Dos 19 vereadores que ocupam cadeiras na Câmara Municipal de Londrina, apenas Gerson Araújo (PSDB), o "Pastor Gerson", não sairá candidato nas eleições municipais marcadas para novembro. Ou seja, 16 parlamentares devem tentar a reeleição, e Junior Santos Rosa (REP) e Felipe Prochet (PSD) sairão candidatos a prefeito e vice-prefeito, respectivamente.

No quarto mandato como vereador, Araújo disse que após consulta à família tomou a decisão de desistir da reeleição. Em janeiro, o juiz da 2ª Vara Criminal de Londrina, Délcio Miranda da Rocha, havia condenado à prisão o vereador e ex-prefeito de Londrina, e o ex-assessor parlamentar dele por estelionato em um caso envolvendo a construtora Iguaçu do Brasil. "Considero uma injustiça tremenda. Até que se resolva tudo isso a gente preferiu estar fora", disse Araújo à FOLHA.

Imagem ilustrativa da imagem No quarto mandato, Gerson Araújo abre mão de reeleição
| Foto: Devanir Parra/CML

Ao anunciar a saída da vida pública após encerrar mandato em dezembro, o tucano sustenta que o seu então assessor à época foi o responsável por fazer o acordo para influenciar ex-proprietários de terrenos localizados em frente ao Estádio do Café a venderem as terras para a empresa, que acabou lesando milhares de clientes em Londrina. "Até agora o juiz não tomou conhecimento dessa situação de forma definitiva. Mas não é só isso que está estabelecendo minha saída. Eu continuo afirmando que sou vítima de injustiça. Estou cansado e quero fazer coisas diferentes."

TRAJETÓRIA

Gerson Araújo, 78 anos, é chamado de "decano" na Câmara de Londrina. O pastor cursou pedagogia na UEL (Universidade Estadual de Londrina) e teologia na Faculdade Presbiteriana em São Paulo e é mestre em psicologa pastoral. Foi ordenado pastor em 1965 e exerceu a atividade na 1ª Igreja Presbiteriana Independente de Londrina. Trabalhou como professor no antigo Instituto Cesulon (hoje UniFil) e na Faculdade de Teologia de Londrina e foi capelão do Hospital Evangélico de Londrina por 42 anos. No setor público, exerceu a função de Chefe do Núcleo Regional da Secretaria Estadual de Trabalho e Ação Social no período de 1989 a 1991. Foi eleito vereador em Londrina pelo PMDB para o período 1983-88. Já pelo PSDB retornou à Câmara de Vereadores em 2009, sendo reeleito em 2012 e 2016 e está no terceiro mandato consecutivo.

Assumiu o cargo de prefeito de Londrina em setembro de 2012 até dezembro, em decorrência da vacância dos cargos do prefeito cassado Barbosa Neto e do vice-prefeito José Joaquim Ribeiro, que renunciou após ser preso. "Eu creio que consegui manter na minha trajetória política uma linha de equilíbrio na Câmara, de trabalhar e ajudar o Legislativo a tomar as melhores decisões. Tive o privilégio de ter sido prefeito por 100 dias e alcançamos o objetivo de entregar uma transição para o próximo prefeito com seriedade, ajustando as contas", avaliou.

Em fevereiro deste ano, Araújo foi condenado a dois anos e 20 dias de reclusão pelo crime de estelionato e mais uma pena de igual período por falsidade ideológica. A pena, entretanto, foi substituída por prestação de serviços comunitários por sete horas semanais, pelo mesmo período de duração da pena, e o pagamento de multa de cinco salários mínimos vigentes à época dos fatos. Pelo mesmo fato do processo da "Iguaçu do Brasil", o vereador e o ex-assessor foram condenados por improbidade administrativa na esfera cível em 2018. O parlamentar recorre das decisões no Tribunal de Justiça.

RÉUS DA ZR-3

Réus na Operação ZR-3, os vereadores Rony Alves (PTB) e Mario Takahashi (PV) - que chegaram a ser afastados dos cargos por cerca de 18 meses (entre janeiro de 2018 e meados de 2019) acusados pelo Ministério Público por suposto envolvimento em esquema de propina para alternar projetos de lei sobre zoneamento urbano -, confirmaram presença para tentar a reeleição. Ambos negaram acusações no curso dos processos e foram absolvidos pela Câmara após conclusão da Comissão Processante em setembro de 2018 .