Tradições juninas compõem estudos da rede municipal de ensino
Aspectos históricos, culturais e científicos são fonte de conhecimento para alunos de Cambé e Londrina
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 17 de junho de 2025
Aspectos históricos, culturais e científicos são fonte de conhecimento para alunos de Cambé e Londrina
Walkiria Vieira

Bandeirinhas ao céu, canções que atravessam gerações, trajes caipiras e comidas típicas como canjica, pipoca, pamonha e quentão são alguns elementos que anunciam: é tempo de festas juninas.
Reconhecidas como manifestação cultural brasileira por meio da Lei 14.555/2023, alterada pela Lei 14.900/2024, a qual declara, em seu artigo Art. 1.º, que tanto as festas juninas como as quadrilhas juninas são reconhecidas como manifestação da cultura nacional. Com muita popularidade e expectativa, o mês de junho ficou até pequeno e muitas festas são realizadas também no mês seguinte. Assim, as festas juninas e julinas são bastante aguardadas.
Em respeito ao entendimento legal, as celebrações artísticas e culturais escolares deste período integram os conteúdos a serem trabalhados tanto na Educação Infantil, como nos anos iniciais do Ensino Fundamental, em conformidade com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Assim, todas as atividades são educativas e sem qualquer vínculo religioso ou meramente comemorativo.
De acordo com a responsável pela Gerência de Educação para Relações Étnico-Raciais e Diversidade da Secretaria Municipal de Educação de Londrina (SME), Eliane Candoti, as festas juninas sempre fizeram parte do repertório escolas e das comunidades. "Principalmente por envolverem as nossas memórias afetivas e a nossa relação com o campo. Desde o reconhecimento da Lei, o tema passou a compor parte dos conteúdos obrigatórios dos anos iniciais do Ensino Fundamental e da Educação Infantil e isso serviu para fortalecer e amparar legalmente o trabalho que as unidades escolares da rede municipal de ensino", esclarece.

A educadora ratifica que as escolas já realizavam um trabalho educativo, pois todas as práticas em sala, as exposições e apresentações para os pais e as comunidades, que culminavam ou não em festas juninas, sempre eram realizadas por meio de abordagens que exploram a relação entre as populações do campo e da cidade, o histórico das tradições populares, a influência cultural dos movimentos migratórios e dos grupos étnicos que formaram a população brasileira, nossa gastronomia, nossos ritmos e sons, nosso modo de pensar, crer e fazer.
Assim, Candoti menciona que as unidades escolares desenvolvem projetos e atividades envolvendo a origem dos festejos populares e especialmente das festas juninas. "Com o ensino de músicas, danças, ritmos e instrumentos musicais próprios das festas do campo, valorizando as comemorações que festejam o trabalho, a colheita e a união das pessoas", enumera.
Ganham espaço também no aprendizado, as receitas e os principais ingredientes dos doces e salgados presentes nas festas juninas, o vestuário, os brinquedos e brincadeiras relacionados ao modo de vida do campo e que valorizam nossas origens familiares, bem como as mudanças e continuidades no modo de viver e celebrar das populações do campo. A contemporaneidade está presente nas festas juninas e em muitas não podem faltar espetinho de carne, pizza, brigadeiro, pastel, maçã do amor, cachorro quente - de preferência com duas salsichas.
ESTUDO E PESQUISA
As danças, as músicas, as comidas típicas e trajes são objeto de estudo dos estudantes da rede municipal. Candoti explica que o enfoque é diversificado. "Tanto abordam os elementos da festa em suas origens, como nos dias de hoje, com influências contemporâneas".
Pelo fato de se tratar de uma festa temática, a educadora enfatiza que o campo de estudo e pesquisa é capaz de envolver todas as áreas de conhecimento e campos de experiência. "Não se trata de um conhecimento restrito aos livros e aos sites de pesquisa. É preciso experienciar o conhecimento por meio de atividades que envolvam movimento e todos os nossos sentidos, contribuindo para a constituição de memórias afetivas e aprendizagens significativas", pontua.
Nessa perspectiva, disciplinas como Matemática, História, Artes, Língua Portuguesa Ciências e Geografia estão presentes na formação dos alunos de modo contextualizado e peculiar. "É como se as festas tivessem cores, formatos, ritmos e sabores próprios conforme a região", explica.
Assim, com propriedade e levando em consideração um país tão diverso como o nosso, Candoti considera que não há como padronizar os festejos. "Ainda que a origem das festas sejam as mesmas, as características ambientais, climáticas, econômicas e culturais influenciam e moldam os festejos do mês de junho. Os alimentos à base de milho e as danças circulares ao redor da fogueira são contribuições dos povos indígenas, por exemplo, e todos esses elementos culturais são apresentados em sala de aula, situando as festas no tempo, no espaço e na diversidade de povos e culturas", divide.

FAMÍLIAS UNIDAS
Com entusiasmo, alunos anunciam, por meio das redes sociais das unidades escolares, a chegada do momento mais esperado do ano e não são as férias. É assim o vídeo descontraído da Escola Municipal Padre Anchieta - @padre.anchieta - em Londrina. O "Arraiá do Padre", como também é tratada a festa da escola é um momento que une as famílias em prol da unidade escolar. O milho que chega na palha, o bambu que transforma o ambiente são exemplos dos esforços dos pais e professores para valorizar a festa típica.
Considerada e divulgada como a festa mais aguardada por toda a comunidade escolar, a Festa Junina do Panico tem como atributos a organização e capricho. Localizada na região Leste de Londrina, a Escola Municipal Maestro Roberto Panico conserva e reconhece como grande trunfo a contribuição dos familiares aliados para a festividade ser assim reconhecida. Com ânimo, estagiários, além de professores de chapéu e bota, espantam o frio e convidam para a festança sob o comando da diretora da unidade, Thatiane Verni Lopes.
COLHEITA PEDAGÓGICA EM CAMBÉ
Em Cambé, as famílias continuamente unem seus esforços aos dos profissionais da educação - neste período também - para contribuir com a formação dos estudantes. De acordo com a Assessora de Ensino da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC), Viviane Mascarenhas, as famílias estão presentes e parte da formação dos alunos é estimular que a criança busque, em contato com a família, informações que compuseram a infância, as brincadeiras, os festejos e a formação de seus pais, avós e responsáveis - para valorizar as gerações anteriores.
No que diz respeito ao eixo estruturante do conhecimento, os alunos aprendem as diferenças do modo de vida urbano e rural e, neste contexto, exemplo de atividade dos alunos foi reconhecer, em uma espiga de milho, a infinidade de elementos a serem compreendidos desde o plantio do grão, os cuidados, colheita e todos os derivados do cereal.

Aprender sobre as manifestações culturais típicas de sua cultura e de outras integra a formação dos estudantes em Cambé e, no que diz respeito às manifestações culturais como festa junina ou elementos do folclore brasileiro, por exemplo, a prioridade educativa é o aspecto cultural e histórico do tema, por meio de atividades que enalteçam a produção humana e as transformações.

