Os pesquisadores do Grupo de Física Nuclear Aplicada da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Carlos Appoloni e Rafael Molari, publicaram em uma revista internacional de física, a Radiation Physics and Chemistry, um estudo sobre a figura mais influente e importante da história da arte, o holândes Vincent Van Gogh (1853 - 1890). O estudo emcabeçado por Carlos e Rafael trata do estudo por fluorescência de raio X portátil, a PXRF, em quatro obras de Van Gogh, sendo elas “O Escolar” (1888), “Banco de Pedra no Asilo de Saint-Remy” (1889), “Passeio ao Crepúsculo” (1889) e “A Arlesiana” (1890), obras que são destaque na coleção do Museu de Arte de São Paulo (MASP).

A técnica usada no estudo foi a de XRF, uma análise que consegue determinar a composição química dos materiais usados no período de composição da obra. “A fluorescência de raios X é uma técnica baseada na transição dos elétrons atômicos, sendo uma excelente técnica para investigações de artefatos únicos e preciosos da arte e arqueologia, uma vez que é não-invasiva e não-destrutiva, e, se necessário, como é o caso do nosso trabalho, as medidas podem ser realizadas in situ, por meio do emprego de sistemas portáteis”, apontam Carlos e Rafael.

Esse método usado na pesquisa é uma técnica de alta precisão e exatidão, de preparação simples e facilmente automatizada para uso em ambientes industriais de alta produtividade. Eles ainda apontam a importância da pesquisa para a comunidade interna da UEL, “uma vez que a tese do Rafael faz parte de toda uma linha de treinamento e formação de profissionais da física” empregadas em Arqueometria, principalmente nos projetos de Iniciação Científica, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado da universidade, realizados pelo Laboratório de Física Nuclear Aplicada (LFNA). Outro ponto de importância é a divulgação dos trabalhos de forma interna na área de Arqueometria e que promovem a colaboração científica do LFNA com outros laboratórios da UEL.

O Escolar, de Vincent Van Gogh (1888):  uma das telas do acervo do Masp que foi analisada pelos pesquisadores do Grupo de Física Nuclear Aplicada da UEL
O Escolar, de Vincent Van Gogh (1888): uma das telas do acervo do Masp que foi analisada pelos pesquisadores do Grupo de Física Nuclear Aplicada da UEL | Foto: Diego Padgurschi/ Folhapress 07-12-2015

Para a comunidade externa da UEL, eles mostram a importância do estudo para os museus, no quesito conservação e restauração das obras recebidas e que podem ser expostas para o público. Outro ponto é a questão de segurança dos museus e galerias, em relação às documentações, de empréstimo, acidentes ou roubo. Além de contribuir para os estudos da História da Arte e as técnicas usadas por seus compositores. “Todo esse conjunto de informações que não são possíveis de obter por métodos convencionais, ampliando e aprofundando enormemente estes estudos.”, diz Carlos.

Mas entre tantos pintores, a escolha foi Van Gogh. O estudo das obras do pintor já fazia parte do projeto de doutorado de Rafael, mas além do artista, outras sete pinturas europeias foram estudadas para a publicação do artigo na Radiation Physics and Chemistry. Foi então que houve uma colaboração entre o MASP e o Museu Van Gogh, de Amsterdã, que começou a catalogar as obras do pintor no mundo. Devido à importância do artista e da importância destas obras de arte, que têm lugar de destaque na pinacoteca do MASP, seria impossível recusar o convite.

Rafael, que atualmente leciona na Rede Estadual, construiu uma carreira de pesquisador. Na graduação, ele participou de iniciação científica durante três anos. O professor Carlos Appoloni, foi quem o orientou no Mestrado e no Doutorado, e já está encaminhado um projeto de Pós-Doutorado, numa parceria entre o LFNA/UEL e a Universidade de São Paulo. Rafael Molari tem, até hoje, cinco artigos publicados e conta que o trabalho com pinturas foi muito além do Doutorado.

Essa foi mais uma das várias vezes que a ciência, educação e arte foram unidas para um estudo tão importante e de grande relevância social. O próprio Van Gogh dizia que “a arte é para consolar aqueles que são quebrados pela vida. Grandes coisas não se fazem por impulso, mas pela junção de uma série de pequenas coisas.” O GFNA é formado por seis professores doutores, seus respectivos estudantes de Iniciação Científica, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado, e o apoio técnico do LFNA composto por um físico e dois bolsistas.

Mais detalhes sobre o GFNA podem ser obtidos aqui no site do GNFA da UEL

e na página do grupo noFacebook

Supervisão: Célia Musilli/ Editora

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