Imagem ilustrativa da imagem Zélia Duncan transforma em música as dores da pandemia
| Foto: Divulgação - Denise Andrade

No ano em que comemora quatro décadas de trajetória artística, Zélia Duncan teve que adiar comemorações para enfrentar desafios nunca antes vividos tanto na vida pessoal quanto profissional.

O mergulho no abismo gerado pelo distanciamento do público e por presenciar a triste realidade enfrentada pelos brasileiros durante a pandemia abalou o processo criativo da cantora e compositora. Mas a artista não se deu por vencida e, ao se reinventar diante das adversidades, apresenta ao público seu mais novo álbum: “Pelespírito”, trabalho no qual transformou em músicas as dores existenciais vividas nesse conturbado período.

Todas as 15 faixas do disco foram compostas por Zélia em parceria com o poeta e produtor pernambucano Juliano Holanda. “Eu e o Juliano nos conectamos de uma maneira muito profunda, porque ele teve uma disponibilidade muito grande para mim e vice-versa. Esse álbum também é um diálogo meu com ele, que mora em Recife. A gente não se viu e começou a compor por WhatsApp e a coisa fluiu de uma maneira absurda”, revela Zélia.

Imagem ilustrativa da imagem Zélia Duncan transforma em música as dores da pandemia
| Foto: Divulgação - Denise Andrade

O repertório conta com canções íntimas e confessionais nas quais Zélia passeia por ritmos como folk e country (“Viramos pó?”), rock´n´roll (“Nas horas cruas”), sertanejo nordestino e pantaneiro (“Tudo por nada”) e blues (“Sua cara tá grudada em mim”).

Nele, a cantora propõe perguntas (“Onde é que isso vai dar?”, “O que se perdeu?”), faz declarações de amor (“Nossas coisinhas” e “Sua cara”), acenos e homenagens (“Você rainha”). E fecha o álbum deixando explícita a sua crença de que tudo vai ficar bem (“Vai melhorar”).

“Esse álbum é absolutamente especial para mim. Ele é um desejo de ser um pequeno documento meu. E eu adoraria que ele pudesse mapear um pouquinho o momento das pessoas também. Porque as músicas têm isso. Elas pertencem a quem as ouve, a quem se apodera delas”, diz a cantora ao comentar que o disco tem um clima de mistério.

"Claro que a vida é um grande mistério, mas a gente está num momento especialmente enigmático, porque estamos lidando com um vírus. E isso para nós, artistas, nos atingiu na espinha e no coração do nosso ofício, que prevê o encontro. A arte precisa se encontrar com quem vai absorvê-la de alguma forma. No caso da música e da performance, é muito difícil ficar longe de tudo isso”, conta Zélia.

Além de estar longe dos palcos desde o início da pandemia, Zélia conta que também se afastou dos estúdios mesmo durante a gravação do novo trabalho. Pela primeira vez na carreira, a cantora resolveu gravar a própria voz em sua casa. Ela conta que usou um “laptop velhinho” onde foi instalado um software de gravação e um microfone para a captação do áudio.

Os músicos que a acompanham também gravaram suas participações em home studios. Webster Santos gravou de sua casa, em São Paulo, Juliano Holanda em Pernambuco, Léo Brandão em Curitiba, Christiaan Oyens em Londres e Ézio Filho no Rio de Janeiro.

"Pelespírito" marca o retorno de Zélia à gravadora Universal Music, companhia pela qual ela lançou discos como “Sortimento” (2001), “Eu Me Transformo em Outras” (2004), “Pré Pós Tudo Bossa Band” (2005), entre outros títulos de sua discografia que soma 15 discos, além de cinco DVDs solo.

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