O poder das letrinhas
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sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Erica Shimamura<BR>Reportagem Local
A descoberta do prazer da leitura pode acontece em qualquer fase da vida, porém, especialistas recomendam que quanto mais cedo a criança for estimulada no contato com os livros, mais curiosa, criativa e interessada ela será.
Um bom caminho para iniciar esse estímulo com os pequenos é garantir o acesso aos livros. Bebês de um ano e meio já podem brincar com livros feitos de plástico, recheados de figuras e até barulhinhos que imitam os sons intra-uterinos, o que desperta a atenção e o tato. "Quanto mais lúdicos e coloridos forem, melhor", explica a psicopedagoga e programadora neurolinguística Camilla Caraco.
Porém, só ter livros em casa não basta. A atitude dos pais conta muito. "Para a criança, é o período da imitação. Se ela vê os pais vivenciando a leitura, vai querer fazer o mesmo. Caso os pais não tenham o hábito de ler, essa é uma oportunidade para começar. O mesmo acontece, por exemplo, com a mudança para uma alimentação saudável", diz.
Deixar que as crianças brinquem à vontade com os livros também é importante. Mesmo antes da alfabetização, o manuseio e o estímulo visual fazem parte do simbolismo que o livro terá mais tarde. "Os livros precisam ser manuseados sem a preocupação de que possam ser danificados. A criança precisa fazer deste contato algo significativo, palpável", ressalta Camilla.
A psicopedagoga indica os livros educacionais, com base em questões como ética e valores, levando sempre em conta a linguagem e o conteúdo adequados para cada faixa etária. Uma dica é olhar a sinopse das publicações e procurar autores consagrados.
Cada livro exposto nas prateleiras não está ali por acaso. Antes de entrarem para o acervo da loja de brinquedos educativos Ciranda, de Londrina, as histórias passam pelo crivo de Denise Gentil, que além de empresária é jornalista e mãe. "Se estão ali, existe uma razão para isso. Escolho todos os livros, título por título", conta a proprietária do espaço.
Com publicações voltadas para crianças e adolescentes, o local é um deleite para pais e filhos que adoram estar perto de livros. Obras de autores brasileiros consagrados misturam-se a títulos assinados por novos talentos e clássicos mundiais.
Outra característica peculiar à loja é não comercializar livros que contenham histórias de personagens famosos. Na opinião da jornalista, títulos com essa abordagem acabam limitando a imaginação e a necessidade de raciocínio da criança.
Aos sábados, dia de contação de histórias, o espaço fica lotado. Mesmo os pequenos, não alfabetizados, folheiam e carregam livrinhos de um lado para o outro. O advogado Marcelo Giovanini e o filho Mateus, de 4 anos, são freqüentadores assíduos da Ciranda. "Gosto daqui pelo ambiente e pela diversidade. As crianças ficam à vontade e não param de manusear os livros", conta.
Desde que a filha mais velha nasceu, em 2005, o advogado leva a mulher e os pimpolhos ao local em busca de livros e brinquedos antigos. "Nós lemos bastante, por isso faço questão que eles cultivem o hábito. Em casa, contamos histórias para eles e os livros estão sempre em locais de fácil acesso", diz.
A loja foi inaugurada há 7 anos como livraria infantil. Aos poucos, os brinquedos educativos ganharam espaço, e agora dividem as atenções dos clientes. A ideia de abrir a Ciranda veio junto com a gravidez do primeiro filho de Denise. "Desde que me tornei mãe tive a preocupação com o que meus filhos iriam aprender. Tudo aqui tem foco no resgate e no fortalecimento do vínculo entre pais e filhos, entre filhos e cuidadores. Acho que as famílias e os brinquedos atuais mudaram, mas as crianças, não. Elas ainda precisam do olho no olho, da mão na mão", ressalta.
Todos os meses há atividades voltadas para a criançada. Além da contação de histórias, são realizadas oficinas que ensinam a criar brinquedos antigos como bonecas de pano e carrinhos de madeira. As atividades são realizadas no primeiro e no terceiro sábado e na última quinta-feira do mês.