pelo discurso técnico e da antipolítica, se confirma com a primeira eleição do atual prefeito em 2016 e se concretiza agora com uma vitória sem contestação e adversários frágeis.

"Marcelo tomou medidas impopulares no início do mandato, porém, ganhou fôlego financeiro para os anos seguintes. Imprimiu transparência nas contas públicas, entregou obras e assumiu a difícil tarefa de gerir uma crise sanitária sem precedentes na história da cidade. Conquistou confiança de parte do eleitorado antibelinatista, avançou em pautas diversas, uniu diferentes segmentos, manteve-se aberto ao diálogo, conseguindo, enfim, dar à luz ao neobelinatismo", afirma Bannwart, professor de Ética e Filosofia Política da UEL (Universidade Estadual de Londrina).

Clodomiro Bannwart lembra que em 2016 Kireeff desistiu de tentar a reeleição e apoiou um nome fora do seu partido, Valter Orsi, do PSDB. Belinati venceu no primeiro turno com 51% dos votos. Agora, em 2020, novamente sem Kireeff na disputa, o PSDB, que em 2016 havia conquistado 35% dos votos, se alia a Marcelo Belinati e isso praticamente anula qualquer chance de concorrência efetiva contra o atual prefeito.

"Os nomes que disputaram o pleito buscaram firmar-se como se fossem o novo Kireeff. Nenhum deles conseguiu tal façanha, pois Marcelo já havia se firmado na liderança, a léguas de distância dos concorrentes, lavando a tiracolo uma gestão bem avaliada e sem crises que a maculassem", avalia o cientista político.

LEGADO

Bannwart ressalta que o cenário de pandemia e o novo formato das eleições contribuíram para um quadro de pouco contraditório em debates rasos durante a campanha de 2020 e que o legado e a continuidade do neobelinatismo estão nas mãos de Marcelo Belinati nos próximos quatro anos.

"O neobelinatismo firmou-se vitorioso. Em 2024, Marcelo não estará na disputa. A depender do resultado de sua segunda gestão, poderá fazer o sucessor. Os que desejam disputar com o neobelinatismo terão árduo trabalho pela frente, devendo, primeiramente, entendê-lo como fenômeno político".