A voz é um instrumento de trabalho essencial para os professores. Na sala de aula ou em atividades extras, é por meio do diálogo que a comunicação é feita, a mensagem chega aos alunos e a atividade se realiza. Cientes da necessidade de cuidar da fala em nome do bom desenvolvimento do trabalho e da saúde como um todo, educadores reconhecem que devem zelar pela voz, fato a ser reforçado neste Dia do Professor pensando em seu bem estar em sala de aula.

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. | Foto: Gina Mardones

Na área há 15 anos, a professora Debiê de Jesus sabe lidar com as peculiaridades da profissão. Uma de suas turmas é de alunos de 8 anos de idade. Habituada com a energia da turma, conta: "Há momentos em que querem conversar mais, gostam de sair do lugar e precisamos estar atentos". Com habilidade, a professora chama a atenção - até sem precisar falar: "Olho para eles, paro de falar e percebem que é hora de pararem. Quando acendo e apago a luz, também entendem que estão passando do limite", explica. Para que a organização flua em sala de aula, Debiê também reforça a necessidade de as crianças levantarem a mão antes de fazer uso da palavra. "Assim, cuidamos da voz de todos", observa.

Na prática, o advogado e professor universitário Adelino Borges Ferreira, também mantém os cuidados com a voz, mas recentemente foi pego de surpresa. "Estou tratando uma faringite, fruto de 12 horas de aula para uma turma de pós-graduação". Na missão de transmitir seus conhecimentos, Ferreira explica que vários fatores contribuíram para a infecção, que já está sendo curada. "Essas aulas foram em Cuiabá, e lá a dificuldade de manter a hidratação é maior. Embora eu consuma bastante água, a baixa umidade da região precisa ser levada em conta". Ferreira não esquece a garrafa de água, mas observa que muitos colegas não dão tanta importância à hidratação. Além disso, Ferreira explica que a experiência em sala e as sustentações orais feitas em audiências, servem de diretriz.

A exemplo de Leonice Augusta Souza Mattos, muitos professores enfrentam em média 20 horas de trabalho na semana, sendo 13 usando a voz
A exemplo de Leonice Augusta Souza Mattos, muitos professores enfrentam em média 20 horas de trabalho na semana, sendo 13 usando a voz | Foto: Fotos: Gina Mardones

A Diretora da Escola Municipal Roberto Pereira Panico, Thatiane Verni Lopes de Araújo transforma a consciência em atitudes. Araújo explica que um professor fica em média 20 horas semanais à disposição da escola, sendo 13 falando. "Na nossa gestão, junto com a APM e o Conselho da escola, sabemos que é necessário um trabalho de prevenção para que as aulas transcorram bem. Em ambientes abertos e no recreio dirigido, por exemplo, os professores usam microfones".

Para que não precisem de exceder e para que a mensagem chegue com qualidade a todos, os equipamentos estão à disposição da unidade escolar. "Além disso, a diretora explica que a escola também dispõe de um sistema de som e assim a tecnologia é uma parceira na comunicação interna. "Não há como não se comunicar então investimos em parcerias também com fonoaudiólogos e práticas pedagógicas e alternativas voltadas para a prevenção".

A diretora reforça que falar sobre o assunto nunca é demais. Neste Dia dos Professores, todos receberam uma canequinha como incentivo para manter a hidratação em dia. "Ser a referência, sem autoritarismo é um desafio. Assim, é necessário criar estratégias para não se exceder e manter o vínculo afetivo que deve existir em sala. Não precisa gritar, falar alto e se desgastar e os alunos aprendem também que devem respeitar o espaço.

Sandra Regina Alves da Rocha, vice-diretora da Escola Municipal  Roberto Pereira Panico, fala com os alunos usando um microfone e caixa de som
Sandra Regina Alves da Rocha, vice-diretora da Escola Municipal Roberto Pereira Panico, fala com os alunos usando um microfone e caixa de som | Foto: Gina Mardones

Cuidar nunca é demais

O médico otorrinolaringologista e professor da disciplina de Distúrbio da Voz - Fonoaudiologia da UNOPAR Denis Massatsugu Ueda , faz as seguintes considerações acerca dos cuidados que quem lida profissionalmente com a voz deve ter: "Simples atitudes podem influenciar na saúde vocal de uma pessoa. É comum ver muitos profissionais da voz que ainda desconhecem hábitos saudáveis para a preservação de seu instrumento de trabalho - a voz. Quanto à necessidade do uso de microfones em sala, expõe: "Deve ser individualizado de acordo com a análise de cada profissional e suas condições de trabalho. Deve-se levar em consideração diversos fatores entre, eles o tamanho da turma, jornada de trabalho, nível de ruído de fundo, presença ou ausência de doenças associadas. Ressalta-se ainda a importância do acompanhamento com profissionais habilitados - otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos - para a prevenção e tratamento de distúrbios da voz.

Alguns cuidados que podemos manter

- Hidratação adequada;

- Evitar falar competindo com ruído de fundo;

- Evitar usar roupas apertadas na laringe e abdômen;

- Buscar uma postura adequada durante a fala;

- Não fumar.