Fernando Miragaya
TV Press
Mal voltou à Globo, depois de quase seis anos, e Joana Fomm já teve de pegar no pesado. Literalmente. Nas primeiras cenas de ‘‘Esplendor’’, próxima novela das seis da Globo, gravadas em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, a atriz começou uma ginástica forçada. É que a trama de Ana Maria Moretzsohn, que estréia no próximo dia 31, é ambientada na década de 50. Consequentemente, a cadeira de rodas que Olga, personagem de Joana, utiliza na novela também é dos anos 50 e pesa mais de 20 quilos. ‘‘Estou fazendo musculação para suportar o ritmo de gravações. A cadeira é muito pesada’’, brinca a atriz.
Mas o peso, ou melhor, as dificuldades não ficam só na cadeira de rodas. O figurino da atriz também não é dos mais leves. Isso sem falar no cabelo e na maquiagem, que consomem cerca de uma hora de preparação. ‘‘Um trabalho de época requer cuidados. Temos de retratar bem a década de 50 nos figurinos e nos acessórios, como a cadeira’’, justifica o diretor Maurício Farias, responsável pelas gravações em Petrópolis. ‘‘Fica mais difícil trabalhar, mas estou tranquila’’, garante a atriz.
Coincidentemente, Joana Fomm retorna à emissora para fazer mais uma vilã, tipo que interpretou em várias tramas globais, como Yolanda Pratini de ‘‘Dancin’Days’’, Perpétua de ‘‘Tieta’’, e Salustiana de ‘‘Fera Ferida’’ - seu último trabalho na Globo, em 1994. Isso sem contar a Semírames, que interpretou no ano passado em ‘‘Serras Azuis’’, novela também de Ana Maria Moretzsohn, exibida pela Band. ‘‘Mesmo assim, o público me cobrava nas ruas quando iria voltar a fazer outra malvada. Particularmente, gosto mais das vilãs’’, confessa.
Em ‘‘Esplendor’’, Olga é a típica megera das histórias românticas. É fútil, esnobe, autoritária e vive com ciúmes do marido Hugo Norman, papel provável de Fúlvio Stefanini. Mesmo em uma cadeira de rodas, só usa sapatos altos e faz pose para fumar um cigarro com uma piteira. Além disso, é amargurada por causa do filho morto em um acidente misterioso e nunca revela a razão pela qual ficou paralítica. E nas primeiras gravações da novela, Joana já começou a emprestar trejeitos à personagem e dar o tom vilanesco de Olga. Além da maquiagem bem forte e os cílios postiços, a atriz levanta as sobrancelhas durante os diálogos, como uma forma de dar uma marca à vilã. ‘‘Me inspiro na Norma Desmond, interpretada por Gloria Swanson em ‘Crepúsculo dos Deuses’’’, explica Joana, referindo-se ao filme de Billy Wilder. ‘‘Olga vai ser uma personagem forte e marcante’’, torce.
Joana Fomm também está entusiasmada com ‘‘Esplendor’’. Para ela, o formato curto da já batizada ‘‘novela de verão’’, com 72 capítulos, evita o desgaste de personagens, do autor e do elenco e a paciência dos próprios telespectadores. Além disso, a atriz se empolga com a época retratada na trama e todo o trabalho de resgate histórico, apesar do vestido e da cadeira de rodas. ‘‘É bom fazer personagens de épocas diferentes’’, acredita.
A época, aliás, é uma das maiores preocupações da equipe de produção e direção de ‘‘Esplendor’’. Para não fazer feio frente a ‘‘Força de um Desejo’’, ‘‘Terra Nostra’’ e ‘‘A Muralha’’, que têm especial cuidado com cenário, figurino e locações, a novela não está deixando escapar nem os mínimos detalhes. Além da pesada cadeira de rodas dos anos 50, os profissionais envolvidos estão sempre atentos. Em Petrópolis, por exemplo, nada passava desapercebido: desde a fechadura da porta dos casarões que serviram como locação, até ao tipo de maquiagem e cabelo. ‘‘Há uma preocupação com a fidelidade para com a época’’, ressalta o diretor. ‘‘A novela vai ter um clima de história encantada’’, empolga-se Joana Fomm.Joana Fomm inspira-se na vilã que a atriz Gloria Swanson viveu em ‘‘Crespúsculo dos Deuses’’ para compor personagem de sua próxima novela
ReproduçãoJoana Fomm grava ‘‘Esplendor’’ em Petrópolis: novela de época tem produção bem cuidada