Com 101 anos de idade, seu Jacy Carvalho é exemplo de cidadania

Enquanto dezenas de eleitores reclamavam das longas filas que se formaram no Colégio Estadual Hugo Simas (região central) na manhã deste domingo (15) e da obrigatoriedade de votar, o promotor de justiça aposentado Jacy Carvalho de Mendonça chegava ao local para dar uma lição prática de cidadania. Com 101 anos de idade, necessitando de cadeira de rodas para se locomover, ele esbanjava simpatia e disposição. “O voto deixou de ser obrigatório para mim aos 70 anos. Mas votar para mim não é um sacrifício. É um dever cívico que aprendi quando ainda estudava no primário. Um direito que todos devemos continuar exercendo e sempre com muita consciência”, enfatizou.

Nascido em Novo Horizonte, cidade do interior de São Paulo, e morando em Londrina há 66 anos, doutor Jacy - como é conhecido na cidade - contou que apesar da idade avançada continua acompanhando com interesse as notícias políticas do país. “Leio vários jornais por dia e também assisto aos noticiários pela televisão”, afirmou ao revelar que antes de se tornar promotor de justiça trabalhou como jornalista durante quatro anos em São Paulo décadas atrás.

Ao ser questionado se ainda hoje acredita que o Brasil é o país do futuro, frase que ouve desde a infância, doutor Jacy disse não ter dúvida em relação a isso. “O Brasil é um país de riquezas incalculáveis. Um exemplo disso são os minérios da Amazônia. Apesar de todas as dificuldades, temos evoluído. Houve uma época em que as mulheres não podiam votar. Enfrentamos uma ditadura. Tivemos no comando do país muitos políticos que não agiram corretamente. Ainda assim o país tem crescido e a única forma de garantir que continue melhorando é votando conscientemente”, enfatizou.

O entusiasmo com que o ex-promotor de justiça e ex-governador rotariano de Londrina vê a política nacional acabou contagiando outras gerações de sua família, formada pela esposa Tana, dois filhos, seis netos e dois bisnetos. “Todos estão aguardando as fotos dele votando para postarem nas redes sociais. Ele sempre nos ensinou que não adianta apenas reclamar de coisas erradas, que temos que ter bastante consciência na hora de votar, que é para poder exigir que sejam cumpridas as promessas que os candidatos eleitos fizeram durante a campanha”, relatou a filha Marilda Siqueira, médica virologista que atua como chefe do Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em São Paulo, e que esteve na cidade neste final de semana para acompanhar o pai nesta eleição.