“Encaro o ato de pintar com muita responsabilidade e sinto a necessidade de estar sempre em busca do meu aprimoramento, como ser humano”, diz o artista
“Encaro o ato de pintar com muita responsabilidade e sinto a necessidade de estar sempre em busca do meu aprimoramento, como ser humano”, diz o artista | Foto: Luiz Sérgio Carreiro/Divulgação

Na exposição “Spirit of Zico”, programada para julho, no Japão, o artista plástico Carlos Kubo retrata o jogador de futebol Zico. Nas próximas semanas, será a vez de retratar os cantores japoneses Miyama Hiroshi, Matsumae Hiroko e Nakamura Hitomi, durante turnê no Brasil. Suas esculturas de tsusrus - ave sagrada do Japão e símbolo da saúde, boa sorte, felicidade, longevidade e da fortuna, são outra referência de sua arte. Cores fortes e vibrantes, em técnica mista em que se destaca o uso da espátula e as várias texturas são marcas de alguns trabalhos do artista plástico Carlos Kubo. Nascido em Lins (SP) em 1949 e filho de imigrantes japoneses, Kubo mudou-se para São Paulo aos 11 anos. Lá, formou-se em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo, e, a partir da década de 1970, começou a se destacar em exposições em todo o Brasil e em países como Japão, Estados Unidos e Argentina. Dentre as várias premiações conquistadas, estão o Prêmio Setor Artes Plásticas, comemorativo aos 457 anos da cidade de São Paulo, e o Governor Prize do Salão de Artes Plásticas de Osaka, no Japão. Suas obras também integram acervos particulares de países da Europa (Inglaterra, Espanha, Bélgica, Portugal), América do Sul (Chile, Argentina, Equador, Uruguai, Paraguai), Austrália, Japão, China, Coreia e Estados Unidos.

O que você mais gostava de fazer na escola quando criança?

Na minha época, as nossas carteiras eram duplas e eu dividia com um amigo. O que mais gostava de fazer era rabiscar (desenhar) no caderno.

Qual a melhor lembrança desse período de escola?

Uma lembrança recorrente desse período é que eu só ficava desenhando. Um fato surpreendente é que, muitos anos depois, quando adulto, esse meu amigo me mostrou um desenho que eu tinha feito e oferecido a ele.

Havia alguma matéria que gostava mais? E qual era a que gostava menos?

Além da matéria de artes, claro, de um modo geral eu gostava de todas, menos matemática!

O que você gostava de comer na hora do recreio?

Como meu pai tinha um bar, em Lins, minha cidade natal, antes de ir à escola eu mesmo preparava a minha lancheira no bar. Era um sanduíche de mortadela, e eu cortava fatias maiores do que o pão.

Você já ficou de castigo ou levou bronca do professor alguma vez? Como foi?

Não me lembro, mas se em algum momento chamaram a minha atenção, acredito que foi para ficar quieto, pois sempre gostei de falar muito.

Suas notas eram boas? Qual a disciplina que ia melhor?

Quando fui fazer uma exposição em Lins, alguns anos atrás, fiz questão de visitar a minha escola e consegui ver os meus boletins e a as minhas notas. A secretária da Cultura do município estava me acompanhando e, para o meu alívio, a minha média geral era 8.

Já gostava do universo da arte quando criança?

Meu pai era poeta (haikai) e eu cresci nesse meio, mas a forma de expressão que acabei escolhendo, em vez palavras, foi o desenho. Sempre foi um modo de entrar no meu mundo.

E quando criança, imaginava que teria essa profissão?

Como disse anteriormente, esse meu amigo que guardou o desenho que fiz, foi categórico e disse que sempre achou que eu seria um artista plástico. Ele teve essa percepção antes mesmo de eu saber.

Quem eram seus ídolos nessa época?

Quando criança, eu sempre desenhava personagens de mangá, tendo como referência livros vindos do Japão, que ganhava da professora de japonês. Acho que esses eram os meus ídolos.

Em se tratando de cultura e arte, do que mais gostava nesse época de criança? Pintura, desenho, música?

Eu sempre gostei de música e a maior alegria era ir às quermesses, pois lá sempre tocavam músicas sertanejas e eu adorava.

Qual sua formação, onde nasceu, em que bairro morou e em que cidades já morou? Qual biblioteca frequentava quando criança?

Eu nasci na cidade de Lins, interior do estado de São Paulo e aos 11 anos meus pais se mudaram para São Paulo, capital e há 6 anos, mudei para Londrina. Quando criança gostava de ir à biblioteca de Lins que, apesar de bem pequena, tinha muitos livros com muitos desenhos. Na verdade, desde criança eu leio os desenhos. Tem pessoas que leem livros, eu leio e me conecto com as imagens.

Pode dar uma sugestão de como os pais, educadores podem incentivar o acesso à arte?

As crianças aprendem com os olhos e não com os ouvidos. Então, se os pais derem exemplos como visitar museus, ouvir boa música, ler um bom livro e apreciar a arte, de um modo geral, nem é preciso dizer nada, pois as crianças irão assimila facilmente e isso ficará gravado no inconsciente de cada uma.