Educação Financeira também se aprende na escola
O valor do dinheiro, das profissões, o consumo e a poupança também são temas abordados em sala de aula
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 27 de abril de 2021
O valor do dinheiro, das profissões, o consumo e a poupança também são temas abordados em sala de aula
Walkiria Vieira - Grupo Folha
Custo de vida certamente não está entre os assuntos nas rodas de crianças e jovens. Entretanto, toda família tem o seu orçamento, seus ganhos, gastos e o planejamento é essencial para a conta fechar não somente no final do mês. Mas um planejamento permite ter qualidade de vida sem excessos, lazer, investir em livros e cultura, assim como ter entre as prioridades ajudar quem tem menos. Para os 742 alunos da Escola Municipal Francisco Pereira de Almeida Junior, na região leste de Londrina, é durante as aulas desde o P4 - Educação Infantil, até o 5º ano do Ensino Fundamental, que o tema é explorado sem que se esgote.
De acordo com a diretora da unidade, Ivete Pimentel, tudo começa pela moeda nacional. "São várias ações práticas de acordo com o ano escolar. A proposta, segundo a diretora, é que entendam que a economia é um processo e compreender como o dinheiro circula , a forma como ganhamos e como investimos é essencial. "Começamos abordando sobre os papéis profissionais na sociedade. "De modo lúdico, adotam a profissão que almejam e brincam que são médicos, advogados e professores. Em 1º de maio, por conta do Dia do Trabalho, trazemos pais e parte de nossos colaboradores para darem palestras e explicar como é a profissão deles, quanto ganham, como fizeram para se formar e como cuidam do que ganham e do que gastam".
A diretora reforça que mais importante que se falar em dinheiro, é falar do valor de cada um na sociedade e o papel que desempenham junto à comunidade. Por isso, entre os palestrantes, já passaram pela escola bombeiros, professores, enfermeiros, merendeiras , faxineiras e aeroviários. "No 1º e 2º ano da Educação Fundamental, brincam de mercadinho, fazem dinheiro de brincadeira e assumem papéis: "Um é o caixa, o outro o consumidor e mais para frente vamos a um comércio do bairro. Na sorveteria, escolhem o que querem de acordo com o dinheiro que possuem, pagam, conferem o troco e vivem uma experiência que dá a eles a consciência financeira", explica.
Entre as atividades, os folhetos de ofertas de supermercado são prato cheio para as diferentes turmas. "Fazem comparação de preços, começam a dividir com os pais onde determinado produto está mais barato, passam a pensar no salário mínimo e o que ele permite comprar". De acordo com Ivete, o retorno dos pais é bastante positivo, e comentam como o senso de observação e conscientização do consumo geram mudanças de comportamento. "Passam a olhar até para o jornal de outra forma e começam a explorar os anúncios e despertam para a importância da Educação Financeira. Entendem que nada cai do céu", comenta a diretora. "Esse tema também se estende aos alunos da EJA- Educação para Jovens e Adultos, tanto para que as pessoas mais velhas não caiam em golpes, entendam o valor do dinheiro e também pelo fato de muitos serem idosos e passaram por várias moedas, somos bastante detalhistas com eles.
Aula de Matemática e o valor de cada real
De acordo com a coordenadora da Escola Municipal Norman Prochet, Glaucimara Simon, é nas aulas de Matemática que o assunto é estudado de modo amplo e de acordo com a faixa etária dos alunos. "Quando os professores abordam o Sistema Monetário, daí entra o consumo, o dinheiro, as cédulas, o funcionamento do comércio, por exemplo. Localizada na região Sul de Londrina, a unidade acolhe 730 alunos do P4 ao 5º ano e dentro de todo esse conceito em que o valor do dinheiro, o modo de consumo e o capitalismo é trabalhado, os alunos absorvem o conhecimento e passam a fazer comparações e entendem que esse é assunto que faz parte da rotina de cada família e é muito importante manter-se informado.
Um conhecimento para a vida inteira
No final do ano, Clara Silva Golono, de 9 anos, estudante da Escola Municipal Neman Sahyun, região oeste, recebeu da mãe um valor para escolher seu presente de Natal. Nessa experiência, pode avaliar o que mais teria aproveitamento, fazer comparações na loja e decidir sobre o valor que recebeu e as ofertas de brinquedos. Segundo a jornalista Mariella Silva, mãe de Clara, essa foi uma verdadeira prática de educação financeira e que serve para as crianças terem consciência. "Ela vê o quanto trabalho e sabe quem nem tudo é possível. Diariamente, temos conversas rotineiras que envolvem essa questão do dinheiro, do que é possível ter e são raras vezes em que a Clara pede algo que esteja além do orçamento. Quando isso acontece, conversamos. Um dos jogos preferidos de Clara é o Roblox. Também no Natal de 2020, ganhou de presente do pai uma quantidade grande de robux, as moedas usadas na atividade digital. "Então expliquei para ela planejar, não gastar tudo de uma vez e penso em falar mais sobre isso, estabelecendo até uma pequena mesada para que ela tenha mais noções e controle do dinheiro", diz.
Questionamentos sobre o uso do dinheiro
- Será que eu preciso disso?
- Quais são minhas necessidades?
- Será que o meu dinheiro pode comprar isso?
- Pagar em parcelas compensa? E se eu juntar e pagar à vista?
- As promoções são verdadeiras?
Com diversos recursos ligados ao Empreendedorismo e à Educação Financeira, a Conquista define-se como uma solução aos alunos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio e com uma proposta que integra a família, a escola e a comunidade. Para a empresa, há um passo a passo para o sucesso da Educação Financeira com crianças e adolescentes, incluindo os questionamentos sobre o uso do dinheiro.
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Segundo o consultor pedagógico Fernando Venegas Vargas, é preciso enxergar quem é o jovem de hoje e o que o move. "A geração atual tem sua base nos ídolos do individualismo. Buscam estabelecer metas em função do exemplo de influenciadores digitais. O que a escola precisa fazer é adotar um olhar que a leve a se comunicar de forma eficiente com o aluno, a ponto de guiá-lo em sua jornada de formação e transformação", destaca. O educador pensa que desde cedo é preciso desenvolver essa consciência financeira a partir de exemplos e estímulos, sendo um trabalho que deve ser realizado em conjunto entre família e escola. "Orientações sobre a importância de poupar, conversas que explicam a importância do trabalho e da remuneração, os cuidados para se evitar o desperdício de água ou energia elétrica que impactam na conta mensal são exemplos de práticas que pais e professores podem adotar na hora de estimular a consciência financeira das crianças", reforça Vargas.
Já sobre os mais crescidinhos, a Conquista entende que em uma sociedade com jovens que desejam tudo o que o mundo capitalista pode oferecer, falar de educação financeira torna-se um desafio cada vez maior. "Os longos corredores nos supermercados repletos de rótulos sedutores, o e-commerce a um clique a qualquer hora e o estímulo ao consumismo pioram a situação. A consciência que leva à educação financeira é um trabalho entre a família e a escola . Cabe adotar um olhar que a leve a se comunicar de forma eficiente com o aluno e guiá-lo em sua jornada de formação e transformação", destaca Vargas. Ações assim aproximam a educação financeira do universo dos jovens e fornecem elementos que os ajudam a refletir sobre os seus desejos e a importância de construir planejamentos para realizá-los.