Não é de hoje que o consumo de energéticos entre os adolescentes é algo bastante comum. A maioria lança mão da bebida para aumentar a disposição na ''balada'' e aproveitar a festa com ''pique total''. O estado do corpo e da mente fica em alerta com a ingestão do produto, pois, apesar de não ser alcoólico, estimula o metabolismo devido à composição, que inclui basicamente taurina e cafeína.
Na Metamorfose, por exemplo, boa parte do público deve ingerir a substância, seja pura ou misturada com outras bebidas, a fim de garantir diversão do início ao fim do evento. É o caso de Hugo Vinícios Knippelberg, 21 anos. ''No meu grupo de amigos todo mundo vai tomar'', observa, ressaltando que tem o hábito de sair bastante e que toma pelo menos três latas (de energético) por festa.
Além disso, segundo ele, na geladeira da sua casa sempre tem algumas latas, pois também ingere a bebida após a balada para conseguir aguentar a jornada de trabalho no dia seguinte. ''Experimentei energético pela primeira vez por curiosidade quando tinha uns 14 anos. Tomei porque ouvia dizer que deixava a gente mais 'ligado' e quis ver como era. Estava em casa. Realmente me senti mais animado e achei gostoso'', relata o jovem.
O hábito, porém, veio mais tarde. ''Somente alguns anos depois, quando comecei a sair bastante foi que o energético passou a fazer parte da minha rotina'', comenta.
Atualmente, Hugo e os amigos misturam o energético com outras bebidas, como whisky e vodca. Ele explica que a mistura é interessante, pois deixa o gosto da bebida alcoólica mais ameno e aumenta ainda mais a disposição.
Ele admite que nunca procurou um médico para averiguar como está a sua saúde. ''Sou novo e acho que não preciso. Claro que sou consciente de que não devo exagerar, mas quando estou festando entre amigos quero mais é aproveitar. Tento me cuidar fazendo atividades físicas com frequência'', defende.
Consumo consciente
Para o médico clínico geral do Hospital do Coração André Luiz Bortoliero, é necessário cautela no momento de consumir energéticos. ''Não se trata de um refrigerante'', alerta, destacando que muitos jovens passam da conta, pois a bebida é saborosa e de fácil acesso. Normalmente é ingerido gelado e, como é gaseificado, lembra muito o refrigerante.
O produto é comercializado nas redes de supermercado e lojas de conveniência. Proprietários e funcionários de alguns estabelecimentos garantiram que a procura pela bebida é grande, especialmente aos finais de semana e por parte do público jovem. O preço varia entre R$ 4,50 e R$ 8,99, com embalagens de 250 ml a 473 ml.
O médico pondera, no entanto, que os energéticos estimulam o sistema nervoso central e no caso de consumo excessivo podem trazer consequências negativas à saúde. ''Aumenta a frequência cardíaca e respiratória, além da pressão arterial. A pessoa fica mais desperta'', pontua.
Bortoliero ressalta que algumas patologias podem vir à tona com o uso de energéticos. ''Se a pessoa tiver um problema cardíaco não identificado, pode ter uma arritima e uma parada cardíaca. No caso do hipertenso, é possível culminar em um AVC (Acidente Vascular Cerebral)'', exemplifica.
De acordo com ele, a pessoa que ingere a substância com frequência e em uma quantidade maior do que o indicado deve se submeter a uma avaliação médica. ''Mesmo que o jovem não apresente sintomas, é interessante que faça alguns exames'', destaca.
Os riscos, acrescenta o médico, são ainda maiores quando os energéticos são ingeridos com outras bebidas alcoólicas. ''A pessoa perde o parâmetro e toma mais do que deveria, aumentando ainda mais os perigos oferecidos pela bebida. Mas não acredito que os energéticos estimulem o alccolismo. São outros fatores que levam à doença'', diz.
O uso de energéticos alido à bebida alcoólica e outras drogas é um ''coquetel maligno'', define o médico. ''Os energéticos potencializam os efeitos das substâncias e podem levar até a morte. Por isso, é necessário cautela'', avalia Bortoliero, lamentando que na maiora das vezes os jovens não pensam nas consequências de seus atos.

Imagem ilustrativa da imagem Energia de sobra
| Foto: César Augusto
Hugo Vinícios Knippelberg, 21 anos, tem o hábito de tomar a bebida: ''Experimentei porque ouvia dizer que deixava a gente mais 'ligado'''