Projeto "Abelhas Sem Ferrão" é expandido na rede municipal
Alunos de Londrina aprendem mais sobre a importância das abelhas na polinização e na preservação do ambiente
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 17 de setembro de 2024
Alunos de Londrina aprendem mais sobre a importância das abelhas na polinização e na preservação do ambiente
Walkiria Vieira
Desafiadora e em permanente evolução, a formação de cidadãos é um compromisso diário da Secretaria Municipal de Educação em Londrina. Por meio de uma gestão consolidada, Londrina tem autonomia para desenvolver ações planejadas segundo princípios e regras discutidas pela comunidade e representantes no Conselho Municipal de Educação.
As ações respeitam as normas nacionais e permitem o desenvolvimento de trabalhos com propostas pedagógicas, calendário e regimento escolar mais apropriados à realidade municipal.
Sem perder de vista as transformações globais, temas relacionados à biodiversidade, sustentabilidade e conservação ambiental estão presentes na formação dos alunos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental.
O projeto "Abelhas Sem Ferrão" é exemplo. Compreender o ciclo de vida das abelhas e sua interação com o meio ambiente norteia o estudo que é desenvolvido desde 2022 e segue em expansão. As primeiras escolas a desenvolverem o projeto foram E.M Maestro Andrea Nuzzi, E.M Maestro Roberto Pereira Panico e E.M Profº Noêmia Alaver Garcia Malanga.
A experiência dos estudantes com o projeto veio ao encontro de uma necessidade mundial e que serve de alerta: a sensibilização quanto à importância das abelhas na polinização e na preservação do ambiente.
Diante da importância desta proposta para a Educação Ambiental nas unidades escolares do município, a SME inscreveu, em 2023, um projeto que foi contemplado com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Este financiamento implementou o projeto "Abelhas Sem Ferrão" em quinze unidades escolares do município. O valor total de R$40.000,00 reais, além de impulsionar o projeto das abelhas nativas também foi direcionado para expandir o projeto das hortas escolares na rede municipal.
VIDA DAS ABELHAS AMEAÇADA
A professora responsável pelo Apoio Pedagógico em Ciências da SME, Cristina Borba, explica que o projeto "Abelhas Sem Ferrão" nas unidades escolares é de extrema importância para os alunos por diversas razões.
Entre elas, o fato de proporcionar uma experiência prática e direta com a biologia e ecologia desses polinizadores. "Permitindo que os estudantes observem e compreendam de perto o ciclo de vida das abelhas, suas funções e seu papel essencial na natureza. Esse aprendizado prático enriquece o conhecimento teórico e torna o estudo mais envolvente e significativo", ratifica.
Além disso, Borba pontua que o projeto estimula o desenvolvimento de habilidades importantes, como a observação, a análise e a experimentação científica. Também fomenta o desenvolvimento da consciência ambiental e a responsabilidade sobre o impacto humano na natureza, incentivando práticas sustentáveis e a valorização da biodiversidade. "Ao aprender sobre as abelhas e sua importância para o meio ambiente, os estudantes são incentivados a adotar atitudes mais conscientes e a se engajar em ações que promovam a preservação ambiental", complementa.
Existem 20 mil espécies de abelhas no mundo, que são extremamente importantes para a polinização das florestas e diversas culturas agrícolas. Cerca de 75% dessas culturas dependem ou se beneficiam da polinização feita pelas abelhas e outros animais.
Apesar disso, populações de abelhas estão em declínio no mundo todo, ameaçadas pela interferência humana - como o desmatamento, a poluição e os agrotóxicos. No Brasil existem 2000 espécies de abelhas nativas. Destas, 250 são abelhas-sem-ferrão, como a jataí, mandaçaia e mandaguari, que também estão sob forte ameaça.
PAPEL ESSENCIAL DAS ABELHAS
Em se tratando de uma escola, em que o lúdico e o pedagógico têm sintonia, as colmeias de abelhas nativas sem ferrão da espécie Jataí possuem casinhas nas escolas.
Em parceria com a UEL (Universidade Estadual de Londrina) , a professora Doutora Departamento de Biologia Geral/CCB/UEL, Silvia Helena Sofia e estagiários, realizaram uma formação para os docentes e abordaram quais os cuidados com as colmeias e o papel essencial das abelhas na preservação ambiental, bem como sobre a importância delas na promoção da biodiversidade e no equilíbrio dos ecossistemas.
Em entrevista à FOLHA, falou sobre o declínio nas populações de abelhas mandaçaia. "Uma espécie da Mata Atlântica, que era muito comum no norte do Paraná, é muito preocupante. Se quisermos salvar as abelhas precisamos de ações urgentes, como uma agricultura mais sustentável, com menos agrotóxicos, e projetos de educação ambiental, que educam nossas crianças e ensinam a importância das abelhas", alerta.
A abelha solitária é um exemplo curioso. Ela nasce, acasala com macho que nem é chamado de zangão e não produz mel . Funda o ninho sozinha e está ao nosso redor. "Nas flores, nos jardins, vive dois ou três meses e permanece no ninho até suas abelhinhas nascerem e estes terão sua própria vida sem terem conhecido a mãe.
MORTE DE UMA COLMEIA ENVENENADA
Jataí, Mirim Droryana, Mirim Preguiça, Mirim Juliani , Marmelada e Mandaçaia são espécies presentes na E.M Noêmia Alaver Garcia Malanga, que também possui um melipolinário didático.
Um fato relevante nesse processo de estudos foi a morte da colmeia de abelhas mandaçaia, como explica a professora responsável pelo projeto na unidade, Elisângela Gil.
"Fomos investigar as possíveis hipóteses e a primeira observação foi que as demais abelhas, de outras espécies, permaneciam saudáveis. A mais provável é envenenamento por agrotóxicos", afirma.
O motivo de apenas as mandaçaias terem se contaminado, se deve pela rota de voo, uma vez que elas voam mais longe. "Olhando no Google Maps, observamos plantações de soja nesse percurso. Ficamos muito tristes com a situação, e embora esteja fora do nosso alcance revertê-la, resolvemos tomar medidas de prevenção", pontua.
Confecção de cartazes, folder de conscientização sobre os males do uso do agrotóxicos e entregamos a comunidade escolar algumas plantas apreciadas pelas abelhas", explica. Do ponto de vista da Professora Dra. Silvia Helena Sofia, este é o cenário real , infelizmente. "A preocupação com a vida das abelhas, por parte das empresas que produzem agrotóxicos, se existe, é ainda pouco expressiva", reflete.