Na rede estadual de ensino, a pandemia provocou uma verdadeira revolução tecnológica. Se antes de 2019, um entre dez professores usava as ferramentas nas salas de aula, hoje isso está presente no cotidiano de nove entre dez docentes e obriga a Seed (secretaria Estadual da Educação e do Esporte) a melhorar a estrutura atualmente disponível para que todos façam parte dessa nova realidade.

De acordo com o diretor de educação da Seed, Roni Miranda, a pandemia foi a grande propulsora desse desenvolvimento transformando o cotidiano das escolas, professores, estudantes e sua família tanto que o Estado passou a investir pesado no parque tecnológico das escolas. “São novos aparelhos de tevê com computadores acoplados, alguns milhares de PCs novos, estamos aumentando a velocidade da internet nas escolas, tanto naquelas com fibra ótica como aquelas com satélite. Na parte pedagógica, investimos nas metodologias para utilização das novas ferramentas”, revela. A tecnologia, nas escolas do Paraná, veio para ficar.

Entre as estratégias da SEED para manter as tecnologias digitais  está uma plataforma, para o sexto ano do fundamental, que ensina matemática a partir da linguagem dos jogos usada atualmente por cerca de 125 mil alunos
Entre as estratégias da SEED para manter as tecnologias digitais está uma plataforma, para o sexto ano do fundamental, que ensina matemática a partir da linguagem dos jogos usada atualmente por cerca de 125 mil alunos | Foto: iStock

A estratégia da Secretaria para alavancar o ensino e recuperar o interesse dos alunos depois de tantos meses de ensino remoto se apoia em três pilares, continua Miranda.

“O primeiro deles é o compromisso de continuar produzindo entregando conteúdos aos alunos e professores nos canais YouTube dedicados ao Aula Paraná – o programa de EAD da SEED durante a pandemia do Covid-19, e ao Canal do Professor, para a formação continuada dos docentes”, diz. Isso continua mesmo com todos os alunos já dentro das salas de aula.

A segunda frente está representada pelas plataformas de ensino que ganham destaque nos planos da Secretaria para os próximos anos. Com a “Redação Paraná”, a inteligência artificial faz o trabalho pesado na correção de textos deixando para os professores a parte que diz respeito ao repertório de vocabulário ou se não houve fuga do tema, disponível para qualquer estudante da rede de ensino do Paraná.

Outra plataforma está disponível para estudantes do sexto ano fundamental e ensina matemática a partir da linguagem dos jogos de computador (games); atualmente está sendo usada por mais de 125 mil estudantes e 2,3 mil professores de matemática.

Associada a ela, hoje mais de 50 mil estudantes do Paraná já estão aprendendo a linguagem da programação. Com a plataforma do “Programa Inglês Paraná”, estudantes e professores têm acesso a um curso on-line completo de língua inglesa, seguindo o Quadro Comum Europeu de Referências para Línguas (CEFR) e objetivos de aprendizagem previstos para cada etapa do currículo estadual. “As plataformas

aproximam os estudantes do aprendizado que fica mais interessante”, analisa Miranda. Todas as atividades estão vinculadas aos conteúdos da BNCC (Base Nacional Comum Curricular).

Roni Miranda: "Na parte pedagógica, investimos nas metodologias para utilização das novas ferramentas”
Roni Miranda: "Na parte pedagógica, investimos nas metodologias para utilização das novas ferramentas” | Foto: AEN/ Divulgação

O terceiro ponto de atenção da Seed está na formação continuada do corpo docente. “Os professores evoluíram muito de um ano e meio pra cá e é surpreendente o quanto eles avançaram no uso das tecnologias na sala de aula. Daí a nossa necessidade de fortalecer o parque tecnológico trazendo boas ferramentas e condições para usarem as plataforma e outras inovações”, comenta Miranda. Para o diretor, não faria mais sentido uma simples programação de vídeo-aulas, o período pandêmico serviu para perceber a baixa audiência. “Isso acontece quando não existe um trabalho de direcionamento e acompanhamento. Um grupo de estudo, por exemplo, focado em um assunto, é muito mais efetivo na entrega ao estudante, mais do que vários programas de formação à distância soltos. Nosso objetivo é melhorar a qualidade de ensino no Paraná, atuando mais no corpo a corpo, uma ação direcionada para

aumentar a eficiência, com acompanhamento e informação”, completa.

Para Miranda, a situação atual é extremamente crítica. “Estamos correndo atrás do prejuízo. Não vamos resolver tudo em dois ou três meses. Perdemos uma década de avanço”, diz.

Transformações também na rede municipal

Na Rede Municipal de Ensino não é muito diferente, com a educação digital que deve permanecer como uma das estratégias de suplementação dos processos de ensino e aprendizagem. De acordo com Mirella Cito Botti, do Apoio Pedagógico de TDIC (Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação) em Educação

da Secretaria Municipal de Educação de Londrina, o prolongado período de ensino remoto forçou a adoção da tecnologia na educação e isso permanece mesmo com o retorno das aulas presenciais já que alguns pais ainda preferem manter os filhos no ensino remoto. “O maior desafio está em implementar meios eficazes para que a plataforma on-line possa continuar sendo utilizada, de modo que os alunos acessem os conteúdos e se mantenham engajados nas atividades propostas. E para isto será necessário expandir ainda mais a formação continuada do professor. Uma formação que possibilite conhecer, criar, utilizar e avaliar ferramentas digitais que complementam o uso do Google Sala de Aula, para que cada vez mais haja o engajamento do aluno em atividades interativas, interessantes e significativas que contribuam com os processos de ensino e aprendizagem”, diz.

Com essa revolução tecnológica surgiu uma nova figura na Sala dos Professores: aquela do professor mediador de TDIC, que recebe formação continuada específica para orientar o professor regente na utilização das novas tecnologias em sala de aula, fomentando e propiciando o uso das novas ferramentas para que o regente incorpore a tecnologia no planejamento diário. “Este profissional teve um importante papel durante a pandemia, auxiliando e orientando os demais professores quanto ao uso das

novas tecnologias tão necessárias durante a realização do ensino remoto e permanecerá sendo fundamental no pós pandemia, impulsionando o uso contínuo das tecnologias digitais em sala de aula", completa.