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Folha 2 5m de leitura

Van Gogh e a ciência: a arte sob novas descobertas

Pesquisadores do Grupo de Física Nuclear Aplicada da UEL publicam artigo sobre as pinturas de Vincent Van Gogh

ATUALIZAÇÃO
07 de abril de 2021

Felipe Soares Luiz/ Estagiário
AUTOR

Os pesquisadores do Grupo de Física Nuclear Aplicada da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Carlos Appoloni e Rafael Molari, publicaram em uma revista internacional de física, a Radiation Physics and Chemistry, um estudo sobre a figura mais influente e importante da história da arte, o holândes Vincent Van Gogh (1853 - 1890). O estudo emcabeçado por Carlos e Rafael trata do estudo por fluorescência de raio X portátil, a PXRF, em quatro obras de Van Gogh, sendo elas “O Escolar” (1888), “Banco de Pedra no Asilo de Saint-Remy” (1889), “Passeio ao Crepúsculo” (1889) e “A Arlesiana” (1890), obras que são destaque na coleção do Museu de Arte de São Paulo (MASP). 

A técnica usada no estudo foi a de XRF, uma análise que consegue determinar a composição química dos materiais usados no período de composição da obra. “A fluorescência de raios X é uma técnica baseada na transição dos elétrons atômicos, sendo uma excelente técnica para investigações de artefatos únicos e preciosos da arte e arqueologia, uma vez que é não-invasiva e não-destrutiva, e, se necessário, como é o caso do nosso trabalho, as medidas podem ser realizadas in situ, por meio do emprego de sistemas portáteis”, apontam Carlos e Rafael.

Esse método usado na pesquisa é uma técnica de alta precisão e exatidão, de preparação simples e facilmente automatizada para uso em ambientes industriais de alta produtividade. Eles ainda apontam a importância da pesquisa para a comunidade interna da UEL, “uma vez que a tese do Rafael faz parte de toda uma linha de treinamento e formação de profissionais da física” empregadas em Arqueometria, principalmente nos projetos de Iniciação Científica, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado da universidade,  realizados pelo Laboratório de Física Nuclear Aplicada (LFNA). Outro ponto de importância é a divulgação dos trabalhos de forma interna na área de Arqueometria e que promovem a colaboração científica do LFNA com outros laboratórios da UEL.

O Escolar, de Vincent Van Gogh (1888):  uma das telas do acervo do Masp que foi analisada pelos pesquisadores do Grupo de Física Nuclear Aplicada da UEL
 

Para a comunidade externa da UEL, eles mostram a importância do estudo para os museus, no quesito conservação e restauração das obras  recebidas e que podem ser expostas para o público. Outro ponto é a questão de segurança dos museus e galerias, em relação às documentações, de empréstimo, acidentes ou roubo. Além de contribuir para os estudos da História da Arte e as técnicas usadas por seus compositores. “Todo esse conjunto de informações que não são possíveis de obter por métodos convencionais, ampliando e aprofundando enormemente estes estudos.”, diz Carlos.

Mas entre tantos pintores, a escolha foi Van Gogh. O estudo das obras do pintor já fazia parte do projeto de doutorado de Rafael, mas além do artista, outras sete pinturas europeias foram estudadas para a publicação do artigo na Radiation Physics and Chemistry. Foi então que houve uma colaboração entre o MASP e o Museu Van Gogh, de Amsterdã, que começou a catalogar as obras do pintor no mundo.  Devido à importância do artista e da importância destas obras de arte, que têm lugar de destaque na pinacoteca do MASP, seria impossível recusar o convite.

Rafael, que atualmente leciona na Rede Estadual, construiu uma carreira de pesquisador. Na graduação, ele participou de iniciação científica durante três anos. O professor Carlos Appoloni, foi quem o orientou no Mestrado e no Doutorado, e já está encaminhado um projeto de Pós-Doutorado, numa parceria entre o LFNA/UEL e a Universidade de São Paulo. Rafael Molari tem, até hoje, cinco artigos publicados e conta que o trabalho com pinturas foi muito além do Doutorado. 

Essa foi mais uma das várias vezes que a ciência, educação e arte foram unidas para um estudo tão importante e de grande relevância social. O próprio Van Gogh dizia que “a arte é para consolar aqueles que são quebrados pela vida. Grandes coisas não se fazem por impulso, mas pela junção de uma série de pequenas coisas.” O GFNA é formado por seis professores doutores, seus respectivos estudantes de Iniciação Científica, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado, e o apoio técnico do LFNA composto por um físico e dois bolsistas.

Mais detalhes sobre o GFNA podem ser obtidos aqui  no site do GNFA da UEL

 e na página do grupo no  Facebook 

Supervisão: Célia Musilli/ Editora

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