Imagem ilustrativa da imagem Eleições 2020|  "Nós não vamos ficar na enganação do condomínio industrial"

Ex-chefe de gabinete da gestão Alexandre Kireeff (2013-2016), o empresário Marcio Stamm (Podemos) disputa pela primeira vez o cargo de prefeito com apoio do partido que abriga os três senadores paranaenses. Já na disputa local, o Podemos está coligado apenas com o Cidadania.

O candidato defende o desenvolvimento econômico como principal plataforma de governo. Crítico do aumento do IPTU, Stamm diz que não aumentará encargos e sugere que irá retomar empregos simplificando legislações e dando apoio ao microempreendedor. Na infraestrutura, promete revitalizar o Centro Histórico de Londrina. Já na saúde, no pós-pandemia, pensa em investir em saúde preventiva e nos mutirões para zerar filas.

Por que o senhor quer ser prefeito de Londrina?

É vontade de fazer com que Londrina tenha a sua vocação natural, que é o desenvolvimento econômico, como prioridade na gestão. Isso porque o desenvolvimento econômico é aquilo que faz as maiores transformações na vida de qualquer pessoa, pela geração de emprego, geração de riqueza e de tudo isso que se faz gerando um círculo virtuoso. E isso faz com que a gente não tenha necessidade de ter aumento de imposto, e infelizmente na atual gestão o desenvolvimento econômico não foi prioridade.

Muitos candidatos citam gestão enxuta, mas é necessário ter uma arrecadação adequada para fazer os investimentos. Como o senhor pretende investir sem esse dinheiro extra do IPTU?

O aumento brutal de IPTU que foi imposto pelo atual prefeito e aceito de maneira passiva pela Câmara de Vereadores, com algumas exceções, trouxe um aumento de R$ 385 milhões de receita. Essa receita daria para se fazer pelo menos 38 UPAs 24 horas ou 20 viadutos iguais aqueles da rodoviária, sem necessidade de financiamento - e aquele viaduto foi feito com financiamento. Outra questão é a cidade industrial de Londrina, que enquanto chefe de gabinete da gestão Kireeff tive a oportunidade de integrar grupos de trabalho e foi encaminhado um terreno que se tinha para execução de casa popular e nós destinamos aquele terreno para se instalar o parque industrial há seis anos. E você sabe o que aconteceu em quatro anos depois que a gestão Kireeff transformou a área em zona industrial? Nada. Só se destruiu a placa e esses dias fizeram um anúncio com a presença do governador para dizer que terá um financiamento para ter esse condomínio. Poderia ter feito com esse dinheiro do IPTU, o que mostra que não houve prioridade.

Mas qual será sua política para atração de empregos, que possa gerar renda de forma imediata?

O poder público precisa ser um facilitador. Nós perdemos para Cambé recentemente uma indústria de fertilizantes. Vamos remodelar isso para poder atender de forma adequada a população. Vamos fazer processo inclusive de revisão da legislação para simplificar. É olhar de frente um problema e fazer com que aquelas pessoas que muitas vezes inclusive querem fazer um lugar para vender um lanche, um cachorro-quente e tem dificuldade ou demora uns três, quatro a seis meses, cada hora é uma dificuldade para a pessoa ter um alvará. Nós não vamos ficar na enganação do condomínio industrial. Vamos liderar para que todas rodovias sejam duplicadas. Bem como a ampliação do nosso aeroporto.

Isso irá recuperar empregos?

Ficamos na posição 339 em empregos de 399 municípios em 2019. Isso demonstra que não houve prioridade. Vamos ter ações pós-pandemia para ajudar os empreendedores que estão com dificuldade e vamos tentar dar impulsionamento. Vamos ajudar o agricultor familiar, que pode produzir muita coisa, vamos fazer uma infraestrutura para cuidar das mulheres que têm vocação para empreender. Vamos dar orientação de marketing, administrativa. Mas também vamos cuidar do grande, além do pequeno e do médio.

O Plano Diretor, em debate desde dezembro de 2017, é um impasse que deverá ser resolvido pelo próximo gestor. Qual a análise que o senhor faz do planejamento urbano?

É mais uma situação que está atrasada. O Plano Diretor era para ser revisto em 2018 e infelizmente foi mandado para lá só a lei geral, sem leis específicas, como a de uso e ocupação do solo e zoneamento. Esse projeto incluiu situações péssimas para o desenvolvimento econômico da cidade, pois cria restrições para se implantar atividades industriais. Na região sul, atrás do Shopping Catuaí e onde tem inúmeros condomínios, ele indica que aquele lugar deixa de ser uma zona urbana. O PL concentra atividades em um único eixo na Avenida Tiradentes. Infelizmente, foi um plano diretor concebido para fazer com que Londrina continue patinando.

Como garantir esse desenvolvimento econômico sem retrocesso na mobilidade urbana e qualidade de vida?

Nós temos que olhar com cuidado e nós temos que observar inclusive as discussões, envolvendo setores representativos da sociedade. Só que se o prefeito vir isto como importante, coloca debaixo do braço e vai discutir. Nós temos como uma das prioridades o projeto de revitalização do centro histórico de Londrina e vamos fazer com que isso de fato aconteça, transformando aquele local histórico da cidade de Londrina em uma referência, com calçadas de qualidade, com a revitalização do Bosque Central. A ideia é criar uma rota de ecoturismo nos distritos, incluindo com ligações de ciclovias. A cidade precisa ser resgatada para nosso povo.

O próximo prefeito terá o desafio de equilibrar o caixa da previdência municipal, que possui deficit financeiro e atuarial. Qual sua avaliação?

Quando eu era chefe de gabinete do ex-prefeito Kireeff tínhamos no caixa da Caapsml cerca de R$ 240 milhões e hoje são R$ 40 milhões. Sabe o que aconteceu? Uma irresponsabilidade tremenda, porque mesmo com o aumento do IPTU, de R$ 385 milhões, nada foi investido no aporte. Podemos ter problema no CRP (certificado de regularidade previdenciária) se não pagarmos a previdência e ficamos impossibilitados inclusive de contrair financiamentos, que foram muito usados na atual administração para fazer obra e que vão ter que ser pagos. É isso que a atual administração precisa explicar. O que foi feito com o recurso, se só 8% foi usado para obra e nada foi feito. A questão da Caapsml é sentar com o servidor e achar uma solução para isso, porque o reflexo da falência é para toda a sociedade e isso não vamos deixar acontecer.

Qual sua proposta para saúde no pós-pandemia?

Teremos um reflexos das cirurgias eletivas que não foram feitas e iremos fazer por mutirões e depois vamos cuidar da prevenção e isso passa por investimento de equipes do Nasf (Núcleo de Apoio à Saúde da Família) e faz com que a gente tenha menos problemas na ponta. Nós vamos também fazer duas UPAs, uma na região leste e outra na região norte, e se for possível ainda na zona sul.

Tem dinheiro para tudo isso, candidato?

Eu te disse no começo que o cálculo só do aumento do IPTU daria para fazer 38 UPAs. Podemos fazer três UPAs, cinco viadutos, um parque industrial. Tem que priorizar e nós vamos priorizar. Vamos fazer centro de saúde da mulher e fazer com que os postos de saúde (UBS), alguns possam funcionar até as 22 horas, além de fazer a informatização dos prontuários, que é algo que não sei porque ainda não foi feito.

Sobre a situação dos moradores de rua. Qual sua proposta para apoio à rede de assistência social londrinense?

Tem recursos na assistência social. São R$ 83 milhões. Nós vamos cuidar desses moradores de rua e temos que fazer com que sejam reinseridos no mercado de trabalho. Nós não podemos deixar também aquele ambiente como a Rodoviária de Londrina ser a casa dos moradores de rua e indigentes.

Mas como tirá-los sem ser à força e dar dignidade?

Ação diária com diálogo e ação social. Não é dando dinheiro e nem renegando, trabalhando incansavelmente dia a dia e cuidando.

Qual a importância do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura)?

Todas as as ações para fomento do cultura e esporte são positivas. Citamos a questão da revitalização do Centro Histórico e precisamos ocupar espaços públicos com eventos, oficinas e convênios para ter exposições vindo de fora. Nós vamos tentar ampliar a verba com cuidado natural de equilíbrio do orçamento. Como não vamos aumentar impostos, teremos que fazer toda uma readequação da máquina e fomentar ações. Cultura e esporte são muitos importante e teremos ações para contra-turno da escola para implantação do ensino de tempo integral.

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