Contratado pela FOLHA em 1970, Widson Schwartz estreou na carreira de repórter há exatos 50 anos. Em meio século de profissão, registrou através de seus textos as principais transformações políticas e econômicas que Londrina passou nas últimas cinco décadas. Tornou-se testemunha viva de fatos históricos que foram narrados a ele em primeira pessoa por pioneiros e personagens-chave na construção do município.

Prestes a completar 80 anos daqui a três semanas, um dos nomes mais respeitados da imprensa paranaense está experimentando uma sensação inédita em sua vida. Ele sai dos bastidores da notícia para assumir o papel de protagonista de uma história profissional marcada por fatos e situações raras e inusitadas. O jornalista tem sua própria trajetória registrada em detalhes no livro “Widson Schartz, Repórter - O Colecionador de Histórias”, lançado esta semana.

Windson Schwartz: “As entrevistas realizadas para a produção deste livro me fizeram reviver  momentos importantes da história de Londrina e de pessoas que ajudaram a construir essa cidade”
Windson Schwartz: “As entrevistas realizadas para a produção deste livro me fizeram reviver momentos importantes da história de Londrina e de pessoas que ajudaram a construir essa cidade” | Foto: Gustavo Carneiro

Em 308 páginas, os jornalistas Chico Amaro e Paulo Boni - autores da biografia - contam fatos peculiares da carreira do catarinense que migrou para Londrina na década de 1960. O trabalho na imprensa teve início em emissoras de rádio da cidade, onde Widson atuou como técnico e depois como apresentador. A estreia como repórter aconteceu na FOLHA, veículo pelo qual apresentou aos leitores distantes rincões do Paraná e até de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, numa época em que o jornal tinha 11 sucursais, circulava em mais de 500 localidades e era vendido até em Cuiabá.

Até o final da década de 1980, período em que permaneceu na FOLHA, Widson percorreu dezenas de municípios paranaenses a bordo de um fusca em busca de histórias, denúncias e reivindicações que foram imprescindíveis para o desenvolvimento de muitas cidades após terem sido publicadas no jornal. Em seu acervo pessoal, Widson guarda mais de 400 reportagens de página inteira que escreveu nesse período.

O jornalista também trabalhou como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo, de 1984 a 1993 e no extinto Jornal de Londrina (1996 a 2004). Produziu documentários na Rádio CBN e escreveu livros: dois para a Associação Comercial, vários por iniciativa da Rádio CBN para comemorar aniversários de Londrina e um documento precioso com o título “Rio Tibagi – Nas Águas da História: navegando pelo patrimônio, cultura e paisagem”.

“Ele recuperou muito da história Londrina que já havia sido de alguma forma esquecida ou passada despercebida. Muita história a gente só conhece graças às reportagens do Widson Schwartz”, destaca Paulo Boni, professor sênior do Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da UEL e um dos autores do livro.

Boni destaca que além das reportagens produzidas, outro legado importante deixado por Schwartz para a cidade é o acervo guardado até hoje pelo repórter. “Ele tem cerca de mil páginas inteiras sobre história de Londrina no seu acervo pessoal. Isso é um legado fantástico, qualquer pessoa que estuda a história de Londrina vai, quase que forçosamente, passar por esse legado. E também tem livros e programas radiofônicos”, ressalta.

Os próprios autores da biografia contam que ficaram impressionados com a trajetória do repórter. “Tudo que eu ia pesquisar sobre a história de Londrina, eu já encontrava um texto escrito por ele, que começou a se tornar, pra mim, uma referência. E aí, num determinado momento, eu falei com o Chico Amaro que seria legal nós escrevermos um livro sobre o Widson. Como somos amigos dele há muito tempo, pensávamos que com uma entrevista ou duas estaria tudo resolvido. Nada disso. Quando nós começamos a conversar com o Widson e ele nos mostrou o acervo que tinha, nós percebemos que nós não o conhecíamos muito bem e não sabíamos ainda tudo o quanto ele havia feito pela história de Londrina. Então, o livro que nós imaginávamos demorar seis meses pra produzir, nós acabamos demorando dois anos e alguns meses. Eu acho que a sua biografia ainda está longe de ser concluída. Merecia o número dois, a missão, porque ele tem muita história pra contar ainda”, diz Boni.

Chico Amaro ressalta que além de contar a trajetória de Widson, a biografia traz um panorama muito interessante sobre a fase áurea do jornalismo na cidade. "Penso que é o livro em que existe mais história da imprensa de Londrina. Muita história contada pelo Widson trata do período que eu chamo de apogeu da imprensa londrinense, constituído pela Folha de Londrina, nos anos 70 e 80. O legado das reportagens é principalmente um legado educativo. Ele ensinando a todos nós jornalistas qual é a importância de nos dedicarmos à difusão da história no nosso trabalho. E no livro, ele ensina como fazer isso com perseverança, seriedade e ética”, salienta ao informar que as pessoas interessadas em adquirir o livro autografado pelos Correios podem fazer a solicitação por WatssApp pelo telefone (43) 9 9955-8343.

Windson Schwartz e equipe, no rio Ivaí, numa de suas viagens de que se converteram em grandes reportagens
Windson Schwartz e equipe, no rio Ivaí, numa de suas viagens de que se converteram em grandes reportagens | Foto: Dorico da Silva/ Arquivo Folha

'Estou lisonjeado e feliz'

Ao ouvir Widson Schwartz relembrar fatos marcantes de sua trajetória tem-se a impressão de que situações vividas há décadas aconteceram ontem, tamanho o entusiasmo e a riqueza de detalhes que o contador de histórias da cidade mantém presentes em sua narrativa. “As entrevistas realizadas para a produção deste livro que conta a minha trajetória me fizeram reviver muitos momentos importantes da história de Londrina e de pessoas que ajudaram a construir essa cidade”, relata.

Questionado sobre quais dos vários momentos de sua carreira retratados na biografia ele considera mais importantes, ele destaca as reportagens produzidas sobre a projeção do Arco Leste . “Acho que as reportagens são rascunhos para documentações históricas futuras. Ter acompanhado o desenvolvimento do Arco Leste entre 2008 e 2012 foi muito importante pois considero esse projeto fundamental para a cidade”, ressalta.

O repórter diz estar feliz e lisonjeado com o livro que resgata sua trajetória profissional. “Acho que esse livro é uma referência não só a mim, mas ao jornalismo como um todo. Acho que quem ler o livro vai ter um panorama interessante de Londrina de 1970 pra cá e também uma outra visão sobre a profissão de jornalista. Considero que esta é uma homenagem a todos os colegas de profissão que ainda continuam na ativa”, conclui. (M.R.)

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. | Foto: Reprodução