Arquivo FolhaFamília Trapo: humor e saudadeHá exatamente 30 anos, no dia 18 de março de 1967, uma família muito complicada instalava-se num prédio decadente de São Paulo. Dela faziam parte um tio vagabundo e trapalhão que vivia azucrinando a vida do cunhado, um imigrante italiano com sotaque bem carregado, casado com a temperamental Helena. E mais: um mordomo engraçado e uma garota que saía no braço com o irmão metido a sabe-tudo. Essa turma parava boa parte do País nas noites de sábado, na TV Record, e até hoje é lembrada com muita saudade. Era a ‘‘Família Trapo’’ - nome inspirado na famosa família von Trapp do filme ‘‘A Noviça Rebelde’’. Só o nome.
Criada por Jô Soares - que fazia o mordomo Gordon - e Carlos Alberto da Nóbrega, a ‘‘Família Trapo’’ ganhou alguns ‘‘clones’’, depois que saiu do ar - entre eles ‘‘A Grande Família’’. E há algumas semelhanças com os personagens do ‘‘Sai de Baixo’’, exibido atualmente pela Globo. ‘‘Esta família vai mal!’’ - gritava o tio Carlos Bronco Dinossauro (Ronald Golias), sempre brigando com o cunhado Pepino (Otelo Zeloni), que o criticava por ter comprado uma fazenda de 7x4 no Mato Grosso para ‘‘criar vaca em beliche’’ e tentava endireitá-lo com seus conselhos.
Personagens Renata Fronzi era a mulher de Pepino, administradora dos bens familiares e presidente da Sociedade dos Hipocondríacos. Ricardo Corte Real era Sócrates, o filho sabe-tudo de Pepino e Helena, e sofria nas mãos da irmã Verinha (Cidinha Campos). O programa ficou no ar durante cinco anos. Mais tarde, em 1987, voltou em novo formato, na Bandeirantes, sob o título de ‘‘Bronco’’, novamente com Golias.
O personagem principal era síndico de um prédio e vivia arranjando um jeito de desviar a verba do condomínio e descolar algum com as irmãs Helena (que voltou a ser interpretada por Renata Fronzi) e Vesúvia (Nair Bello) - a primeira era presidente da Associação dos Hipocondríacos e Vesúvia ocupava o cargo de gerente de uma fábrica de rolhas. Outros programas do mesmo gênero foram lançados, mas a verdade é que jamais houve uma família como a Trapo. ‘‘Foi um marco na televisão, um imenso sucesso, uma coisa feita com humor e amor’’, lembra Jô Soares.