A FOLHA retoma nesta segunda-feira (26) a série de entrevistas com os candidatos a prefeito de Londrina. O sexto entrevistado, conforme a ordem alfabética combinada com as assessorias dos candidatos, é o vereador Junior Santos Rosa (Republicanos), que está em seu terceiro mandato na Câmara Municipal e tenta pela primeira vez o cargo de prefeito. A candidatura dele foi a última a ser confirmada - após o período de convenções. O partido está coligado com o PSL, legenda com a segunda maior bancada na Câmara de Deputados, fator que lhe rendeu um razoável tempo de exposição nos programas eleitorais no rádio e televisão. A aliança foi costurada com o deputado federal bolsonarista Filipe Barros, que abriu mão da candidatura a prefeito para lançar o vice na chapa. Santos Rosa aponta como principal plataforma de campanha a desburocratização dos trâmites para facilitar novos negócios em Londrina. Já na questão social, sugere parcerias público-privadas para projetos sociais para incluir moradores de rua no mercado de trabalho.

Imagem ilustrativa da imagem ‘Destravar a cidade é a prioridade’
| Foto: Gustavo Carneiro

O senhor já está no terceiro mandato na Câmara. Por que desistir de uma reeleição considerada mais fácil para entrar numa disputa tão acirrada pela prefeitura?

Para mim política é uma missão, é um propósito em servir à comunidade, em servir às pessoas e não é um cargo, uma carreira só. E esse propósito eu decidi quando fui convidado pelo partido Republicanos, por meio do secretário de Planejamento do Paraná, Valdemar Bernardo Jorge, a aceitar esse desafio e me colocar à disposição da cidade, trazendo um novo projeto, uma nova forma de fazer política, ouvindo e servindo pessoas da melhor maneira. Eu cheguei a ouvir que estaria reeleito, mas acredito nesse propósito, que meu mandato de prefeito é esperança de muita gente de uma nova política.

O Republicanos é da base de Ratinho Junior no Paraná e do governo Bolsonaro. O PSL, que indicou sua vice, tem como líder local o deputado federal Filipe Barros, expoente do bolsonarismo. O senhor pretende levantar as mesmas bandeiras do presidente?

A coligação se soma porque têm muitas coisas que nós defendemos, como liberdade econômica, as liberdades individuais e essas bandeiras que são ligadas ao presidente da República. Muitas delas serão levantadas sim na nossa campanha, mas serão apresentadas de forma que contribua com a nossa cidade. Tudo aquilo que é bom, tudo aquilo que é justo, daquilo que a gente entender que é honesto para servir a nossa cidade e que esteja alinhado com o presidente e também com o governo do estado, nós vamos levantar aqui.

Um desafio do próximo prefeito é recuperar vagas de empregos perdidas na pandemia. Qual o caminho?

É necessário deixar bem claro que já há alguns anos a legislação de Londrina tem impedido novas empresas e empresas daqui e que investidores venham para nossa cidade para gerar mais emprego - se não geram mais empregos gera-se mais pobreza. No nosso entendimento vamos partir para a desburocratização da nossa cidade, facilitação dos trâmites. No meu mandato nós vamos destravar Londrina através da desburocratização, também com um pacote de leis que também inclui plano diretor da cidade, que nós precisamos fazer deixar mais propício para atração de empresas.

Dos 10 candidatos a prefeito, o senhor é o único vereador, e acompanha o debate do Plano Diretor de perto na Câmara. Por que empacou por lá?

O prefeito tem que liderar esse processo para que aconteça, para que todos os segmentos da sociedade possam se entender. O Plano Diretor está falando da qualidade de vida da cidade e todos os efeitos. Eu acredito que uma liderança maior do Executivo tem que ser colocada para atingir o seu objetivo. Eu considero o mais importante a questão de geração de empregos, e as leis que nós temos hoje, pelo Plano Diretor, travam a implantação de indústrias. Nós temos que destravar a cidade para que esse crescimento não seja lento, principalmente no pós pandemia. Os investidores querem Londrina, somos uma cidade tecnológica, uma cidade bem posicionada na América Latina. Uma das maiores reclamações do setor produtivo, e o setor produtivo é que gera emprego: destravar a cidade é prioridade.

Como o senhor pretende sanar o deficit da Caapsml?

Olha só, tenho acompanhado esse debate e faltaram repasses que eram para ter sido feitos nos últimos anos e não foram feitos pela atual gestão. O cálculo atuarial precisa ser atualizado para saber o tamanho do rombo. Existe já uma necessidade urgente para que isso aconteça e a lei assegura que não havendo o valor deverá ser retirado do caixa da prefeitura porque a aposentadoria é direito constitucional. Nós temos que resolver, vamos sentar com os servidores, com os conselhos e já faremos algumas aplicações a primeiro momento, o aporte em si.

Qual será sua prioridade para a saúde pública?

A saúde é uma rede que começa desde a unidade básica, vai para a UPA e depois para o hospital, e toda essa rede entre governos do Estado e municipal tem que conversar. Existe um problema que reflete na vida das pessoas que chegam no posto de saúde e elas não têm médico e já vão direto para o hospital, e o hospital tem a sua classificação de risco. E agora com a pandemia muitas pessoas perderam o emprego e tinham plano de saúde e estão sobrecarregando ainda mais o sistema público.

Mas qual seria a solução?

Nós temos que saber o fluxo, o que está acontecendo e por que está faltando, sendo que tem recursos que estão vindo tanto do governo federal quanto do governo estadual. Precisamos rediscutir o fluxo da saúde em Londrina para que a população possa ser mais atendida e nós não podemos deixar que falte atendimento médico à comunidade quando ela mais precisa, e às vezes chega no posto de saúde, na UPA e não tem o médico, então nós precisamos rever isso. Há recurso e ele tem que ser bem gerido, bem aplicado para que a comunidade possa ser bem atendida.

Outro desafio é dar assistência social adequada para retirar moradores das ruas. Como o senhor irá tratar o tema?

Como vereador eu trouxe uma opção para a cidade de Londrina, que é uma parceria com a ONG reconhecida nacionalmente e premiada, a Missão Vida. Ela trabalha com recuperação de moradores de rua em Londrina e essa será um parceiro importante. Isso porque o morador de rua hoje tem dois problemas: o primeiro, que é o vício de pedir, o segundo, o vício de drogas. Em Londrina nós temos talvez a melhor assistência social porque temos muita gente, doutores professores que trabalham em nossa assistência e conhecem esse problema, mas isso só pode ser resolvido em parceria público e privada. Trazer as ações e colocar um novo sistema para que a gente possa levar até esse morador de rua uma opção de vida, não é só retirá-lo da rua, você tem que tirar drogas dele e depois tem que inseri-lo na vida em sociedade com oportunidades, já capacitado a voltar ao mercado de trabalho.

Outro problema interligado é a falta de habitação. A Cohab em Londrina diz que não tem caixa para novas moradias. Como solucionar?

É necessária uma parceria com a Cohapar do Paraná, que tem projetos, e nós também temos que apresentar os projetos. Outro caminho é o bom relacionamento que nós temos com o governador, e é necessário envolver os nossos deputados estaduais e federais para que venham recursos diretos à moradia. Nós somos um polo muito grande, Londrina atrai as pessoas ano após ano, elas deixam cidades menores do interior do Paraná, do interior de São Paulo, por isso temos que encontrar soluções para moradias populares.

Qual a importância do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura) para o candidato?

Olha só, a cultura, com tão pouco orçamento, faz um trabalho fenomenal na cidade, e o Promic é aquilo que viabiliza que os nossos produtores possam trabalhar, executar o seu projeto na cidade. Nós temos que valorizar e incentivar a cultura local, ela passa a ser muito importante não só pela questão do ‘belo’, mas também para emprego e renda de milhares de pessoas que dependem disso. A prefeitura, quando fomenta isso, está garantindo que a sociedade seja impactada de maneira muito importante. Quando a cidade abraça a cultura, a cidade tem uma nova cara. É importante levar a cultura sobretudo na periferia, a periferia transforma a vida de muitos jovens que podem se tornar novos artistas e precisam ser impactados agora pelos atuais artistas. A cultura é a fonte e o escape das drogas, dos vícios, fortalece as escolas, e por tudo isso nós temos que levar cultura para dentro da escolas municipal e estadual.

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| Foto: Folha Arte
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