A safra recente de curtas-metragens paranaenses ganhou visibilidade na última edição da Mostra de Cinema de Tiradentes (MG), realizada em janeiro. Seis filmes foram selecionados e um deles, ‘‘Vó Maria’’, venceu o prêmio do Júri da Crítica. Reunidos numa única sessão, os trabalhos serão exibidos na quinta-feira, na Cinemateca de Curitiba, com direito a um debate mediado por um dos curadores do evento, Pedro Maciel Guimarães.
  ‘‘A curadoria não se pauta por critério geógraficos. A ideia é mostrar um panorama da produção brasileira como um todo. Mas o fato de que seis curtas do Paraná entraram na mostra já demonstra que existe no estado uma força de produção que só vem crescendo’’, diz Guimarães, em entrevista por telefone à reportagem da FOLHA.
  Segundo o curador, o evento de Tiradentes ganhou uma ‘‘cara diferente’’ a partir de 2007. De lá para cá, ele conta, a organização passou a ter uma preocupação ainda maior em apresentar filmes de novos cineastas, sempre seguidos de debates entre críticos, professores e outros realizadores.
  Questionado se os curtas paranaenses têm algum traço em comum, Guimarães acredita que não. ‘‘O traço em comum é não ter traço em comum. Mas essa uma característica da produção contemporânea em geral. Cada diretor está experimentando seu caminho, procurando uma linguagem própria’’.
  Para exemplificar essa diversidade, ele compara dois curtas paranaenses que foram apresentados na mostra mineira: o já citado ‘‘Vó Maria’’ e ‘‘Haruo Ohara’’. ‘‘Perto da simplicidade de meios de ‘Vó Maria’, ‘Haruo Ohara’ é quase uma superprodução, com sua fotografia e figurinos bem cuidados’’.
  Dirigido por Tomás von der Osten (aluno da escola CineTVPR, em Curitiba), ‘‘Vó Maria’’ consegue, com uma única imagem, fazer o espectador refletir sobre a memória e a família. Já ‘‘Haruo Ohara’’, do londrinense Rodrigo Grota, venceu cinco prêmios no Festival de Gramado com a história do agricultor e fotógrafo japonês que batiza o filme.
  A sessão de quinta-feira na Cinemateca ainda traz outras quatro curtas. O documentário ‘‘Bolpebra’’ (de Guilherme Marinho, João Castelo Branco e Rafael Urbano) revela uma minúscula - porém extremamente simbólica - cidade de quarenta habitantes situada entre a Bolívia, o Peru e o Brasil. Também ambientado numa fronteira, ‘‘Mesera’’ (Emílio Varela) mostra a relação entre um viajante e a garçonete de um bar de beira de estrada.
  ‘‘Meu Medo’’ (Murilo Hauser) é uma animação premiada no Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro e na Mostra Londrina de Cinema. Por fim, o experimental ‘‘Deus’’ (João Krefer) faz um ótimo uso da trilha sonora para mexer com os sentidos do público. Além de Guimarães e dos realizadores, participam também do debate Fernanda Hallak e Mônica Braga, integrantes da comissão organizadora da Mostra de Tiradentes.