Imagem ilustrativa da imagem ELEIÇÕES 2020|  'Quero implantar uma linha moderna de administração'
| Foto: Gustavo Carneiro

Quinto entrevistado da série da FOLHA com os candidatos a prefeito de Londrina, o delegado aposentado da Policia Civil Nelson Misuta Águila é advogado e também formado em arquitetura em urbanismo e está na primeira disputa eleitoral da recente trajetória política. O delegado Águila Misuta (MDB) diz que vai implantar uma gestão antenada com o futuro. É crítico do projeto do condomínio industrial - que será erguido na zona norte - e também do Plano Diretor em trâmite na Câmara Municipal. O candidato fala em um modelo mais "arrojado", como a construção de uma Cidade Industrial nos moldes da de Curitiba para atrair indústrias a Londrina. Confira a entrevista a seguir.

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| Foto: Gustavo Carneiro

Por que o senhor quer ser prefeito de Londrina?

Já encerrei um ciclo dentro da área pública como delegado. Eu quero me tornar o gestor da cidade por entender que a gente pode implementar uma linha mais moderna de administração. Desde a minha infância que sempre se coloca, sempre se busca Londrina como uma cidade do futuro, mas esse futuro precisa chegar uma hora. Isso fez com que eu pretendesse disputar eleição para fazer de fato Londrina sem ser inserida no século onde nós estamos e se tornar uma cidade modernizada e uma cidade que ocupe o patamar que ela sempre ocupou e merece estar.

O senhor cita no seu programa de governo o projeto Cidade Futura. No que consiste?

Nós colocamos a coligação Londrina no século XXI. E veja, o século XXI não é o futuro, é o agora. O uso de tecnologias, de inteligência artificial é uma realidade na área privada. O Uber no iFood muitas pessoas usam sem se dar conta de que são programas de Inteligência Artificial, que estão ajudando o nosso dia a dia. Ao passo que quando você vai para o serviço público encontra ainda o serviço sendo gerido de forma arcaica com papéis e preenchimento de requerimentos. O Estado tem que modernizar a cidade, merece o cidadão, merece o usuário, merece o estado mais moderno e prestador de serviços públicos mais eficientes.

Muitos candidatos falam em gestão eficiente. Além de eficiência é preciso de dinheiro em caixa, arrecadação. O senhor pretende aumentar impostos?

Nenhum candidato neste momento da sua campanha diria que aumentaria qualquer espécie de tributo, né? No meu caso é uma realidade. Eu entendo que pela análise do orçamento da cidade de Londrina nós temos receitas suficientes para cobrir o custeio e fazer investimentos necessários. A gente pretende manter a receita de tributação (IPTU) do jeito que está, congelado, e tornar eficiente o uso desses recursos.

Um dos maiores desafios do próximo gestor é criar um ambiente favorável para os negócios. Qual sua proposta para atração de empregos?

É preciso investir em infraestrutura de fato para alavancar a economia. Não esse condomínio de lotes que querem vender como cidade industrial, como propaganda de gestão. Um exemplo esta´em Curitiba, que na década de 70 mudou seu perfil para um perfil industrial e contratou o urbanista Jorge William com projeto da cidade industrial de Curitiba, mas de fato que abriga pessoas residindo. Então, não se trata de fazer um loteamento com lotes comerciais. É necessário a gente planejar uma Cidade Industrial para atração dos micros e pequenos empresários para fornecer ou participar da produção dos grandes também.

Isso se resolve doando terrenos?

Isso era política do passado. Para uma Londrina para o futuro nós temos que pensar na Londrina com uma cidade industrial que vá comportar daqui alguns anos 140 mil pessoas morando em um parque industrial que possa alavancar a economia da cidade pela industrialização. É preciso trabalhar projetos para Londrina para além de quatro anos, independendo de quando os frutos serão colhidos.

O senhor acompanha o debate do Plano Diretor? Qual principal impasse que amarrou o projeto na Câmara Municipal?

O Estatuto da Cidade diz que o Plano Diretor precisa ser revisto a cada 10 anos. Isso significa ver o que que essa lei trouxe de bom e manter o que que essa lei traz de algo equivocado e ser alterado. Infelizmente, houve uma produção de um novo plano diretor que não tem, não é conexo com o atual. Agora, não tem outra alternativa senão retirar esse projeto e fazer e ser feito o plano diretor atual. O PL que está no Legislativo muda o modelo de desenvolvimento urbanístico da cidade, nosso modelo que tá posto no plano diretor 2008 é um que se desenvolve a cidade através das vias mais hierarquicamente estabelecidas e esse novo projeto traz um desenvolvimento urbano através de macrozoneamentos, uma reprodução mal feita do plano diretor de Maringá, ou seja, não vai funcionar. Temos que retirar de pauta e fazer o que tem que ser feito, apenas revisá-lo.

Outro gargalo é a questão do deficit da Caapsml. Qual a proposta do candidato para resolver essa pendência na previdência municipal?

O gestor municipal tem que ser no mínimo honesto, pode não ser eficiente, pode não ser eficaz, pode não ser nem inteligente, mas precisa ser honesto. O município terá que fazer transferências para que a Caapsml seja uma instituição sadia.

Qual seu plano para a saúde de Londrina?

O problema da saúde pública de Londrina e vou estender isso ao Brasil é de gestão. A demanda do sistema de saúde não está ligada apenas à contratação de mais médicos, de investimento, de mais recursos. Precisa tornar a gestão eficiente, ou seja, precisamos saber exatamente quantos médicos nós temos, quantas horas trabalham onde eles estão, a real fila de exames.

Mas isso já não é feito, candidato?

Mas os usuários precisam dessa transparência. Não existe um local onde eu saiba que aquela informação que o servidor me dá de que não tem o exame, que é verídica ou não, eu não sei se é um favorecimento ou não, eu não sei se é uma reserva de vaga ou não para atender determinadas pessoas. É preciso de um aplicativo que eu entro e aponta uma defasagem de ginecologista porque só tem o Doutor João e a Doutora Maria para atender. Preciso dessa transparência, de informatização e a partir disso eu vou ter de fato a demanda que eu tenho que atender e onde é que tá o gargalo.

Na pandemia a situação dos moradores de rua ficou mais visível na sociedade. Qual será sua atenção na assistência social?

Morador de rua é um ser humano, não podemos pensar que aquilo é um fantasma e está invisível. O poder público tem que olhar para esse ser humano e dar uma solução para isso entendeu. O morador de rua não é alguém que você de repente vai fazer um abrigo e ele vai automaticamente. São problemas sociais, familiares e psicológicos e muitos eles estão na rua e não querem sair ou não têm onde morar. É preciso desse entendimento dessa população, é necessário poder público se aproximar delas, dar a destinação a quem for possível, dar tratamento a quem for possível, mas nunca virar as costas e tratar com aquele problema como se fosse um problema que não existisse. 'Ah mas isso sai caro', mas é para isso que existe tributo e o tributo existe para que o poder público possa beneficiar a vida de quem precisa.

Tem outra questão que é falta de habitação.

Quando cito a Cidade Industrial a gente não pensa no loteamento para vender lotes comerciais, tem que pensar numa estrutura que vai atrair investimentos comerciais, industriais, mas também vai ter no seu entorno habitações daqueles que vão trabalhar nesses locais e o poder público tem que estar desenvolvendo áreas de habitação ali, levando infraestrutura, levando o ônibus da escola, posto de saúde para aqueles locais. Não é vender ou fornecer lotes para indústrias, é mobilizar todo um contexto urbanístico para locar a indústria e ofertar inclusive moradia para essas pessoas.

O senhor pretende dar continuidade ao Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura)?

O Promic certamente será mantido no meu governo. Cultura não é algo de que a gente possa prescindir: um povo sem cultura é um povo sem futuro. Nós precisamos enfatizar a nossa cultura aqui e o Promic é talvez o único programa ainda vinculado ao poder público que dá a possibilidade dos grupos ligados à cultura produza alguma coisa. Agora, além disso o poder público, através da secretaria, tem que ter uma pauta para a gente desenvolver cultura dentro da cidade. O Teatro Municipal é algo que eu quero muito concluir, embora não seja uma obra diretamente ligada à Prefeitura Municipal; eu quero ir até Brasília desenvolver tratativas no sentido de concluir essa obra. A Secretaria de Cultura tem que promover e incentivar as manifestações culturais e o Promic é o canal.

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OUÇA A ENTREVISTA COM O CANDIDATO:

Folha de Londrina · ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2020 | Delegado Águila Misuta (MDB)