Em 2022, 56 pessoas perderam a vida no trânsito em Londrina. Um trânsito seguro é dever de todos. Regras como olhar para os dois lados antes de atravessar e não usar o celular enquanto dirige são básicas e as escolas municipais de Londrina seguem comprometidas com as práticas que protegem vidas ao reforçar essas lições. Lançado na Escola Municipal Pedro Vergara Corrêa, localizado no Conjunto Mister Thomas, região leste, o curso “Educação para o Trânsito – Construindo o Futuro” é um exemplo de atividade em andamento para alunos e professores que também conta com a participação das comunidades escolares.

A diretora da unidade, Simonia Aparecida de Oliveira observa que os alunos estão bastante motivados e sobretudo conscientes em relação à acessibilidade. Os alunos Eduardo dos Santos Cunha, 9 anos, Kamilly Vitória de Lemos Dias, 9, Eduardo dos Santos Cunha, 9 e João Pedro da Silva Fonseca, 10, participaram do lançamento da campanha. De carro, a pé ou moto, os alunos reconhecem que no caminho para a escola há perigos e estar atento é fundamental. Todos os alunos moram no bairro e os pais que usam veículos estão a caminho do trabalho.

Promovida em conjunto entre a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) e a Secretaria Municipal de Educação (SME), a iniciativa visa qualificar 90 professores da rede municipal para trabalhar, junto aos alunos, noções de respeito e cidadania no trânsito. Na ocasião, foram entregues os livros didáticos sobre educação no trânsito aos estudantes e as crianças assistiram a uma apresentação da peça “Amigos do Trânsito”, que contou com fantoches e a participação de palhaços.

O livro “Educa – Educação para Mobilidade Consciente”, base durante as ações realizadas com os estudantes foi produzido em parceria entre o Observatório Nacional de Segurança Viária (OBSV) e o Ministério da Educação. A numeração dos volumes da obra vai de 1 a 5, conforme a série em que os alunos se encontram. A obra tem caráter transversal e interdisciplinar e a CMTU preparou o curso on-line para formação de professores. No total, essas atividades de capacitação têm duração de 40 horas. No ano passado, foi realizado um projeto-piloto referente a essa iniciativa, que envolveu 61 professores e 700 alunos da rede municipal de ensino.

Para a secretária municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, a parceria com a CMTU visa ensinar, para as crianças, as regras de trânsito. “Muitas vezes elas presenciam as famílias descumprindo alguma regra, por exemplo, parando em fila dupla para deixar na porta da escola, e com este trabalho reforçamos os cuidados no trânsito, a educação para o trânsito e para a vida, de forma lúdica", afirma.

Travessia segura: Eduardo dos Santos Cunha, Kamilly Vitória de Lemos Dias, a diretora Simonia Aparecida de Oliveira, Eduardo dos Santos Cunha e João Pedro da Silva Fonseca, da Escola Municipal Pedro Vergara ,Corrêa aprendem sobre as regras no trânsito
Travessia segura: Eduardo dos Santos Cunha, Kamilly Vitória de Lemos Dias, a diretora Simonia Aparecida de Oliveira, Eduardo dos Santos Cunha e João Pedro da Silva Fonseca, da Escola Municipal Pedro Vergara ,Corrêa aprendem sobre as regras no trânsito | Foto: Walkiria Vieira

GRUPO DE MÃES COORDENA PROJETO 'CARONA A PÉ'

Idealizado por um grupo de mães em Londrina, o projeto "Carona a Pé" forma grupos de crianças para irem juntas a pé até a escola. Eles se programam para sair com antecedência justamente para que o tempo do percurso possa ser utilizado como um momento de vivência entre a turma e também em relação às outras pessoas que vivem ou trabalham naquele bairro. "Para dar um bom dia ou uma conversa rápida com a freguesa da padaria ou com o dono do açougue, por exemplo", explica a arquiteta urbanista Camila Oliveira, integrante da Associação Mobilidade Ativa Londrina.

Dentro dessa perspectiva, os pais entendem que a educação no trânsito voltada às crianças pode e deve ser pensada num amplo sentido. "O deslocamento a pé é o primeiro modal de transporte que o ser humano experimenta com certa autonomia . "Ainda que a criança precise ser supervisionada por um adulto, só depois que ela vai experimentar a bicicleta, o transporte público, o carro. Ao mesmo tempo, é uma oportunidade nesta fase inicial da vida, de formar o ser humano cidadão Não no sentido de cumprir regras de trânsito, mas no sentido de vivenciar a cidade, de se apropriar dela, de conhecer e conviver com as diferenças e de construir laços de afeto e de pertencimento com o lugar em que vive", observa.

Campanhas de educação para o trânsito são levadas às escolas para ensinar regras de segurança e alertar sobre os perigos
Campanhas de educação para o trânsito são levadas às escolas para ensinar regras de segurança e alertar sobre os perigos | Foto: Vivian Honorato/ Divulgação

O administrador hoteleiro Luiz Giglio também integra a Associação Mobilidade Ativa Londrina e acredita ser de grande importância reforçar esses conhecimentos de trânsito com as crianças. "O trânsito faz parte da cidade e as crianças vivem e precisam se locomover, sozinhas ou acompanhadas de pais ou responsáveis, mesmo para brincar, as crianças podem utilizar espaços urbanos como ruas e praças. Neste contexto é muito importante informar para as crianças as maneiras possíveis de se locomover, como caminhada, bicicleta, transporte público e veículos motorizados. Qual a maneira correta de utiliza-los e quais as consequências que podem trazer para a cidade e o planeta.

O coordenador de projetos da Associação Associação Mobilidade Ativa Londrina, Aluísio de Paulo Silva Junior, pensa que ações integradas entre secretarias como Educação para o Trânsito – Construindo o Futuro” são positivas e devem ser frequentes. “A mobilidade urbana pela ótica da criança tem que ser percebida que se deslocar pela cidade precisa ser seguro. Mas vamos na contramão quando criamos campanhas de conscientização só baseadas no conceito de que o automóvel é único meio de transitar pela cidade", pontua.

Silva aponta que em países desenvolvidos as crianças vão a pé para a escola, de ônibus, de metrô. "Por aqui precisamos garantir a segurança desses alunos tão logo eles tenham sua independência/autonomia de irem pra escola sozinhos de bicicleta ou a pé. Mas para isso, o entorno escolar precisa ser amigável, com zonas calmas, as leis de velocidade nas proximidades nas escolas precisam serem cumpridas e fiscalizadas para que não ocorra mortes como infelizmente tivemos na zona norte", recorda. O coordenador da associação também sugere melhorias. "O que vemos em Londrina é ainda se pensar com a “cabeça do carro”, e há muitos exemplos de como paga-se um preço alto pela falta de planejamento público".

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