A 11ª edição do Ironman Brasil, realizada no final de maio, em Florianópolis, Santa Catarina, começou e terminou em grande estilo. Ao nascer do sol, em Jurerê Internacional, 1.823 triatletas de 34 países já estavam prontos para dar início a uma das competições mais difíceis do mundo, que inclui 3,8km de natação, 180 km de ciclismo e 42 km de corrida.
E entre os gigantes do triathlon estava a pequena – sim, ela mede 1,58 m - Larissa Saderi, de 18 anos, cujo resultado a consagrou como a brasileira mais jovem a completar um Ironman. Foram 14 horas, 26 minutos e 54 segundos de sofrimento, que, segundo Larissa, valeram a pena. "Em vários momentos achei que fosse desistir. Não dá nem para dizer qual foi a pior parte. Quando terminei, nem acreditei", conta.
Larissa nasceu e mora em Londrina, e começou a praticar o triathlon aos 13 anos de idade. Desde então, a palavra superação a acompanha sempre. Aos 15 completou sua primeira meia-maratona, 21 km de corrida. Em fevereiro de 2010 descobriu que sofria de hipertireoidismo (excesso de funcionamento da tireóide), e foi impedida de continuar seus treinamentos desportivos. Após 138 dias entre repousos e treinamentos leves, os médicos a liberaram para voltar a competir.
O Ironman entrou para a vida da atleta em 2009, depois que ela assistiu a uma prova pela TV. No ano seguinte, Larissa decidiu se inscrever, mas sem acreditar que seria aceita, afinal, tinha 17 anos na época, e a idade mínima para participar é 18 anos. "Quando vi que me aceitaram levei um susto. Mas depois entendi que é porque no dia da prova, neste ano, eu já estaria com 18 anos. Só então fui contar para meus pais, que sempre me apoiaram".
Larissa terminou o terceiro colegial em 2010 e este ano decidiu se dedicar exclusivamente aos esportes. E a rotina de treinamento era bastante intensa: praticava de duas a três modalidades por dia, das 9h às 11h, e das 16h às 18 horas.
"Sem contar que me exclui da vida social porque sempre tinha que acordar cedo no outro dia para treinar". Em abril, um mês antes da competição, Larissa caiu durante um treino de bike e teve problemas no joelho. Mesmo assim, não parou. Além disso, a atleta admite que não seguiu planilhas, nem cuidava, como deveria, da alimentação. "Na verdade, eu fiz tudo errado, mas graças a Deus deu tudo certo. No entanto, tenho noção de que se tivesse me preparado adequadamente, teria resultados ainda melhores", afirma.
Outro aprendizado foi com relação à importância da ajuda de outras pessoas. "Percebi que o Ironman é uma prova que une superação e humildade. Admito que sou uma pessoa individualista, acho que é por isso até que prefiro essas provas a outros esportes em equipe. Mas lá, durante o Ironman, vi que precisava da ajuda dos outros, que me entregavam bebidas, alimentos e até manta para me aquecer. O apoio de todos foi fundamental".
Larissa já decidiu que não participará da próxima edição do Ironman. Fará uma pausa nos treinamentos intensos e tentará uma vaga no curso de Direito. "Os médicos me alertaram de que preciso respeitar meu corpo agora, caso contrário, posso chegar aos 30 sem poder praticar exercícios". No entanto, ela pretende voltar ao Ironman em 2013, com o gostinho de já ter deixado sua marca na história da competição. "Muitos não acreditavam, mas eu provei que uma garota de 18 anos pode, sim, completar uma prova como essa".


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"Não dá nem para dizer qual foi a pior parte. Quando terminei, nem acreditei", conta Larissa
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As etapas da competição que consagrou a londrinense no Ironman