Algumas crianças apresentam um comportamento que chama a atenção dos adultos: vocabulário excepcional e verbalmente fluente, resistência à rotina e repetição, excelente senso de humor, aprendizado fácil e rápido são algumas delas. A Secretaria Municipal de Educação (SME) já reconhece essas crianças e, em parceria com o Grupo de Apoio de Altas Habilidades/Superdotação, promoveu a 1ª Semana Municipal das Pessoas com Altas Habilidades e Superdotação. Composto por atividades como rodas de conversa, painéis e encontros, o evento propôs o tema “Por que Identificar?”

Realizada de 8 a 15 de agosto, a iniciativa conta com participações como a da psicóloga e doutora em Educação Cristiana Delou e da Secretária Municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, roda de conversa para pais com o superdotado, pai e professor André Coneglian, painel com especialistas e um Encontro de Superdotados de todas as faixas etárias, no Colégio Estadual Vicente Rijo.

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Sancionada em março deste ano, a lei municipal no 13.559 faz de Londrina a primeira cidade do Paraná a contar com uma legislação que institui a Semana Municipal das Pessoas com Altas Habilidades e Superdotação. A Secretaria Municipal de Educação oferece atendimento educacional especializado para os alunos com altas habilidades/superdotação (AH/SD) matriculados na Rede.

Iniciada em 2017, a sala tem capacidade para atender 20 alunos de manhã e 20 alunos à tarde. Atualmente, está trabalhando em sua capacidade máxima, contemplando 40 crianças da Educação Infantil ao Ensino Fundamental fase 1, com idades entre 5 e 10 anos. O espaço oferece atividades aos estudantes duas vezes por semana, em atendimentos de uma hora e meia. As ações são realizadas em diferentes campos do conhecimento, incluindo artes, atividades acadêmicas, música, robótica e desenvolvimento de projetos conforme a área de interesse e destaque de cada estudante.

Loan Renato Alves de Almeida , seis anos, é um desses alunos. Ele lê, faz contas e sabe reproduzir jingles e campanhas publicitárias e demonstra que tem grande de armazenar informações. Loan estuda na Escola Municipal Professor Hélvio Esteves, desde os cinco anos recebe acompanhamento e os pais recordam que desde os dois anos e passou notaram a sua facilidade com números, cores e um discernimento diferenciado. "Aos dois anos, ele caiu, precisou fazer um tratamento e eu passei a dar bastante apoio nas atividades dele", conta a mãe de Loan, a despachante Daniele Fernandes Alves. "Investi em jogos de tabuleiro, cubos mágicos, notamos seu interesse por formas geométricas e evitei a exposição a telas.

Loan Renato Alves de Almeida, da Escola Municipal Professor Hévio Esteves, 6 anos,  demonstra facilidades com números e cores, além de ter um discernimento diferenciado
Loan Renato Alves de Almeida, da Escola Municipal Professor Hévio Esteves, 6 anos, demonstra facilidades com números e cores, além de ter um discernimento diferenciado | Foto: Emerson Dias/ N.Com

Satisfeitos com o desenvolvimento de Loan, os pais entendem que esse é um trabalho importante. "Para que ele não perca o interesse no conteúdo escolar", resume a mãe. "Eu só achava que ele estivesse adiantado na escola e para mim robótica era fazer robozinho de papel", sorri. "Um dos cuidados que passamos a ter depois da orientação da psicóloga é preservá-lo para que não se torne uma atração", diz.

As professoras regentes da Sala de Altas Habilidades/Superdotação possuem formação em Educação Especial e Psicopedagogia, além de outros cursos de capacitação na área. Elas organizam e ministram os atendimentos em conjunto com diversos parceiros, incluindo a UTFPR, Fundação Cultura Artística de Londrina (Funcart), Grupo de Estudo e Divulgação de Astronomia de Londrina (GEDAL), Orquestra Sinfônica da UEL e alunos dos cursos de Engenharia, Geografia e Arquitetura da UEL.

O MUNDOS DOS SUPERDOTADOS

Para a gerente de Educação Especial da SME, Cristiane Sola, o evento é uma oportunidade para o compartilhamento de informações, conhecimentos e experiências. “O objetivo é promover o diálogo sobre as questões relacionadas ao tema para todas as pessoas, superdotados ou não. A semana conta com live, painel, rodas de conversas, jogos e atividades interativas, oferecendo um amplo diálogo para educadores, especialistas, pais e estudantes se conectarem e colaborarem. Para muitas pessoas, será uma oportunidade de descobrir o que é esse mundo das Altas Habilidades e Superdotação”, diz.

Segundo Cristiane Sola, gerente de Educação especial da SME, a Semana Municipal das Pessoas com Altas Habilidades e Superdotação oferece um amplo diálogo entre pais, especialistas, professores e alunos
Segundo Cristiane Sola, gerente de Educação especial da SME, a Semana Municipal das Pessoas com Altas Habilidades e Superdotação oferece um amplo diálogo entre pais, especialistas, professores e alunos | Foto: Emerson Dias/ N.Com

Segundo a gerente, a identificação do estudante com Altas Habilidades/Superdotação é importante para que a escola comum invista em um Plano de Ensino Individualizado que atenda as necessidades educativas especiais desse estudante criando oportunidades de desenvolvimento de suas habilidades e talentos, para a oferta e garantia de Atendimento Educacional Especializado em Sala de Recursos Multifuncional. "E principalmente para que o estudante compreenda sua condição e identidade na escola, e na vida."

Sobre o universo de altas habilidades, Sola explica que no Brasil, o Ministério da Educação define que “alunos com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, :intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse”. "Portanto, são alunos que, quando não identificados, podem ficar desmotivados com a escola e até apresentar comportamentos complexos em ambiente escolar.

Acerca das características que conduzem alunos para o atendimento especializado, Sola informa que de acordo com a resolução nº6, de 29 de março de 2019, quando a avaliação é realizada apenas por psicólogos, o documento entregue é o laudo psicológico. "No entanto, quando realizada por mais profissionais como pedagogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos e demais profissionais, tem-se como documento um relatório multiprofissional. A avaliação deve ser conduzida por profissional especialista em AH/SD", observa.

Assim, a identificação de alunos com superdotação, na escola, é realizada pelo professor da sala regular e pelo professor da sala de recursos. "A partir da utilização de várias fontes de coleta de dados (entrevistas, observações, questionários, listas de verificação, portfólios, sondagens do rendimento e desempenho escolar, análise de produções e outros)", ratifica.

Um atendimento especializado, por sua vez, representa, segundo Sola, a possibilidade de desenvolver ainda mais o potencial desses estudantes. Por meio do desenvolvimento de projetos nas áreas de maior destaque e interesse do estudante, além do desenvolvimento de diversas atividades exploratórias que oportunizam ampliação de conhecimentos e a identificação de outros interesses e potenciais a serem desenvolvidos", assegura.

Imagem ilustrativa da imagem Londrina realiza semana dedicada a alunos superdotados
| Foto: Folha Arte / Gustavo Padial