Valorizar as diferentes culturas que contribuíram para a formação e transformação de Londrina foi a proposta dos trabalhos escolares apresentados na 7ª edição do Londrina Mais, realizada de 28 a 30 de novembro, no Parque de Exposições Governador Ney Braga.

Voltado à comunidade escolar do município, o Londrina Mais Histórias destacou os 90 anos do município e contou com mais de 100 estandes, onze palestras, apresentação de trabalhos escolares. Os pontos históricos, a importância de imigrações como a japonesa e a relevância da cafeicultura para a economia foram tema de estudo na rede municipal de ensino em Londrina.

No CMEI Nissia Rocha Cabral, região Sul de Londrina, a mostra de trabalhos partiu da leitura do livro 'Vai dar tudo certo", de Lysa Terkeurst. As turmas do P4 C, batizada de Vulcão e P4 D, Helicóptero, participaram de uma aula de campo e foram conhecer o Lago Igapó. "Elas se encantaram com tudo o que viram e ficaram felizes por estarem mais próximas da natureza", explica a professora Andréa. "Realizaram maquetes para reproduzir o lago, a barragem, a vegetação e fizeram pintura em tela", acrescenta.

Dentro da proposta sobre os 90 anos de Londrina, os alunos retrataram a história do Lago Igapó. "A professora fez a pesquisa junto com eles, os pais também participaram porque essa parte da pesquisa é encaminhada às famílias também e eles estudaram desde quando o lago foi surgiu, assim eles souberam que não é um lago natural, mas sim feito pelas pessoas que vieram muito antes de nós da cidade."

A professora explica que com esse estudo e a visitação, as crianças entenderam que o lago integra a história de Londrina. 'Viram barcos, peixinhos e inclusive pessoas pescando."

Os alunos também conheceram e reproduziram mais pontos turísticos da cidade. "A Igreja Matriz, que é uma catedral católica, a Venda dos Pretos (P4A) e o Museu Histórico de Londrina (P4B), assim como a representação do esporte por meio do Londrina Esporte Clube que tem como símbolo um Tubarão", cita.

A cultura do café, a influência da cultura japonesa, a Orquestra Sinfônica da UEL - OSUEL - e a gastronomia também foram temas de estudo dos alunos do CMEI Nissia Rocha Cabral.

RELEITURA E CRIATIVIDADE

O Londrina Mais Histórias foi uma oportunidade também de descobertas. Um exemplo vem da Escola Municipal Professor Joaquim Pereira Mendes, com o projeto "Releituras Fotográficas com Haruo Ohara", do professor Luis Antonio da Silva para os alunos do 3º A.

A iniciativa educativa busca integrar a arte da fotografia à formação dos jovens estudantes. Com uma abordagem prática e reflexiva, o projeto homenageia o fotógrafo Haruo Ohara e promove o desenvolvimento de habilidades essenciais entre os alunos.

O professor Luis Antonio da Silva, levou o projeto "Releituras Fotográficas com Haruo Ohara" aos alunos do 3º ano da EM Professor Joaquim Pereira Mendes propondo releituras de imagens
O professor Luis Antonio da Silva, levou o projeto "Releituras Fotográficas com Haruo Ohara" aos alunos do 3º ano da EM Professor Joaquim Pereira Mendes propondo releituras de imagens | Foto: Walkiria Vieira

O professor destaca que Haruo Ohara deixou uma marca significativa na fotografia de Londrina, com suas imagens que capturam a essência e a cultura da cidade. O projeto tem como um dos seus principais objetivos prestar homenagem a esse fotógrafo, sensibilizando os alunos sobre a importância da memória cultural e do legado artístico que ele representou.

Silva lembra também que o projeto "Releituras Fotográficas" mostra-se como uma experiência educacional rica e multifacetada, que vai além do simples aprendizado de técnicas fotográficas. Ao homenagear Haruo Ohara, os alunos têm a oportunidade de se conectar com a história, desenvolver habilidades essenciais de observação e interpretação, e experimentar sua criatividade de maneira significativa.

"Assim, o projeto não apenas enriquece a formação artística dos estudantes, mas também os prepara para serem cidadãos críticos e criativos, capazes de expressar suas opiniões e experiências de forma visual e concreta. Essa iniciativa é um belo exemplo de como a educação pode integrar arte, história e desenvolvimento pessoal, formando jovens mais conscientes e engajados. Além da fotografia impressa com a releitura, os alunos ganharam um monóculo com a mesma imagem.

TRANSIÇÃO E CORAGEM

Os alunos da Escola Municipal Helvio Esteves também apresentaram os seus trabalhos durante o Londrina Mais. Os professores Rossana Gontijo Lobo e Gustavo Pereira Abonizio contaram que o estande representa parte da trajetória de Londrina.

"Trouxemos trabalhos contando sobre locais históricos de Londrina, no caso dos alunos do primeiro ano, e trabalhamos com o livro Gato Caixeiro, de Ana Cláudia Cerini Trevisan e Leandro Henrique Magalhães", explicam.

Os professores Rossana Gontijo Lobo e Gustavo Pereira Abonizio, da EM Helvio Esteves, fizeram trabalhos com as turmas destacando lugares históricos de Londrina
Os professores Rossana Gontijo Lobo e Gustavo Pereira Abonizio, da EM Helvio Esteves, fizeram trabalhos com as turmas destacando lugares históricos de Londrina | Foto: Walkiria Vieira

Livros gigantes do 2º ano destacam tudo o que surgiu pela primeira vez na cidade e os alunos do 3º ano conheceram o artista Carão e seus trabalhos que deixam os muros e a a cidade mais bonita com os graffitis.

Alunos do 5º ano conheceram com mais profundidade a história dos japoneses e sua chegada na cidade. " Fizemos todo o percurso, com linha do tempo, e recebemos pessoas que viveram fatos importantes sobre a imigração por meio de seus familiares", explicam os professores.

Os alunos aprenderam mais sobre os karaokês e a sua importância na cultura nipônica, desenvolvendo atividades práticas como entrevistas com os descendentes, desenharam em tecidos a flor de cerejeira, escreveram textos em forma de artigos, assistiram a vídeos informativos e produziram 1000 tsurus para fazer um pedido.

"Sobretudo para esses alunos que estão indo para o 6º ano, compreender que uma cidade não é feita de um povo só e reconhecer as lutas e conquistas dos imigrantes japoneses é aprender sobre ter coragem, persistência e resiliência. Afinal, eles vão passar por uma grande mudança agora que é a transição para o 6º ano e ela faz parte do processo de desenvolvimento", observa Lobo.

CAFÉ E HISTÓRIA


"Comemorando os 90 anos de Londrina, fizemos um recorte da parte histórica com foco no período do auge da cultura cafeeira e pudemos descobrir em sala de aula uma relação profunda com o grão. Resgatamos memórias com as crianças e pesquisamos sobre o surgimento do café, como chegou a Londrina, a referência geográfica e a origem no Egito e buscamos toda história dos pastores que descobriram por acaso que as cabras comiam a frutinha, que era docinha, e depois perceberam que elas ficaram um pouquinho agitadas. As crianças amam essas histórias e é uma forma de trazer um por que para eles entenderem", diz a professora Vania Leticia Zampar, professora regente P5, da Escola Municipal Suely Idehira.

Ela também explica que abordou a importância da preservação ambiente e todos os produtos oriundos do café, e trabalhamos de de forma multidisciplinar lembrando a importância na economia e o período em que Londrina ficou conhecida como Capital do Café. A cidade tornou-se assim um centro de negociação de preços e por isso temos o bairro Cafezal, o Estádio do Café, o Residencial do Café e Cine Teatro do Ouro Verde", cita a professora.

A professora Vania Leticia Zampar, da EM Suely Idehira, levou aos alunos aspectos da cultura cafeeira mostrando como o grão chegou a Londrina
A professora Vania Leticia Zampar, da EM Suely Idehira, levou aos alunos aspectos da cultura cafeeira mostrando como o grão chegou a Londrina | Foto: Walkiria Vieira