Era uma vez um menino. Um menino que tinha um superpoder. Ele não era nenhum super-herói, era um menino como qualquer menino é menino. Mas tinha um superpoder.

Ele conseguia ver pessoas invisíveis. Via pessoas que seus pais não enxergavam. As coisas podiam até estar bem diante dos olhos, mas seu pai e sua mãe conseguiam ver.

O menino via aquilo que os adultos não conseguiam enxergar. Seu superpoder o fazia ver pessoas que os adultos simplesmente não enxergavam. Coisas que somente as crianças, com os olhos livres, são capazes de ver.

A história deste menino é narrada por Tino Freitas no livro infantil “Os Invisíveis”. Publicada originalmente em 2013, a obra está recebendo uma nova edição pela editora Companhia das Letrinhas com novas ilustrações de Odilon Moraes.

Um menino que, quando sai de casa com os pais, consegue ver pelas ruas da cidade mendicantes, pedintes, indigentes, desabrigados, sem-tetos, desvalidos e moradores de rua. Seres humanos que os adultos, imersos no cotidiano de seus próprios interesses, não enxergam. Pessoas reais que se tornam invisíveis aos olhos dos adultos e da própria sociedade.

Um menino que, por onde passa, consegue enxergar um amplo leque de pessoas invisíveis. Não apenas desvalidos e excluídos, mas também pessoa que executam trabalhos invisíveis, nunca valorizadas em suas atividades. Pessoas desprovidas de visibilidade social. Pessoas que são possuem invisibilidade no mundo devido a múltiplos fatores, contextos e preconceitos.

Com o passar do tempo, o menino, como todo menino, deixa de ser menino. Passa por uma boa escola, conquista um bom emprego, se casa com uma linda mulher e tem filhos radiantes.

Então o menino deixa de ser menino para torne-se adulto. E quando se transforma em adulto, perde seu superpoder. Não consegue mais enxergar as pessoas invisíveis. Um superpoder que, quem sabe, renasça em seus filhos pequenos.

Descrito desta maneira, a história narrada por Tino Freitas pode parece um drama cíclico. Mas não. Há na narrativa uma sutileza incomensurável. O entendimento do isolamento social a partir de um olhar limpo.

Com lançamento previsto para o final de agosto, “Os Invisíveis” é o tipo de obra infantil em que as ilustrações são tratadas como narrativa de imagens complementares e interativas sobre a narrativa textual.

.
. | Foto: Divulgação

Serviço:

“Os Invisíveis”

Autor – Tino Freitas

Ilustrações – Odilon Moraes

Editora – Companhia das Letrinhas

Páginas – 56 (capa dura)

Quanto – R$ 59,90