A BBB Wanessa Camargo citou a obra de Guy Debord no reality, isso bastou para que a procura pelo livro disparasse. Com a citação, num momento em que se discutia a indústria cultural na Casa, a filha de Zezé Di Carmargo elevou o nível do debate: “Tem um livro, ‘A sociedade do espetáculo’. Lê esse livro para você entender toda a parte política por trás disso, tem um interesse genuíno de gente que tá no comando de não enriquecer a cultura de um povo, e sim de emburrecer”, disse.

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Na sexta-feira (12), a obra alcançou o topo na Amazon quando a busca pelo livro cresceu 4.000 por cento na plataforma. Se a leitura do livro crescer na proporção da busca dá para ter alguma esperança no interesse real das pessoas em se informar. Mas pode ser que tudo não passe de mera curiosidade.

Livro de Guy Debord foi lançado em 1967 na França e foi publicado em 1997 no Brasil
Livro de Guy Debord foi lançado em 1967 na França e foi publicado em 1997 no Brasil | Foto: Divulgação

"A Sociedade do Espetáculo", do filósofo marxista francês, é um clássico desde que foi lançado em 1967, servindo de estímulo para incendiar as manifestações de rua, em Paris, no famoso "Maio de 68". O livro só chegou ao Brasil mais de trinta anos depois, em 1997, pela editora Contraponto. Ele se tornou popular como parte da bibliografia dos cursos de Comunicação Social, justamente por fazer a crítica da representação pela imagem promovida pelos espetáculos.

A obra, essencialmente, é uma crítica ao capitalismo. Debord põe em discussão a opção da sociedade contemporânea em "ter" no lugar de "ser", abrindo caminho para a importância do "parecer", coisa que a promoção de imagens oferece para aqueles que sustentam a mídia a qualquer preço e, muitas vezes, assim também se sustentam.

Isso é justamente o que faz o BBB ao produzir imagens incessantemente para consumo (com câmeras abertas e secretas). Nada muito diferente do que fazem também as redes sociais onde o instantâneo reduz o tempo da reflexão, com as pessoas se autopromovendo a cada passo.

Na época de Debord ainda não existiam os realities, mas o intelectual francês não só fez a crítica do seu tempo como antecipou o futuro.