Eduardo Baccarin Costa é professor, escritor, produtor cultural, radialista. Nasceu em Londrina e aqui passou quase toda a sua vida (com exceção de um ano que viveu em São Paulo) . Tem cinco livros publicados (quatro de poemas e um romance), e foi premiado em dois concursos literários (segundo colocado no Concurso Poesia do Cinquentenário de Londrina, em 1984 com o poema "Londrina de Pernas Abertas" e Vencedor do Segundo Concurso Literário da Editora Leia Livros, em 2018 com o romance "O Solitário do 406".

É Mestre em Letras - Estudos Literários pela UEL. Sua relação com o meio ambiente é grande, visto que na sua infância passava as férias no sítio do avô, na casa do tio, no distrito de Irerê, e ali contemplava, à sua maneira, as criações de Deus. Na adolescência se afastou um pouco do meio ambiente, preferindo mais o contato com a cidade e o litoral. Posteriormente, retomou suas preocupações com o meio ambiente tendo participado de alguns eventos escolares e acadêmicos e ambientais que visavam a discussão e ações em torno do tema.

Como era a sua escola? Usava uniforme?

As carteiras eram de madeira, uma peça única, e sentava sozinho. Usava uniforme: camisa branca e calça azul marinho enquanto estudei na rede estadual e camiseta amarela e calça marrom no tempo que Estudei no Colégio Mário de Andrade, onde hoje é o Maxi.

Era um bom aluno?

Eu fui de uma das piores turmas do IEEL, a temível 2º I (que equivaleria hoje a sétimo ano). Naquela turma eram quarenta e dois moleques, quase todos "bem inspirados", se é que você me entende. Então professores e diretores iam lá quase todo o dia dar bronca na gente. No final daquele ano, apenas 15, dos 42 passaram de ano. Claro, eu estava com a maioria. Então dá pra você imaginar né?

Qual a disciplina preferida?

Sempre fui bem em português. Eu sempre fui apaixonado pela leitura. Ler sempre foi um prazer, para mim. Em matemática, no entanto, era um fracasso puro. Consegui a incrível façanha de ficar com a média bimestral 1,7 na sétima série (hoje oitavo ano) em matemática.

E quando criança, imaginava que teria essa profissão?

Não, não conseguia me imaginar professor ou escritor. Porém, um dia, fiz um exame vocacional e a pessoa que aplicou disse que eu tinha natureza para contar coisas com minúcias e fazer com que as pessoas ficassem presas às minhas histórias. Guardei isso. Hoje, vejo que ela acertou, né?

Quem eram seus ídolos nessa época?

Sempre fui um apaixonado por esportes, artes, literatura e pelas coisas de Deus. Mesmo nos meus momentos mais difíceis, Jesus sempre foi referência para mim. Mas também admirava muito o Zico, o Leivinha, o Ademir da Guia, o Castro Alves, o Pablo Neruda, o Vinícius de Moraes, o Tarcísio Meira, a Renata Sorrah, o Reginaldo Farias, o José Wilker. Pouco depois conheci o trabalho da Fernanda Montenegro e aí me apaixonei por ele,é claro.

De que maneira o gosto pela leitura o auxiliou na formação?

A leitura é fundamental na formação não só de qualquer profissão, mas acima de tudo na reconstrução que será necessária nesse país assolado pelas fake news e cujos efeitos nocivos ainda estamos vivendo. Para minha escolha profissional, ler foi e é vital.

Qual o seu tipo de leitura favorita atualmente?

Eu leio rigorosamente de tudo. Tudo o que cai na minha mão eu procuro ler. Às vezes não dou conta de terminar de ler, porque realmente o estômago embrulha ou a cabeça dá um nó. Este foi o caso quando tentei ler "Elogio da Loucura", do Erasmo de Roterdã, e o "Minha Luta", do Hitler. Abandonei os dois.

Gostaria de citar alguém que tenha feito parte de sua trajetória?

Eu acho que gratidão é uma das melhores coisas. Foi muita gente que me influenciou. E tenho, no meu livro mais recente "Sopro de Emoção", que foi lançado no mês passado, um poema que falo de todas estas influências. Porém, tenho pensado muito, recentemente, e até transformei num personagem dos meus romances, o Marinósio Filho, poeta que viveu muitos anos em Londrina e criou o Mural de Poemas que projetou grandes escritores e poetas, como é o caso do Ademir Assunção, Domingos Pellegrini, Nelson Capucho, Nilson Monteiro, Pedro Barros, entre tantos outros. Marinósio foi uma espécie de padrinho para mim. Sempre me acolheu em sua casa, me deu dicas, conselhos e prefaciou meu segundo livro "Caminhada", em 1985.