O peso da adolescência
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sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Vivian Fukushima<br>Reportagem Local
Pizza com batata frita e refrigerante ou um prato de arroz, feijão, salada e suco de fruta? Se essa pergunta fosse direcionadas a um grupo de adolescentes, alguém duvida que as primeiras opções seriam as mais votadas?
Responsáveis pelo excesso de peso de muitos brasileiros, guloseimas e fast food estão prejudicando saúde dos adolescentes. Pesquisa realizada em 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, mostrou que a parcela dos meninos de 10 a 19 anos de idade com excesso de peso passou de 3,7% (1974-75) para 21,7% (2008-09), já entre as meninas o aumento foi de 7,6% para 19,4% no mesmo período.
Em Londrina, essa realidade também se confirma. Pesquisa realizada na Universidade Estadual de Londrina (UEL) pelo professor Gustavo Aires de Arruda, mestre em Educação Física, em parceria com seu orientador, professor doutor em Educação Física Arli Ramos de Oliveira, mostra que um número considerável de adolescentes está acima do peso e alerta para a necessidade de praticar atividades físicas. "Já não é novidade que os jovens estão se alimentando de forma inadequada e que computadores e videogames estão tomando o espaço das atividades físicas. Com o estudo verificamos como a situação está ruim", explica Arruda.
De acordo com o Gustavo, a pesquisa envolveu 535 jovens, sendo 280 rapazes e 255 moças, com idade entre 13 e 18 anos, de duas escolas de Londrina. O trabalho se baseou na bateria de testes Fitnessgram, método desenvolvido em 1982 pelo Instituto Cooper de Pesquisa em Dallas no Texas. Com a Fitnessgram os estudantes são avaliados com medidas e testes quanto aos componentes da aptidão física relacionada à saúde como a composição corporal, flexibilidade, força e resistência muscular e a aptidão cardiorrespiratória.
"O teste indicou alguns resultados preocupantes. Em relação ao excesso de peso, descobrimos que 20,9% dos rapazes de 13 a 15 anos e 15,7% na faixa etária dos 16 aos 18 anos estão acima do peso ideal. Esse cenário se repete com 15% das garotas de 13 a 15 anos, e 13%, com idade entre 16 e 18 anos", revela.
Outro ponto que chamou a atenção está relacionado à aptidão física. Dos rapazes que participaram da pesquisa, 70,2% (13 a 15 anos) e 82,8% (16 a 18 anos) apresentaram baixa aptidão cardiorrespiratória. No caso das garotas, 85,7% (13 a 15 anos) e 95,4% (16 a 18 anos) também estão nesse grupo. "Esses números alertam para a importância de o jovem se engajar em atividades físicas regulares, e isso deve começar na infância".
A proporção de indivíduos com pressão arterial elevada também foi verificada. Dos rapazes avaliados, 15% apresentam pressão arterial elevada, sendo 10,8% na faixa etária de 13 a 15 anos, e 20,5% entre 16 e 18 anos. No caso das moças, esse número é menor. No total, 6,3% apresentam pressão alta. No grupo de 13 a 15 anos, a porcentagem é de 6,1%, e de 6,5% na faixa etária de 16 a 18 anos. "Esses números indicaram que a pressão arterial está associada ao sexo e à idade. No caso dos garotos, quanto mais velhos, maior o percentual dos que sofrem com esse problema", afirma Arruda.
A avaliação realizada pelo IBGE em 2008/09 constatou ainda que o aumento de peso na faixa etária de 10 a 19 anos foi contínuo nos últimos 34 anos. Isso é perceptível no sexo masculino, cujo índice passou de 3,7% para 21,7%, um acréscimo preocupante; entre as garotas as estatísticas foram de 7,6% para 19%. Já a obesidade mostra-se menos intensa, porém, em ascensão, indo de 0,4% para 5,9% nos garotos, e de 0,7% para 4% nas garotas.