Socos, chutes, joelhadas e cotoveladas. Muitas mulheres decidiram literalmente ir à luta para emagrecer, relaxar e conquistar mais saúde. Antes dominadas por rapazes, aulas de boxe, muay thai (boxe tailandês) e, mais recentemente, o MMA (sigla em inglês para Artes Marciais Mistas) ganham cada vez mais adeptas. Os treinos visam melhorar a saúde, a estética e as habilidades. Por isso, as aulas são adaptadas para quem não quer se machucar.
Com treinos que conciliam força e aeróbica, o muay thai - arte marcial milenar tailandesa - já é praticado por mulheres há algum tempo. ''Cerca de 30% dos nossos alunos são do sexo feminino. Há uns dois anos, em uma turma de 30 pessoas, apenas três eram mulheres. Hoje já são 10'', constata o atleta e professor da Academia Pattaya, Alessandro Alves Campos.
Com uma hora de duração, os treinos dividem-se em físico, com alongamento e aquecimento; e técnico, no qual se aprende os golpes, e com sparring, simulando lutas em duplas. ''Os golpes são fortes, com um volume maior de chutes e joelhadas. Isso faz com que se trabalhe muito as pernas e abdômen, tonificando a musculatura'', explica Campos. Segundo o professor, por ser uma atividade desgastante, o muay thai ajuda a emagrecer (em uma aula chega-se a perder 800 calorias) e melhorar o condicionamento cardiorrespiratório. ''Os resultados aparecem em três meses'', garante.
Além dos benefícios físicos, o esforço para aprender a sequência de golpes aumenta a concentração e a autoconfiança, e desestressa. Outro ponto importante é que também é uma forma de defesa pessoal. ''Em um mês perdi cinco quilos'', assegura a fisioterapeuta Luciane Hoshino, que pratica muay thai há dois meses, três vezes por semana. Luciane também já percebeu que a musculatura está mais definida e a resistência aumentou. ''As aulas são mais agradáveis e o tempo passa mais rápido do que na academia. Fico até deprimida quando não posso vir porque a sensação pós-aula é muito boa. Sinto um profundo bem-estar e estou preparada para encarar o dia'', valoriza.
As turmas são mistas, mas respeita-se o condicionamento de cada um e só vai para o combate quem quiser. De acordo com Alessandro Campos, o aumento da quantidade delas no octógono (ringue com oito lados) obrigou a academia a estabelecer uma série de regras, como não transitar sem camiseta e manter o uniforme limpo. ''Acredito que a presença feminina traz mais credibilidade ao esporte, mostra que é uma atividade séria e de resultados'', diz o professor.
MMA para mulheres
Fenômeno de audiência e cifras, as academias têm investido nas aulas de MMA. Há três meses, a Esparta Fight Club montou uma turma somente para mulheres. ''Começamos com quatro e hoje já são 13 alunas, e a demanda aumenta a cada dia'', afirma o professor Everaldo Lepri. Cada sessão dura em torno de uma hora e começa com um aquecimento, geralmente uma corrida leve e alongamento.
Depois, é hora de aprender as técnicas de luta, que abrangem diversas modalidades, entre as quais muay thai, boxe, jiu-jítsu e wrestling (luta olímpica). ''Por ser uma atividade intensa, o MMA ajuda a reduzir medidas, melhorar o condicionamento e fortalecer toda a musculatura'', pontua o professor. Para evitar que se machuquem, equipamentos de segurança como luvas, protetores bucais, bandagens e caneleiras são utilizados durante as aulas.
Durante os treinos, Lepri também orienta sobre qualidade de vida e alimentação saudável. ''Com a prática do MMA emagreci, ganhei músculos, resistência e agilidade. Dou soco, chuto e saio daqui relaxada. Também percebi que a minha concentração aumentou na faculdade'', revela a estudante de Educação Física Juliana Castro, que chegou a estudar ballet clássico por nove anos. ''Eu era sedentária e agora sou uma apaixonada pelo MMA. Treino cinco vezes por semana e acompanho as lutas pela TV e internet. Além dos benefícios para a saúde, gosto da estética dos golpes'', afirma a conferente Michele de Oliveira Piovan.


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| Foto: Fotos: Anderson Coelho
''Além dos benefícios para a saúde, gosto da estética dos golpes'', diz a conferente Michele Piovan
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Juliana Castro, estudante universitária: ''Dou soco, chuto e saio daqui relaxada''
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