Uma vida na ponta dos pés
Carolina Zaborne nasceu em Cambé e atualmente é bailarina profissional em Kazan, na Rússia
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terça-feira, 12 de novembro de 2019
Carolina Zaborne nasceu em Cambé e atualmente é bailarina profissional em Kazan, na Rússia
Tamiris Santos/ * Estagiária
A carreira profissional da jovem de 24 anos, Carolina Zaborne, começou cedo, aos 13 anos, quando foi aprovada no processo seletivo da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil. Carolina não esperava que seria selecionada, fez o teste por curiosidade e sem imaginar que ali começava o primeiro capítulo da sua história com a dança. Deixou sua vida em Cambé/PR - casa, família, amigos, a escola em que estudava - e se mudou para Joinville, em Santa Catarina, onde fica a Escola Bolshoi no Brasil.
Na reta final do ensino médio muitas dúvidas surgiram sobre continuar ou não a carreira no ballet. Um dos seus sonhos era cursar Biologia e se tornar bióloga marinha do Projeto Tamar, mas para a sorte dos olhos de quem a vê dançar, Carolina optou pelas sapatilhas ao invés de trajes de mergulho. Desde 2016 ela é bailarina profissional no Teatro de Kazan, na Rússia, tem uma rotina de aulas, ensaios e apresentações aos fins de semana, com apenas uma folga. No final do ano, Carolina sai em turnê pela Europa, com espetáculo todos os dias durante três meses.
Como é seu trabalho atualmente?
Eu trabalho no Teatro de Kazan, temos uma rotina pesada de aula todos os dias e ensaios, apresentações na semana e finais de semana, com um dia de folga, e no final do ano temos uma turnê de três meses pela Europa com espetáculos todos os dias
Sempre quis ser bailarina?
Sempre quis até chegar no final do ensino médio, quando me formei na escola tive muitas dúvidas sobre parar o Bolshoi e começar uma faculdade, sempre gostei de biologia e meu sonho era ser bióloga marinha e trabalhar no projeto Tamar. Mas optei por terminar o Bolshoi e depois decidir. Minha escolha foi continuar a carreira de bailarina mas nunca saiu da minha cabeça poder no futuro cursar uma faculdade ou mudar de profissão
Gostava de estudar e de ler?
Gostava muito de biologia e história, matemática e física odiava, mas estudava pra ir bem. Nunca gostei de ler muito, mas minha paixão por livros começou a mudar depois que me formei no Bolshoi, acho que antes focava muito e não tinha tanto tempo para ler, agora encontro mais tempo.
Você já ficou de castigo ou levou bronca dos professores?
Não, às vezes eu levava bronca por conversar demais. Sempre tive um grupo grande de amigos na escola mas nunca deixei de fazer minhas obrigações como aluna, então os professores gostavam de mim mesmo com as conversas.
Você tinha um lugar preferido para sentar na sala de aula?
Eu gostava de sentar no meio na fila da parede, era bom pra ficar encostada de vez em quando (risos).
O que você mais gostava de fazer na escola?
Gostava de estar com meus amigos, do recreio, de quando tirava notas boas, quando tinha projetos e gincanas e das aulas de biologia.
Qual a melhor lembrança deste período?
Tenho muitas lembranças, a maioria engraçadas e divertidas, mesmo com a pressão de ser bons alunos a gente nunca deixava de fazer graça e se divertir.
Como foi conciliar as aulas de ballet com a escola?
Foi difícil no começo, depois me acostumei, era difícil quando tinha avaliações no Bolshoi junto com a escola regular, era muita coisa na minha cabeça, mas sempre dava um jeito e tudo ficava bem
Em quais bailarinos (as) você se inspirava?
Sempre me inspirei nos bailarinos russos, até porque nossa escola é do método russo então convivi muito com essa cultura, hoje em dia acho que me inspiro mais em pessoas próximas ou em quem nem sempre está no mundo da dança. Depois que comecei a carreira profissional a realidade mudou muito, e agora o que mais me fortalece não é tanto a inspiração na técnica em si, e sim como posso ser uma pessoa melhor, pra poder ser uma bailarina melhor.
Gostaria de citar alguém que tenha feito parte de sua trajetória?
Tenho muitas pessoas que fizeram parte de tudo sim, pessoas que me apoiaram em qualquer decisão e que me ajudaram psicologicamente e financeiramente, seria impossível citar todas mas, os principais são meu pai Agnaldo e minha mãe Carla. Eles nunca desistiram de me dar do bom e do melhor e me apoiar em todas as escolhas que tomei e tomo, sou grata eternamente.
Como é saber que agora você, como bailarina, é uma inspiração para outras crianças com histórias parecidas com a sua?
Eu acho que esse é o ponto que mais me faz seguir em frente, sempre penso em desistir, praticamente todos os dias, mas quando vejo algo sobre alguma criança que sonha como eu sonhei e talvez se inspire na minha história fico radiante, e isso me dá um gás para continuar e não desistir.
*Supervisão: Célia Musilli
Editora da Folha 2